Arquitetetura Contempor芒nea – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //puntoni.28ers.com Mon, 29 Apr 2024 14:19:21 +0000 pt-BR hourly 1 //i0.wp.com/puntoni.28ers.com/wp-content/uploads/2023/09/cropped-logo_.png?fit=32%2C32&ssl=1 Arquitetetura Contempor芒nea – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //puntoni.28ers.com 32 32 5128755 Arquitetetura Contempor芒nea – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //puntoni.28ers.com/2023/11/26/sede-da-fecomercio-sesc-e-senac-rs/ //puntoni.28ers.com/2023/11/26/sede-da-fecomercio-sesc-e-senac-rs/#respond Sun, 26 Nov 2023 20:11:32 +0000 //puntoni.28ers.com/?p=13906 Continue lendo ]]> Por Estudio 41
7 minutos

Sede da Fecomércio, Sesc e Senac RS (texto fornecido pelos autores)

O projeto foi vencedor do Concurso Público Nacional para a Nova Sede da Fecomércio,
Sesc e Senac do Rio Grande do Sul, organizado pelo IAB-RS em 2011.

Memorial

O homem transforma o meio ambiente, interfere na natureza de modo a produzir espaços que abriguem suas atividades cotidianas. Nesse processo, provoca mudanças, constrói objetos, pensa em artifícios inseridos no ambiente natural. A presente intervenção sugere uma reflexão sobre a relação entre natureza e artifício. Propõe assim, edifícios que sejam ao mesmo tempo: artefato e paisagem, cobertura e relevo, abrigo e área aberta.

Fotografias: Eron Costin

Natureza e artifício

O projeto da nova sede administrativa da Fecomércio, Sesc e Senac do Rio Grande do Sul se insere em um terreno de 15ha ao norte de Porto Alegre. Trata-se de uma região limítrofe da malha urbana, onde o município de Porto Alegre encontra com sua região metropolitana.

Fotografias: Eron Costin / Isométrica geral

Partindo dessa realidade, o presente projeto coloca-se como um modo de interpretar essa relação entre o meio ambiente e a cidade, entre natureza e artifício. De fato, uma intervenção do porte do Sistema Fecomércio tem o poder de renovar, induzir e qualificar seu entorno imediato. Entendendo a força dessa ideia, propõe-se que boa parte dos espaços projetados possa ser utilizada, além dos usuários e colaboradores, pela comunidade local.

Fotografias: Eron Costin

Tornou-se necessário então agir em duas frentes:

– Interpretando o programa de necessidades como a possibilidade de invenção de um lugar ?a Fecomércio ?com forte identidade para a cidade e a comunidade local, fortalecendo assim a ideia da instituição como espaço de congregação, convívio e socialização de seus usuários e colaboradores, independentemente de quantos edifícios ou nomes de instituições estão a ele conectados;

Fotografias: Leonardo Finotti

– Propondo que os espaços de permanência de usuários, colaboradores e comunidade local estejam protegidos em uma cota mais elevada, preservando a ideia de segurança institucional mesmo habitando um terreno com fragilidades ambientais.

Fotografias: Eron Costin

Cortes A, B e C

Sugeriu-se então a criação de um edifício garagem horizontalizado, na cota +3,00m, conformado como um “podium? sobre o qual se apoiam os edifícios principais. Esse embasamento, além de abrigar os veículos, comporta também as áreas técnicas e de serviços do complexo, permitindo que os usos de longa permanência desfrutem de visuais generosas da paisagem da região e dos espaços abertos propostos.

Fotografia: Leonardo Finotti

Planta nível +3,00

A cobertura dessa construção recebe tratamento paisagístico, prolongando-se até o parque proposto na porção Leste do terreno. Trata-se da invenção de uma nova topografia ?um relevo artificial.

Fotografias: Eron Costin

O Centro de Convivência proposto, na cota +8,00m, age como elemento conector do conjunto edificado. Possuindo a característica de espaço público aberto, esse grande eixo funciona como antessala dos saguões de cada edifício: do Edifício Administrativo já edificado; e do Centro Educacional e do Centro de Eventos que serão futuramente construídos. Na porção Norte, o balanço de sua estrutura marca o acesso principal.

Planta nível +8,00

A torre administrativa é onde as atividades de trabalho se desenvolvem em pavimentos de planta aberta. Possui uma grande escada, junto à fachada sul, que proporciona visuais interessantes a cada pavimento que acessa, além de priorizar a circulação peatonal vertical através do edifício.

Plantas níveis +12,55 e +39,85, respectivamente

Fotografias: Leonardo Finotti


Sobre o projeto: Entrevista exclusiva para MDC.

por Eron Costin (E.C.)

MDC – Como vocês contextualizam essa obra no conjunto de toda a sua produção?

E.C. – Trata-se de um projeto de extrema importância para nosso escritório. Foi através da vitória neste concurso público de arquitetura que o Estúdio 41 se consolidou e é um projeto que trouxe muita visibilidade para nossa produção.

MDC – Como foi o mecanismo de contratação do projeto?

E.C. – Foi através de um concurso público nacional de arquitetura, com a participação de 33 projetos.

MDC – Como foi a fase de concepção do projeto? Houve grandes inflexões conceituais? Vocês destacariam algum momento significativo do processo?

E.C. – Após sermos contratados os relatórios de impacto ambiental indicaram que parte do terreno não poderia ser usada, e seria justamente a parte onde se encontrava a primeira fase do projeto. Desta forma precisamos rever todo o plano diretor e espelhar o projeto. Contudo o conceito macro do partido permaneceu mesmo após esta mudança drástica.

MDC – Nas etapas de desenvolvimento executivo e elaboração de projetos de engenharia houve participação ativa dos autores? Houve variações de projeto decorrentes da interlocução com esses outros atores que modificaram as soluções originais? Se sim, podem comentar as mais importantes?

E.C. – Sim, participamos de todo o processo de projeto e compatibilização com os complementares. A principal alteração projetual foi no sistema estrutural, que era inteiramente em estrutura metálica e por conta dos custos houve alteração para estrutura pré-moldada em concreto. Contudo não houve alterações substanciais no aspecto geral do projeto.

MDC – Os autores dos projetos tiveram participação no processo de construção/implementação da obra?Se sim, quais os momentos decisivos dessa participação?

E.C. – Sim, participamos também no processo de acompanhamento da obra que durou três anos. Tivemos a sorte de sermos consultados constantemente e pudemos colaborar para solucionar os inúmeros problemas de obra inerentes a um projeto desta magnitude, uma vez que trata-se de 36 mil metros quadrados de projeto.

MDC – Vocês destacariam algum fato relevante da vida do edifício/espaço livre após a sua construção?

E.C. – Pelo seu porte e localização é um projeto que acabou ficando muito conhecido e constantemente pessoas comentam que passaram em frente ou foram visitar, frequentemente impactados pela escala com comentários de que não imaginavam que era um edifício tão grande.

MDC – Se esse mesmo problema de projeto chegasse hoje a suas mãos, fariam algo diferente?

E.C.– Passados doze anos da concepção do projeto com certeza faríamos coisas diferentes, pois evoluímos enquanto pessoas e arquitetos, embora a solução macro ainda nos pareça acertada e os relatos da pós ocupação, pelos funcionários e visitantes, têm sido muito positivos.

MDC – Como vocês contextualizam essa obra no panorama da arquitetura contemporânea do seu país?

E.C. – Os materiais são utilizados de forma muito honesta e o sistema estrutural é exposto de forma a enaltecer sua função. Assim, trata-se de um edifício de arquitetura contemporânea, que reflete as técnicas construtivas de sua época e não está atrelada a nenhuma pré-determinação estilística.

MDC – Há algo relativo ao projeto e ao processo que gostariam de acrescentar e que não foi contemplado pelas perguntas anteriores?

E.C. – Acho interessante ressaltar que o edifício possui certificação ambiental Aqua, que contemplou desde a etapa de projeto até o monitoramento pós ocupação. Uma usina solar foi implantada e é capaz de suprir em torno de 30% da demanda por energia elétrica do complexo. A pré-fabricação e industrialização possibilitaram uma obra muito limpa e rápida, e tudo isso depende de um projeto muito mais detalhado e planejado do que os processos tradicionais de construção de nosso país. Ao final de tudo, ficamos muito contentes com o resultado final deste projeto e obra.


projeto executivo e documentos escritos


PARTE 1:
PROJETO ARQUITETÔNICO, PISO, FORRO E COBERTURA

97 pranchas (pdf).
76,29mb


PARTE 2:
DETALHES FACHADAS, DIVISÓRIAS, ESQUADRIAS E G.C.

44 pranchas (pdf).
37,53mb


PARTE 3:
DETALHES COPA, COZINHA, DML E I.S.

36 pranchas (pdf).
6,74mb


PARTE 4:
DETALHE AUDITÓRIO, CIRCULAÇÃO VERTICAL,
GUARITA MEDIÇÃO E HELIPONTO

37 pranchas (pdf).
41,36mb


PARTE 5:
MOBILIÁRIO FIXO E SINALIZAÇÃO

97 pranchas (pdf).
59,37mb


PARTE 6:
DETALHES CONSTRUTIVOS, EXECUTIVOS
ESPECÍFICOS E GENÉRICOS

15 pranchas (pdf).
12,95mb


PARTE 7:
PLANO DIRETOR E ARRAZOADO

61 formatos (pdf).
6,07mb


PARTE 8:
MEMORIAL DESCRITIVO

163 formatos (pdf).
0,47mb


PARTE 9:
ORÇAMENTOS DE CUSTOS

61 formatos (pdf).
1,96mb


localização e ficha técnica do projeto

Local: Porto Alegre, RS
Ano de projeto: 2013
Período de obra: 2017 a 2020
Arquitetura: Dario Corrêa Durce, Emerson Vidigal, Eron Costin, Fabio Henrique Faria, João Gabriel Rosa, Martin Kaufer Goic
Colaboradores: Moacir Zancopé Jr., Fernando Moleta, Alexandre Kenji, Rafael Fischer


Construtora: Construtora JL
Estrutura:
Vanguarda
Climatização:
Sistema Engenharia
Instalações Elétricas e Hidrossanitárias:
Eduardo Ribeiro
Cozinha Industrial: Nucleora
Paisagismo: Meta Arquitetura
Consultores de Acústica: Animacustica


Fotos:  Eron Costin e Leonardo Finotti
Contato: estudio@estudio41.com.br


galeria


colaboração editorial

Renan Maia

deseja citar esse post?

DURCE, Dario Corrêa. VIDIGAL, Emerson. COSTIN, Eron. FARIA, Fabio Henrique. ROSA, João Gabriel. GOIC, Martin Kaufer. “Sede da Fecomércio, Sesc e Senac RS”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n., out-2023. Disponível em //www.puntoni.28ers.com/2023/11/26/sede-da-fecomercio-sesc-e-senac-rs. Acesso em: [incluir data do acesso].


]]>
//puntoni.28ers.com/2023/11/26/sede-da-fecomercio-sesc-e-senac-rs/feed/ 0 13906
Arquitetetura Contempor芒nea – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //puntoni.28ers.com/2023/10/06/ceu-parque-do-carmo/ //puntoni.28ers.com/2023/10/06/ceu-parque-do-carmo/#respond Sat, 07 Oct 2023 02:09:12 +0000 //puntoni.28ers.com/?p=13419 Continue lendo ]]> SIAA ARQUITETOS + HASAA
9 minutos

CEU Parque do Carmo (texto fornecido pelos autores)

A construção de uma instituição educacional pública beneficia a comunidade que a rodeia, enquanto prestação de um serviço público fundamental, mas não necessariamente qualifica a urbanidade do lugar.

Fotografia: Carolina Klocker (aéreas) e Pregnolato & Kusuki

Não raramente projetos do gênero buscam uma segregação entre o espaço interior e a cidade ao redor, justificada pela intenção de proteger os estudantes dos estímulos da vida mundana, propiciando-lhes a concentração para os estudos. O programa municipal Território CEU parte de uma concepção oposta. O Centro de Educação Unificado integra-se a outros equipamentos públicos do bairro por meio do programa e da qualificação das ruas, calçadas e ciclovias que os conectam. No âmbito do lote, em especial no CEU Parque do Carmo, o projeto das edificações coexiste com o projeto de espaço público, mediados pelo desenho de implantação na quadra.

Fotografias: Carolina Klocker

Esta instituição é um sistema de agrupamentos funcionais. O primeiro é o educacional, composto pela creche e escola para a primeira infância. Em seguida há o núcleo cultural, com biblioteca, cineteatro para 250 pessoas, salas de artes, de música, de gravação e oficina digital. O conjunto esportivo é constituído por piscina semiolímpica coberta, quadra poliesportiva e sala de atividades. Por fim, o grupamento de múltiplo uso conjuga atividades de contraturno, da Universidade Aberta do Brasil (UAB), do Pronatec, do CRAS, do conselho gestor, entre outras.

Diagrama Axonométrico

Estes quatro agrupamentos funcionais materializam-se em três blocos distintos porém adjacentes. A implantação deles segue uma mesma direção, mas com deslocamentos a partir do eixo longitudinal (norte-sul) do lote, criando praças públicas que se relacionam com elementos do entorno imediato.

Plantas 1º, 2º e 3º pavimento, respectivamente

O futuro CEU é vizinho ao Parque do Carmo, na zona leste de São Paulo. A vegetação desta grande área verde ganha certa contiguidade com a praça de atividades delimitada pelo bloco educacional e de múltiplo uso e a fachada oeste da lâmina cultural. Com acesso pela outra rua que delimita o lote, temos a praça da cultura que reunirá alunos da escola existente em frente a ela, além dos frequentadores do CEU, assim tornando-se palco das atividades dos grupos sociais da região.

Esquemas de Uso – Evolução de Estudo

Temos também a praça de acesso aos alunos, ligada a uma área ao ar livre com piscina, rebaixada em relação ao passeio público. No extremo norte do terreno, um campo de futebol encaixa-se na topografia para formar certas arquibancadas, fazendo a amarração final do CEU com o tecido urbano e a comunidade local. Portanto, o deslocamento dos blocos permite a diversidade de espaços públicos, muito em virtude do cuidadoso ajuste de escalas de cada praça criada, tão necessárias em uma área paulistana carente de urbanidade.

Esquemas de Uso – Circulação e Setorização


Sobre o projeto: Entrevista exclusiva para MDC.

por SIAA / HASAA (S.H.)

MDC – Como você contextualiza essa obra no conjunto de toda a sua produção?

S.H. – Os dois escritórios se dedicam a obras públicas, com especial ênfase nos projetos educacionais da FDE ?Fundação para o Desenvolvimento da Educação ?no Estado de São Paulo, instituição muito atuante nas duas primeiras décadas dos anos 2000. Paralelamente, neste mesmo período, se consolidaram no município de São Paulo os projetos dos Centros Educacionais Unificados ?CEU, equipamentos de maior escala e com diversidade de usos implantados em bairros periféricos de nossa cidade e que, mesmo com as mudanças políticas decorrentes da orientação de cada prefeitura, acabaram acontecendo em diferentes momentos. O CEU Parque do Carmo se insere na terceira geração deste programa, denominado Território CEU, fruto do trabalho da SP Urbanismo na gestão do prefeito Fernando Haddad a partir de 2013. Neste novo programa, optou-se por definir blocos funcionais de menor escala de modo a permitir maior flexibilidade na implantação nos terrenos de menores dimensões (em comparação às propostas da primeira geração de CEU’s). O projeto executivo dos blocos funcionais ?base para a realização de todas as implantações realizadas posteriormente ?ficou sob a responsabilidade do escritório de Helena Ayoub Silva.

MDC – Como foi o mecanismo de contratação do projeto?

S.H. – Tanto o projeto executivo dos blocos funcionais quanto o projeto de implantação do CEU Parque do Carmo foram frutos de Licitação Pública com critérios que envolviam técnica, habilitação e preço.

MDC – Como foi a fase de concepção do projeto? Houve grandes inflexões conceituais? Você destacaria algum momento significativo do processo?

S.H. – Para a etapa licitatória apresentamos um estudo demonstrando conhecimento sobre o tema e sobre o programa ligado à educação, cultura e esportes, junto de uma proposta arquitetônica que considerava um pavilhão linear sugerido pela geometria longitudinal do lote, em contraponto ao bloco transversal do teatro, não diferente das propostas encontradas em algumas unidades dos CEU’s da primeira geração. O olhar mais atento às condições do local após o processo licitatório nos permitiu apresentar novas propostas considerando a escola vizinha, os espaços verdes de diferentes escalas, além das pequenas vielas ?atalhos urbanos entre esta área central do bairro e o bairro como um todo. Neste momento, diferentes propostas foram debatidas com a equipe da SP Urbanismo, buscando conciliar o projeto do equipamento com a proposta mais ampla do programa Território CEU.

MDC – Nas etapas de desenvolvimento executivo e elaboração de projetos de engenharia houve participação ativa dos autores? Houve variações de projeto decorrentes da interlocução com esses outros atores que modificaram as soluções originais? Se sim, pode comentar as mais importantes?

S.H. – Sim, especial atenção foi dada à estrutura de conexão entre os blocos educacional e esportivo, uma vez que as inflexões foram desenhadas em função da viela existente no Parque do Carmo e, portanto, não poderiam fazer parte do projeto executivo dos blocos funcionais.

MDC – Os autores dos projetos tiveram participação no processo de construção/implementação da obra?

S.H. – Sim, por meio de visitas técnicas. O projeto foi executado de acordo com o projeto, exceção feita à execução de gradis de fechamento em locais diferentes dos previstos originalmente. Tentamos, sem sucesso, reverter ou minimizar a presença destes elementos.

MDC – Você destacaria algum fato relevante da vida do edifício/espaço livre após a sua construção?

S.H. – A obra ficou paralisada após o término da gestão Haddad, depois enfrentamos o período de pandemia que também impactou no andamento da obra. Após o término das obras, o edifício permaneceu fechado por um certo período, sendo inaugurado após da desaceleração dos impactos da Covid-19.

MDC – Se esse mesmo problema de projeto chegasse hoje a suas mãos, faria algo diferente?

S.H. – O resultado de um projeto se relaciona ao momento específico, à difícil ?mas necessária – interação entre todos os agentes envolvidos e, num panorama mais amplo, às condições econômicas, sociais e políticas de nosso país. O Brasil de 2023 é bem diferente de 2013, dez difíceis anos que certamente modificariam as propostas para este projeto, caso fosse realizado hoje.

MDC – Como você contextualiza essa obra no panorama da arquitetura contemporânea do seu país?

S.H. – O interessante deste projeto é seu caráter sistêmico, relacionado a um programa mais amplo que, por seus benefícios à população, se tornou uma proposta já incorporada na agenda política e nas promessas de campanha. Trata-se de um conjunto de obras de grande escala, com diversidade funcional, implantadas em bairros carentes de educação, esporte e cultura em nossa cidade que, a despeito de simplicidade de uma arquitetura do cotidiano ?do ordinário ? se consolidam como equipamentos de excelência, e ainda, como oportunidades para se amplificar seu alcance ao seu entorno imediato, como espaço público ‘ampliado?em sua relação com o território.

MDC – Há algo relativo ao projeto e ao processo que gostaria de acrescentar e que não foi contemplado pelas perguntas anteriores?

S.H. – A proposta finalmente desenvolvida se diferencia do estudo inicial, sobretudo, na relação entre espaços ‘cheios?e ‘vazios? já que se privilegia um olhar atento à escala do espaço público em confronto com a morfologia urbana local, bem como às características paisagísticas do projeto em sua relação com as atividades programáticas dos edifícios. Tal especificidade, em tese, foi a justificativa para se criar travessias públicas através da arquitetura, sem interferências às atividades desenvolvidas dentro dos blocos funcionais e seus pátios externos de usos restritos, como o pátio rebaixado das piscinas ou do recinto destinado ao ensino infantil, infelizmente não executadas durante o longo processo de obras, mas claramente sinalizadas ?através da arquitetura ?das intenções originais deste projeto como espaço público.


projeto executivo


PARTE 1:
ARQUITETURA

16 pranchas (pdf).
23,02mb


PARTE 2:
PAISAGISMO

2 pranchas (pdf).
4,14mb


PARTE 3:
URBANISMO

2 pranchas (pdf).
3,93mb


localização e ficha técnica do projeto

Local: São Paulo, SP
Ano de projeto: 2014
Conclusão da obra: 2020
Área do terreno: 8.726 m²
Área Construída: 12.662,59 m²
Projeto Executivo – Arquitetura: (HASAA & SIAA)  Helena Aparecida Ayoub Silva, Cesar Shundi Iwamizu, Eduardo Gurian, Alexandre Gaiser Fernandes, Alexis Arbelo, Andrei Barbosa, Artur Mei, Gustavo Madalosso Kerr, Henrique Costa, Julia Caio Siqueira, Luísa Amoroso Guardado, Leonardo Nakaoka, Marcelo Arend Madalozzo, Rafael Carvalho, Rafael Goffinet, Thomas de Almeida Ho; (Estudantes) André Ariza, André Vitiello, Gustavo Cavalcanti (maquete física), Flávia Falcetta, Luca Caiaffa (maquete física), Valéria Waligora, Stephanie Luna.
Projeto Executivo – Sistema Padronizado: (HASAA) Helena Aparecida Ayoub Silva, Alexandre Gaiser Fernandes, Alexis Arbelo, Gustavo Madalosso Kerr, Henrique Costa, Julia Caio Siqueira, Marcelo Arend Madalozzo, Thomas de Almeida Ho.
Estudo Preliminar e Anteprojeto – Sistema Padronizado: (Arquitetos Prefeitura) Eduardo Dalcanale Martini, Hannah Arcuschin Machado, Igor Cortinove, Leon Yajima, José Oswaldo Vilela, Rafael Polastrini Murolo, Ricardo Aguillar da Silva, Wanderley Ariza; (Estudantes) Johana Miklos, Julia Machado, Julia Reis, Julia Tranchesi, Priscila Gyenge, Tomás Amaral, Eugênio Vojkovic.

Estrutura: GEPRO Engenharia
Instalações Elétricas e Hidráulicas:
SANDRETEC S. C. Engenharia
Paisagismo:
SOMA Arquitetos
Apoio ao Gerenciamento:
JHE Engenharia
Orçamento: Félix Bezerra
Climatização: Hty

Fotos: Pregnolato & Kusuki
Imagens Aéreas: Carolina Klocker @gaivota.registros
Contato: siaa@siaa.arq.br


galeria


colaboração editorial

Renan Maia

deseja citar esse post?

IWAMIZU, Cesar Shundi. AYOUB, Helena. GURIAN, Eduardo Pereira. KERR, Gustavo Madalosso. NAKANDAKARI, Leonardo Nakaoka. “CEU Parque do Carmo”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n., out-2023. Disponível em //www.puntoni.28ers.com/2023/10/06/ceu-parque-do-carmo/ . Acesso em: [incluir data do acesso].


]]>
//puntoni.28ers.com/2023/10/06/ceu-parque-do-carmo/feed/ 0 13419
Arquitetetura Contempor芒nea – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //puntoni.28ers.com/2023/07/11/paroquia-sagrada-familia/ //puntoni.28ers.com/2023/07/11/paroquia-sagrada-familia/#respond Tue, 11 Jul 2023 18:21:06 +0000 //puntoni.28ers.com/?p=11156 Continue lendo ]]> Por arqbr + Luciana Saboia
9 minutos

Paróquia Sagrada Família (texto fornecido pelos autores)

?em>Encontrei-me no altiplano, aquele horizonte sem limite, excessivamente amplo. É fora de escala ?como um oceano com imensas nuvens movendo-se sobre ele. Colocando a cidade no meio, nós poderíamos estar criando uma paisagem.”? As palavras de Lucio Costa sobre as percepções e sensações iniciais ao deparar-se com o sítio escolhido para a edificação da Nova Capital do Brasil, Brasília, evoca um dos signos constituintes da concepção urbanística, bem como da representação de suas paisagens: a presença do horizonte. Para além do sentido de organização e orientação, o horizonte expressa a visão do todo e, primordialmente, o vínculo entre o observador e o ambiente, condição necessária ao aparecimento da paisagem.

Fotografia: Joana França

Do gesto projetual à inscrição no território, as quatros escalas – monumental, gregária, residencial e bucólica – assinalam a sensibilidade contemplativa dada à paisagem, a consideração às ambiências urbanas, assim como as distintas formas de tratá-las. Mas será precisamente a escala bucólica, que definirá o caráter de Brasília enquanto cidade-parque, ao evidenciar a proximidade com a natureza intocada e um continuum estético entre espaços habitados, espaços livres, grandes extensões do cerrado, parques, cinturões verdes esparramados ao longo de eixos viários e o horizonte sempre desimpedido.

No processo de expansão urbana iniciado antes mesmo de sua inauguração segundo o modelo de cidades-satélites, o sentido de continuidade e visibilidade do conjunto urbano será dado pelas estradas parques, inspiradas nas parkways de Olmsted e Vaux e projetadas como instrumentos de planejamento regional. Às margens da EPIA, Estrada parque Indústria e Abastecimento, uma das principais componentes do sistema viário radioconcêntrico implantado para resguardar o Plano Piloto idealizado por Lucio Costa, encontra-se o sítio destinado à Paróquia Sagrada Família.

Fotografia: Joana França

Caracterizada por uma exuberante alameda de eucaliptos que emoldurava a entrada da cidade, a EPIA, federalizada em 2004, foi transformada recentemente em via expressa, tendo seu leito principal ampliado e o tráfego de passagem segregado do tráfego local. Com a poda de quase a totalidade das árvores para abrigar vias marginais, o entorno esmaeceu de seu caráter bucólico distintivo, reforçado pelo parcelamento do solo, crescimento extensivo de moradias de alto padrão e grandes empreendimentos comerciais, criando rupturas no tecido urbano e conformando uma paisagem genérica em mutação constante. Assim, a função urbana da estrada, a atenção às qualidades cênicas e a experiência sensível do percurso dão lugar a velocidade, a eficiência e a fluidez sob uma lógica rodoviarista.

Implantação

O partido adotado desdobra-se segundo a relação entre espiritualidade, natureza e comunidade. A espiritualidade comunica-se na religião católica através de seus ritos, celebrações e signos sagrados. O sentido de sagrado permanece e renova-se no contato sensível da natureza, que evoca a presença divina e a integração com o cosmos. Por sua vez, a arquitetura tem sido o espaço privilegiado de manifestação do sagrado por aquele que a ocupa, onde a luz penetra com delicadeza ou o silêncio da pedra manifesta-se no murmúrio das preces. A nave circular traz como conceito esse gesto de acolhimento quando aproxima o altar dos fiéis.

Fotografia: Joana França

A luz natural penetra pelo anel circular da cobertura, transformando a espacialidade interna da nave, disposta meio nível abaixo da cota natural do terreno, o que permite o transbordamento da paisagem através de uma pequena abertura rente a rés-do-chão à medida que preserva a intimidade do espaço interno. Tal visada só é possível pela elevação do volume circular de concreto aparente, suspenso por seis pilares integrantes da estrutura de fundação encaixada na topografia. Ao revelar a presença do horizonte, a arquitetura torna-se elemento constitutivo da paisagem, uma abertura para a dimensão poética do mundo, entrelaçando a realidade material ao olhar de seu espectador.

Corte e detalhe ampliado

Fotografia: Joana França

O traçado gerador do projeto é determinado por dois eixos principais. O eixo noroeste-sudeste interliga a nave circular, o anexo e a edificação existente ao fundo, onde localizam-se as atividades paroquianas. Ao longo de sua extensão, configura-se uma praça linear, um espaço de estar voltado para a cidade, que atua como suporte ao percurso errático daqueles imersos no ato ritualístico ou mesmo ao viajante da estrada, na busca pela suspensão do cotidiano ou de um refúgio dos tormentos do próprio existir. Perpendicularmente, o eixo nordeste-sudoeste preserva a visão contemplativa: o cruzamento da linha do horizonte com o volume vertical do campanário sinaliza e orienta o visitante ou àqueles que à distância passam em grande velocidade na via expressa.

Plantas térreo e subsolo

Pode-se afirmar que o partido arquitetônico sintetiza três premissas fundamentais presentes em Brasília: a implantação edilícia inscrita delicadamente na topografia e sua abertura ao horizonte; a indissociabilidade entre o urbano e sua arquitetura, entre o espaço público e o privado e, por conseguinte, entre a comunidade e o sagrado; e terceiro, a consideração da paisagem enquanto elemento estruturante e fundamental da configuração arquitetônica, reconhecido no tombamento da cidade como patrimônio mundial da humanidade pela UNESCO.

1 –  COSTA apud SHOUMATOFF. Profiles [Brasília]. The New Yorker. New York, nov. 1980, p. 94.


Sobre o projeto: Entrevista exclusiva para MDC.

por Eder Alencar (E.A.)

MDC – Como você contextualiza essa obra no conjunto de toda a sua produção?

E.A. – É uma obra de importância significativa, pois marca o início do ARQBR e possui, em sua concepção, os princípios que nortearam toda a produção posterior do escritório, tais como a definição de eixos que regulam a ocupação do lugar, a relação com a topografia a partir do desenho do chão e o diálogo com a paisagem, tornando-a parte integrante do partido arquitetônico.

MDC – Como foi o mecanismo de contratação do projeto?

E.A. – Foi uma concorrência fechada, com uma comissão julgadora formada por membros da comunidade, pessoas de diversas áreas profissionais. O projeto vencedor foi escolhido com base em parâmetros estabelecidos pela própria comissão. Cada membro dessa comissão, individualmente, atribuiu suas notas a cada parâmetro e o projeto vencedor foi aquele que atingiu a maior média.

MDC – Como foi a fase de concepção do projeto? Houve grandes inflexões conceituais? Você destacaria algum momento significativo do processo?

E.A. – A concepção se deu com total liberdade de proposição, sem interferência do cliente, como em um concurso. O processo foi um tanto linear, sem grandes inflexões. Logo de início, após algumas reflexões, foram estabelecidos os conceitos que norteariam a definição do partido arquitetônico – espiritualidade, natureza e comunidade.

MDC – Nas etapas de desenvolvimento executivo e elaboração de projetos de engenharia houve participação ativa dos autores? Houve variações de projeto decorrentes da interlocução com esses outros atores que modificaram as soluções originais? Se sim, pode comentar as mais importantes?

E.A. – Sim, fizemos a indicação dos profissionais responsáveis pelas demais disciplinas e fomos responsáveis pela coordenação dos projetos. Houve duas mudanças relativas a questões da estrutura, sem, no entanto, alterar o partido estrutural e também relativas a necessidades acústicas, como a adição do ripado de madeira, com tratamento absorvente por trás, e o forro acústico micro perfurado.

MDC – Os autores dos projetos tiveram participação no processo de construção/implementação da obra?

E.A. – Tivemos participação durante todo o processo, por meio de visitas semanais à obra e reuniões em nosso escritório. Com o intuito de realizar a melhor técnica, foi constante o diálogo entre os autores do projeto e todos os profissionais envolvidos.

MDC – Você destacaria algum fato relevante da vida do edifício/espaço livre após a sua construção?

E.A. – A obra proporcionou à paroquia novas possibilidades para a realização de eventos e de reunião da comunidade, oferecendo um espaço com diversas potencialidades para a cidade. Cabe ressaltar que o anexo e a casa do padre ainda estão em processo de conclusão.

MDC – Se esse mesmo problema de projeto chegasse hoje a suas mãos, faria algo diferente?

E.A. – Acreditamos que seria natural, após 13 anos, revisitarmos o partido adotado, sem, no entanto, desviar da simplicidade e daqueles princípios que orientam a nossa prática. Possíveis mudanças se dariam menos na esfera conceitual e mais em proposições técnicas. O aprendizado adquirido ao longo da obra, que se estende até hoje em virtude das dificuldades financeiras enfrentadas pela paroquia, certamente nos conduziria a uma solução estrutural mais econômica.

MDC – Como você contextualiza essa obra no panorama da arquitetura contemporânea do seu país?

E.A. – A relacionamos com valores que reconhecemos em Brasília, os quais entendemos serem inerentes a uma arquitetura moderna brasileira. O diálogo da edificação com o chão livre e contínuo desenhando uma nova topografia e a presença da paisagem, em Brasília fortemente marcada pelo horizonte e amplitude do céu, como elemento estruturante do partido arquitetônico. Valores presentes nos projetos da Rodoviária do Plano Piloto, na Praça dos Três Poderes e nos prédios residenciais das Superquadras.

MDC – Há algo relativo ao projeto e ao processo que gostaria de acrescentar e que não foi contemplado pelas perguntas anteriores?

E.A. – A obra da Paroquia da Sagrada Família, em conjunto com a produção geral do escritório, trouxe a reflexão sobre como a obra, ao realizar-se, quando passa do desenho à sua materialização, ganha autonomia. Para além do domínio técnico, inerente às disciplinas de projeto, a obra torna-se objeto da experiência do outro e da coletividade, alcança o ser humano em suas dimensões individual e coletiva.


projeto executivo


PARTE 1:
PLANTAS, CORTES E ELEVAÇÕES

23 pranchas (pdf).
19,50mb


PARTE 2:
AMPLIAÇÕES – ÁREAS FUNCIONAIS

9 pranchas (pdf).
3,49mb


PARTE 3:
ESQUADRIAS E CAIXILHOS

9 pranchas (pdf).
5,76mb


PARTE 4:
MOBILIÁRIOS E OUTROS OBJETOS

19 pranchas (pdf).
7,46mb


localização e ficha técnica do projeto

Local: Brasília – DF
Ano de projeto: 2012 – 2015
Ano de obra: 2019 – 2022
Área Construída: 3.915 m²
Autores: Arq. Eder Alencar, Arq. André Velloso e Arq. Luciana Saboia
Colaboração: Arq. Paulo Victor Borges e Margarida Massimo
Estagiários: Rodrigo Rezende, Pedro Santos e Julia Huff

Arquitetura: ARQBR Arquitetura e Urbanismo
Construção: Técnica Construtora
Estrutura metálica:
Comini Tuler
Estrutura de concreto:
Breno Rodrigues
Instalações:
Alencar Costa
Luminotécnico:
Beth Leite
Acústica:
Síntese Acústica Arquitetônica
Paisagismo:
Quinta Arquitetura, Design e Paisagismo
Conforto Ambiental:
Quali-A Conforto Ambiental e Eficiência Energética

Fotos: Joana França
Contato: contato@arqbr.arq.br


galeria


colaboração editorial

Renan Maia

deseja citar esse post?

ALENCAR, Eder. SABOIA, Luciana. VELLOSO, André. “Paróquia Sagrada Família”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n., jul-2023. Disponível em //www.puntoni.28ers.com/2023/07/11/paroquia-sagrada-familia/ . Acesso em: [incluir data do acesso].


]]>
//puntoni.28ers.com/2023/07/11/paroquia-sagrada-familia/feed/ 0 11156