Coment谩rios sobre: P贸s-mineiridade revisitada: 脡olo Maia //puntoni.28ers.com/2007/11/30/pos-mineiridade-revisitada-eolo-maia/ Wed, 04 Feb 2009 07:40:05 +0000 hourly 1 Coment谩rios sobre: P贸s-mineiridade revisitada: 脡olo Maia //puntoni.28ers.com/2007/11/30/pos-mineiridade-revisitada-eolo-maia/#comment-8 Wed, 11 Apr 2007 02:05:01 +0000 //puntoni.28ers.com/?p=435#comment-8 Impressionísticas impressões

Minha querida colega e amiga Ruth Verde Zein nunca deixa por menos, e por isso há muito é para mim uma musa da crítica de arquitetura.
Em sua mensagem, "Pós-mineiridade revisitada: muito além da citação", não tenho o que discordar de uma série de colocações, nas quais supostamente ela se "defende" de meus comentários. Desnecessária tanto a "defesa" como a afirmação dela, "Mas se alguém se der ao trabalho de tentar entender (e não se limitar a fazer uma leitura impressionista…), acredito que mesmo aquele texto ainda poderá contribuir para a compreensão de várias pautas de interesse acerca da arquitetura brasileira, mineira, daquele preciso momento". Não fosse assim, Ruth Verde Zein (e Mauro Neves Nogueira) não estariam ocupando boa parte de meu ensaio. O que me impressiona é a pouca lembrança dessas opiniões nos estudos sobre os mineiros, e meu propósito foi chamar a atenção da dificuldade e da qualidade das discussões da época, com as quais pode-se compreender a dimensão do papel de Éolo, Veveco & Cia. na arquitetura brasileira dos anos 1980, como tentei ensaiar, tendo como base citações como documentos para análise. Tem razão Ruth Verde Zein quando observa que eu me "refugiava no comentário histórico", como ainda o faço seguindo algo que Marina Waisman sempre recordava, "crítica é sentir a fragrância da história" – máxima proveniente de um pensamento de Manfredo Tafuri.

Em particular, Ruth ficou incomodada com o adjetivo "impressionístico" (que ela leu como "impressionista") que apliquei ao seu texto, no meu trecho: "O impressionístico ensaio de Ruth Verde Zein em ‘Acerca da arquitetura mineira’ resultava da dificuldade de perceber um estatuto evidente na obra dos arquitetos mineiros, para além da falta de definição e clareza de discurso, do ‘deixar acontecer’, do ‘ver o que vai dar’, para além de uma assumida iconoclastia e um não-assumido niilismo frente ao moderno." Tentei chamar a atenção ao desafio de falar sobre o aqui-e-agora sem a evidência clara dos antecedentes, a espessura da História. Aquilo que Ruth, em sua mensagem, contextualiza: "Ademais, naquele momento histórico dado e datado, como sabemos (e muitos esquecem) não era nada fácil sair da mesmice, e menos fácil ainda, publicar todo mês sem escrever abobrinhas. Na época Hugo refugiava-se no comentário histórico; minha ta-refa, mas polêmica e arriscada, era o samba-do-crioulo-doido do contemporâneo."

Desde que comecei a publicar artigos e livros (são 26 anos de estrada), percebo a miríade de recepções que os textos provocam e podem provocar. Mesmo como professor há um quarto de século, ainda hoje sinto a amplitude e diversidade de interpretações que nossas palavras – escritas ou faladas – podem ocasionar. Em fins de outubro passado compartilhei uma discussão pública no seminário sobre Eladio Dieste com o querido, polêmico e saudoso Carlos Fayet. Ao fim das contas, ele me tascou: "os críticos falam difícil, é difícil entender…" Mesmo tomando o maior cuidado no uso das palavras, ainda assim muitas vezes fracassamos na nossa comunicação. Por prática profissional e acadêmica, e convicção intelectual, procuro evitar palavreados e articulações intrincados. Pretendo que meus escritos não necessitem hermenêutica profunda, e as palavras não são emprestadas de tratados filosóficos, mas em sua maioria obedientes às acepções do pai-dos-burros. Devo esclarecer que, ao contrário do que Ruth alega, em meu texto não comparece em lugar algum o termo "impressionista", mas sim apenas uma vez a palavra "impressionístico". Vemos no Houaiss: "Impressionístico: baseado em, marcado por ou envolvendo impressão ao contrário de fatos precisos ou experiência pregressa."

Cordialmente
Hugo Segawa

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Coment谩rios sobre: P贸s-mineiridade revisitada: 脡olo Maia //puntoni.28ers.com/2007/11/30/pos-mineiridade-revisitada-eolo-maia/#comment-7 Tue, 20 Feb 2007 01:56:51 +0000 //puntoni.28ers.com/?p=435#comment-7 Pós-mineiridade revisitada: muito além da citação

Prezados colegas

Já faz algum tempo que acompanho o trabalho de vocês. Aprecio e considero importantíssimo  todo e qualquer esforço de reflexão e debate sobre nossa arquitetura – ademais quando, no caso de vocês, é feito com amor e seriedade. Não parem!

 Li o texto do caro colega Hugo Segawa, “Pós-Mineiridade revisitada: Éolo Maiaâ€?logo que foi publicado. Primeiro resolvi bater um papo internético com Hugo, colega de muitos anos de trabalho ombro a ombro na revista Projeto, e com quem me sinto à vontade para bater boca, discordar e até me zangar â€?na certeza de que, entre irmãos, as discussões são coisas passageiras que não estragam de jeito algum as boas relações, que seguimos mantendo. Passado mais um tempo, percebo que o assunto segue irresoluto, para mim. Então, resolvi escrever a vocês, até para eu me livrar desses pensamentos.

 O fato é que, me incomodou o adjetivo “impressionistaâ€?que Hugo atribui a meu texto sobre a arquitetura mineira, publicado na edição 81 da Projeto: dá a entender que se trataria de uma imagem borrada e fora de foco. A não ser que “impressionismoâ€?queira  indicar algo mais erudito: um esforço de, ao invés de buscar meramente reproduzir real, interpretá-lo criativamente. Mas como Hugo também pensa que minhas considerações seriam “crípticasâ€?e que as novas gerações não as poderiam entender, parece que o adjetivo impressionista foi mesmo usado no sentido vulgar e pejorativo.

 Bom, colega Hugo, não acredito que as novas gerações sejam assim tão tolas; ao contrário: se há quem aborde tudo superficialmente, há também quem queira entender com mais profundidade. Aliás, sempre houve (ambas as coisas). Mas esse não é o ponto. Vamos ao que me incomodou, e que quero comentar com vocês.

Meu texto não é impressionista. Talvez seja diversionista; talvez seja, melhor ainda, complexo e contraditório. Não se trata de uma análise crítica de obras: aspira compreender um panorama, mineiro é claro, mas brasileiro também. Relê-lo depois de 20 anos, sem conhecer nada do que se passava então (não é o caso do Hugo) pode torná-lo datado (como sugere Hugo). Não há como evitar isso. Mas se alguém se der ao trabalho de tentar entender (e não, se limitar a fazer uma leitura impressionista…), acredito que mesmo aquele texto ainda poderá contribuir para a compreensão de várias pautas de interesse acerca da arquitetura brasileira, mineira, daquele preciso momento â€?e acerca do nosso querido saudoso Éolo e demais cavaleiros da távola redonda (do bar). Cabe aos que hoje pesquisarem o assunto, ler, estudar e teorizar, preenchendo os claros. Meu texto então, não era cabal, pois não tinha a pretensão de ditar verdades – mas tinha a ilusão de estar a ajudar a esclarecer alguns caminhos, mesmo que fosse apenas nomeando-os, trazendo o debate à luz â€?talvez, algo mais.

Só para registrar,  também escrevi uma introdução ao segundo livro dos 3Arquitetos (1980-85), a convite de Éolo, Jô e Sylvio. Ali também não comento as obras (Di Filippo havia feito isso recentemente, não quis repetir), mas proponho leituras. Avisei os autores que ia fazer uma introdução complexa, e eles não me acharam impressionista, acharam instigante: pintaram uma página de verde, outra de rosa, para aumentar a dificuldade da leitura (como me comentou Sylvio…). A gente se divertia como podia: quem não quisesse entender, não tinha problema, não…

 Os amigos mineiros tinham coragem, propunham e arriscavam: eu prezei e homenageei isso. E esse meu jeito nesses textos, que Hugo tem a impressão que é vago, de fato era uma recusa a passar sentença, contra ou a favor. Ademais, naquele momento  histórico dado e datado, como sabemos (e muitos esquecem) não era nada fácil sair da mesmice, e menos fácil ainda, publicar todo mês sem escrever abobrinhas. Na época Hugo refugiava-se no comentáro histórico; minha tarefa, mas polêmica e arriscada, era o samba-do-crioulo-doido do contemporâneo. Agora que tudo isso virou história, e pode-se comentar o assunto alinhavando citações, pode parecer que quem vivia a luta era apenas vago. Nem tanto, colega!

Termino com algo que escrevi naquela introdução ao 3 Arquitetos. (1985) Achei que era uma boa citação – e o Hugo nem a aproveitou! Acho que ela resume uma resposta sobre esse meu pretenso impressionismo – com a vantagem que já respondi há vinte anos:

“Entre o empecilho autoritário que se declara ser necessário varrer, talvez o mais urgente, porque menos epidérmico, fosse a reflexão sobre o autoritarismo das respostas automáticas, das soluções prontas, das verdades estabelecidas como absolutas sobre frágeis e questionáveis bases. Talvez se percebesse a necessidade da contraparte como fundamento indissociável da parte, realidades sempre presentes ao trabalhar, ao invés de procurar eliminar a dissonância; admitir como princípio a relatividade, a diferença, a possibilidade, o outro, â€?/p>


O mistério não é, pois, o que precisamos suprimir, mas o que precisamos decifrar. Não pede explicação. Convida à iniciação’ *.

Um abraço

Ruth Verde Zein
 Arquiteta FAU-USP (1977), Mestre (2000) e Doutora (2005) pelo PROPAR-UFRGS, Professora na FAU/Universidade Presbiteriana Mackenzie

*A citação dentro da citação é de Marilena Chauí. Naquele texto também citava Merleau-Ponty, Klaus Horn e Carlos Drummond de Andrade. Não sou contra citações…

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Coment谩rios sobre: P贸s-mineiridade revisitada: 脡olo Maia //puntoni.28ers.com/2007/11/30/pos-mineiridade-revisitada-eolo-maia/#comment-6 Fri, 05 May 2006 01:52:08 +0000 //puntoni.28ers.com/?p=435#comment-6 Tomates com cerveja

ou

3 Arquitetos na FAU UFRGS dos anos 80

Uma vez em Terezina, em junho de 2003, tive a oportunidade de exprimir quanto significou, no contexto brasileiro, a “chacoalhada�que, especialmente os mineiros, deram na arquitetura, nos anos 80. Essa “sacudida�foi tão importante que atingiu em cheio, na época, também a novíssima geração dos gaúchos da qual eu, felizmente, fiz parte.

Participávamos de importante encontro com palestrantes nacionais e internacionais. Sylvio Podestá era chamado carinhosamente de “embaixador�do evento, denominado FECON. Irreverente e debochado, me tratava por “madame�em referência, penso eu, à mordomia de estar simplesmente no papel de acompanhante do Sergio Marques, que havia sido convidado pelos organizadores do evento para proferir uma palestra. Estava tudo muitíssimo bem; confortavelmente, eu escolhia as apresentações que queria assistir e não tinha compromisso algum, até que, entre um gole e outro de cerveja, sempre estranhamente acompanhados de tomates, o Sylvio começou a dar umas “letrinhas��vou “sacanear� dizia ele �te botar na roda. Levei na brincadeira, não percebendo o jeito, no íntimo, sério do Sylvio ser.

Depois de cinco dias pensando que tinha escapado da maldição, ele realmente “me aprontou�

Debate final, auditório lotado �Sylvio Podestá x Ciro Pirondi �os dois às turras, e o Sylvio, sem mais delongas, me convoca para ser a mediadora do debate. Fiquei chateada pela falta de tato daquele mineiro e fui para a mesa, resolvida a contar tudo: tudo que tinha vivido naqueles maravilhosos anos 80. Com isso fiz, conscientemente, meu amigo chorar, e chorei junto, ao lembrar do importante papel que eles, principalmente Éolo Maia, Sylvio Podestá e Maria Josefina representaram para toda uma geração de arquitetos. Irresponsavelmente corajosos, viraram a mesa na década de 80, insuflados pelos ventos pós-modernos que vinham devagarinho, de além mar, principalmente trazidos para as Universidades por seus jovens professores que de lá voltavam pós-graduados.

Como estudante da FAU UFRGS, tive oportunidade de acompanhar todo o processo de mudança, justamente porque fazia parte daquele meio aberto para reflexão.

Disputávamos o livro â€? Arquitetos 1980-1985â€? organizado pelo trio, pois havia apenas um exemplar na biblioteca. Líamos com veneração os depoimentos de Éolo e Sylvio, que criavam o próprio espaço para divulgar seu trabalho, uns “marqueteiros escrachadosâ€? editando suas próprias publicações ou, merecidamente, com espaço garantido na revista “Projetoâ€? de cuja equipe participavam Hugo Segawa, Denise Yamashiro, Ruth Zein ….

Nossos heróis realizavam muitas obras, desenhavam muito, faziam muitas maquetes, escreviam, bebiam, contavam afrontosamente que haviam levado anos para se formarem. Eram marginais da arquitetura, que nós amávamos sem restrição.

As obras que despertavam nosso interesse tinham um jeito local de se apresentarem. Eu me refiro principalmente àquelas feitas de blocos cerâmicos, escolas nos confins mineiros. O jeito como se expressavam graficamente era demais. Imitávamos (chupávamos) sem dó nem piedade: desenhos à maneira de Aldo Rossi, suaves e fortes ao mesmo tempo �traço fino misturado ao traço expressivo e tudo, evidentemente pintado com lápis de cor. O auge era uma axonométrica explodida. A condição primeira era desenhar muito, tudo à mão �nem imaginávamos que um dia usaríamos o computador, nada de economia de meios �mais, mais e mais eram as palavras de ordem.

Deu no que deu. Uma saudade infinda de Éolo. Restaram, além dos excessos de toda a ordem, boas e emblemáticas obras, uma reflexão necessária, que corrigiu os disparates modernistas de outra ordem.

E o Ciro Pirondi? Bem, o Ciro gentilmente me chamava de Aninha, acho que não pôde perceber o que nos comovia: Sylvio e eu, unidos naquele momento por um passado, infelizmente nem tão recente. Chegou a exprimir a inutilidade daquelas idéias, daqueles tempos. Não entendeu quem não viveu.

Hoje, respiramos, mesmo sem querer, aqueles ventos insuflados pelos nossos heróis mineiros. O Ciro Pirondi, um pouquinho antes, tinha exibido imagens para o atento público de projeto recente de intervenção no edifício Copam de Niemeyer, visivelmente tinha um quê de anos 80, se considerarmos mais a reflexão a respeito do lugar que a forma.

Em síntese, hoje incorporamos sem dúvida uma ojeriza aos excessos de toda a ordem, um, no mínimo, auscultar atento em relação ao lugar e uma simpatia imensa pelos mineiros, estudantes eternos, até hoje venerados pelo jeito leve de ser.

A gurizadinha gaúcha, hoje nas escolas de arquitetura, seguidamente chama o Sylvio para participar de seus encontros.

Que vivam eternamente os mineiros!

Anna Paula Canez
 Arquiteta e Professora . Faculdade de Arquitetura e Urbanismo �UniRitter .Porto Alegre / RS

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