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Casa Montes Claros (texto fornecido pelos autores)<\/h3>\n\n\n\n
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Montes Claros \u00e9 uma cidade na regi\u00e3o norte do estado de Minas Gerais, com intensa atividade econ\u00f4mica e oferta de servi\u00e7os, constituindo-se como uma centralidade regional. A cidade \u00e9 assentada sobre \u00e1rea mais ou menos plana, a 700m acima do n\u00edvel do mar, e semi-circundada, de sudeste a noroeste, por uma serra que eleva um planalto a 1.000m de altitude.<\/p>\n\n\n\n
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Fotografias: Federico Cairoli<\/p>\n\n\n\n
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Esta condi\u00e7\u00e3o geogr\u00e1fica, de certa plan\u00edcie contida por serras ao redor, estabelece um horizonte distante e limitado, e o limite s\u00e3o estes montes circundantes de suaves contornos.<\/p>\n\n\n\n
O lote onde este projeto \u00e9 constru\u00eddo possui um leve declive na dire\u00e7\u00e3o de um c\u00f3rrego recentemente urbanizado. Este desn\u00edvel permite que desde o fundo do lote se tenha uma vista das redondezas. Na fra\u00e7\u00e3o norte do lote se cultivou, ao longo dos anos, um bosque com muitas \u00e1rvores frut\u00edferas. Este bosque d\u00e1 continuidade a uma pequena floresta cont\u00edgua, da dimens\u00e3o de um quarteir\u00e3o, constituindo uma rara \u00e1rea verde.<\/p>\n\n\n\n
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Fotografias: Federico Cairoli<\/p>\n\n\n\n
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A implanta\u00e7\u00e3o da casa atende a uma s\u00e9rie de inten\u00e7\u00f5es, dentre elas: abrir-se ao nascente e ao poente; buscar no horizonte os limites do territ\u00f3rio em que se assenta a cidade; e ainda, abrir-se para o bosque ao norte. Estas rela\u00e7\u00f5es visuais direcionais se estabelecem especialmente no pavimento elevado. J\u00e1 no pavimento t\u00e9rreo buscou-se uma rela\u00e7\u00e3o livre e horizontal com o exterior, de tal modo que, caminhando pelo t\u00e9rreo, todo o per\u00edmetro do lote pode ser apreendido, com m\u00ednimas obstru\u00e7\u00f5es. Portanto, se no pavimento elevado o olhar \u00e9 dirigido para a paisagem ao redor, no t\u00e9rreo ele \u00e9 disperso, imersivo.<\/p>\n\n\n\n
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Plantas: implanta\u00e7\u00e3o, t\u00e9rreo e segundo pavimento<\/p>\n\n\n\n
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A materialidade da constru\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m se define em torno da quest\u00e3o da implanta\u00e7\u00e3o. Sobre este aspecto, o anel elevado em tijolos maci\u00e7os cer\u00e2micos que envolve todo o pavimento superior que abriga o programa \u00edntimo procura continuar<\/em> com o ch\u00e3o em terra batida de lotes vizinhos, os muros e seus tijolos \u00e0 vista, o concreto e o asfalto impregnado pelo barro, e o mar de telhados cer\u00e2micos que recobre o territ\u00f3rio.<\/p>\n\n\n\n
A eleva\u00e7\u00e3o do anel cer\u00e2mico que envolve o pavimento \u00edntimo \u00e9 resultado de uma opera\u00e7\u00e3o anterior, a de elevar duas lajes maci\u00e7as, uma \u00e0 frente e outra ao fundo, com 6 x 10 m e 3 x 10 m, respectivamente. Enquanto a primeira se apoia sobre um conjunto de elementos em colabora\u00e7\u00e3o \u2013 um plano obliquo, uma coluna em concreto, dois troncos de Pau Preto (Cenostigma tocantinum) e um plano em tijolos maci\u00e7os \u2013 a segunda se apoia sobre uma linha central de colunas em concreto. Entre estas lajes forma-se um p\u00e1tio.<\/p>\n\n\n\n
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Fotografias: Federico Cairoli + Cortes e Eleva\u00e7\u00f5es<\/p>\n\n\n\n
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Sobre o projeto: Entrevista exclusiva para MDC.<\/em><\/h3>\n\n\n\n
por Greg\u00f3rio Rosenbusch (G.R.)<\/p>\n\n\n\n
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MDC<\/em> <\/strong>– Como voc\u00ea contextualiza essa obra no conjunto de toda a sua produ\u00e7\u00e3o?<\/em>

G.R. <\/strong>– Este projeto, iniciado em fevereiro de 2017 e situado em Montes Claros (MG), \u00e9 o primeiro que realizamos fora de Petr\u00f3polis (RJ) e tem uma particularidade que gostar\u00edamos de ressaltar em rela\u00e7\u00e3o aos projetos anteriores, e diz respeito ao fato do terreno possuir topografia relativamente pouco acidentada, em declive. Esta caracter\u00edstica nos permitiu pensar um t\u00e9rreo, do ponto de vista conceitual, simultaneamente livre e programado. Em outras palavras, procuramos definir um pavimento t\u00e9rreo habit\u00e1vel no qual os elementos estruturais de eleva\u00e7\u00e3o do pavimento superior e as \u00e1reas livres mantivessem certo protagonismo no conjunto, neste pavimento. H\u00e1, portanto, uma distin\u00e7\u00e3o aqui em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 casa Elevada, que possui um t\u00e9rreo com a topografia natural, em aclive, e sem espa\u00e7os habit\u00e1veis. Por outro lado, a introdu\u00e7\u00e3o do uso no t\u00e9rreo procura ainda manter a ideia de um t\u00e9rreo livre e um volume elevado, de uma distin\u00e7\u00e3o entre o que est\u00e1 acima e o que est\u00e1 abaixo. Algo muito singelo e banal na arquitetura, mas que para n\u00f3s consistiu numa passagem que se deu nesta obra.

MDC<\/em> <\/strong>– Como foi o mecanismo de contrata\u00e7\u00e3o do projeto?<\/em>

G.R. <\/strong>– Este projeto \u00e9 para um primo-irm\u00e3o e sua fam\u00edlia. Eles haviam iniciado um projeto, mas n\u00e3o estavam satisfeitos e ent\u00e3o nos procuraram.

MDC<\/em> <\/strong>– Como foi a fase de concep\u00e7\u00e3o do projeto? Houve grandes inflex\u00f5es conceituais? Voc\u00ea destacaria algum momento significativo do processo?<\/em>

G.R. <\/strong>– Este projeto talvez tenha sido o primeiro em que o processo de concep\u00e7\u00e3o e desenvolvimento se deu de modo mais linear. Em projetos anteriores, os estudos preliminares variavam em diversas op\u00e7\u00f5es e t\u00ednhamos muita dificuldade de assentar uma proposta para dar seguimento. Em muitos casos, j\u00e1 na etapa de anteprojeto realiz\u00e1vamos giros radicais nas propostas, o que nos gerava muito retrabalho. Aqui a proposta surgiu a partir de uma pequena maquete conceitual em madeira que de certo modo j\u00e1 esbo\u00e7ava a configura\u00e7\u00e3o definitiva do projeto, ainda que de modo conceitual e impreciso.

MDC<\/em> <\/strong>– Nas etapas de desenvolvimento executivo e elabora\u00e7\u00e3o de projetos de engenharia houve participa\u00e7\u00e3o ativa dos autores? Houve varia\u00e7\u00f5es de projeto decorrentes da interlocu\u00e7\u00e3o com esses outros atores que modificaram as solu\u00e7\u00f5es originais? Se sim, pode comentar as mais importantes?<\/em>

G.R. <\/strong>– Neste e em todos os nossos projetos at\u00e9 aqui, colaborou de modo muito significativo o engenheiro Ricardo Barelli. Neste caso, chegamos com uma proposta de estrutura bastante elaborada, com a disposi\u00e7\u00e3o dos elementos estruturais e um pensamento claro em rela\u00e7\u00e3o ao caminho das cargas. Foi ent\u00e3o crucial, no que diz respeito \u00e0 estrutura met\u00e1lica, encontrarmos juntos um desenho de treli\u00e7a met\u00e1lica que nos desse o menor peso em a\u00e7o e que tivesse a melhor interface com alguns aspectos do projeto, especialmente no que diz respeito \u00e0 rela\u00e7\u00e3o visual com o exterior. Por outro lado, o trabalho junto ao Barelli e sua equipe foi muito importante na defini\u00e7\u00e3o de um conceito estrutural presente no pavimento t\u00e9rreo, que trata da diferencia\u00e7\u00e3o entre apoios hiperest\u00e1ticos, em concreto armado e apoios isost\u00e1ticos, com troncos de \u00e1rvores e planos de alvenaria portante em tijolos maci\u00e7os.

MDC <\/strong>– Os autores dos projetos tiveram participa\u00e7\u00e3o no processo de constru\u00e7\u00e3o\/implementa\u00e7\u00e3o da obra?<\/em> Se sim, quais os momentos decisivos dessa participa\u00e7\u00e3o?<\/em>

G.R. <\/strong>– N\u00e3o tivemos participa\u00e7\u00e3o na implementa\u00e7\u00e3o da constru\u00e7\u00e3o, mas t\u00e3o somente em conversas preliminares de apresenta\u00e7\u00e3o do projeto \u00e0 empresa construtora e acompanhamento e monitoramento a partir de visitas t\u00e9cnicas, realizadas em geral a cada dois meses, em virtude a dist\u00e2ncia desde nossa base (900km).

MDC <\/strong>– Voc\u00ea destacaria algum fato relevante da vida do edif\u00edcio\/espa\u00e7o livre ap\u00f3s a sua constru\u00e7\u00e3o?<\/em>

G.R. <\/strong>– Um aspecto que me chama a aten\u00e7\u00e3o \u00e9 o extremo cuidado dos habitantes no cultivo e no cuidado do jardim. N\u00e3o sei dizer se este apre\u00e7o por jardim j\u00e1 existia antes desta casa, de qualquer modo agora se apresenta de modo bastante claro. Um aspecto da casa que talvez contribua para isso \u00e9 a integra\u00e7\u00e3o dos espa\u00e7os de conv\u00edvio com as \u00e1reas livres e o jardim. De alguma maneira, o cuidado com a casa e com o jardim s\u00e3o uma coisa s\u00f3, j\u00e1 que, neste caso, ambos s\u00e3o simultaneamente habitados pois n\u00e3o h\u00e1 como se voltar para um e renegar o outro.

MDC <\/strong>– Se esse mesmo problema de projeto chegasse hoje a suas m\u00e3os, faria algo diferente?<\/em>

G.R. <\/strong>– Para n\u00f3s a utiliza\u00e7\u00e3o do tijolo maci\u00e7o nas fachadas do volume elevado era conceitualmente muito importante. De um lado, buscou-se com esse material estabelecer uma rela\u00e7\u00e3o com o entorno, com a terra e a prol\u00edfica produ\u00e7\u00e3o de artefatos cer\u00e2micos na regi\u00e3o. De outro lado, busc\u00e1vamos suspender, elevar este material tel\u00farico, como quem procura contrariar a sua afei\u00e7\u00e3o pelo ch\u00e3o. Ocorre que o trabalho com tijolos maci\u00e7os \u00e9 altamente artesanal e nos parece que nas atuais condi\u00e7\u00f5es materiais de produ\u00e7\u00e3o da arquitetura no Brasil, este grau de artesanalidade produz certo impacto negativo em rela\u00e7\u00e3o aos custos de obra. O que de certo modo \u00e9 positivo, pois significa que o trabalho manual hoje \u00e9 relativamente mais valorizado que em d\u00e9cadas passadas, apesar do canteiro de obras no Brasil ainda representar, como sabemos, um ambiente de grande explora\u00e7\u00e3o do trabalho.

MDC <\/strong>– Como voc\u00ea contextualiza essa obra no panorama da arquitetura contempor\u00e2nea do seu pa\u00eds?<\/em>

G.R. <\/strong>– N\u00e3o estou seguro, mas acredito que esta seja uma obra que aponta para uma certa vontade de aproxima\u00e7\u00e3o ao contexto latino-americano, especialmente \u00e0 produ\u00e7\u00e3o de pa\u00edses do cone sul e, mais especificamente, \u00e0 do Paraguai. Um ind\u00edcio para isso seria o uso de um sistema estrutural heterodoxo, com elementos variados (concreto armado, a\u00e7o, paredes portantes, troncos de \u00e1rvore) e um certo grau de experimenta\u00e7\u00e3o e inven\u00e7\u00e3o com estes elementos, o que me parece orientar-se \u00e0 produ\u00e7\u00e3o contempor\u00e2nea no Paraguai. Por outro lado, a suspens\u00e3o do volume elevado sobre poucos apoios e a centralidade da estrutura em alguns trechos procuram rela\u00e7\u00e3o, a partir de nossa interpreta\u00e7\u00e3o subjetiva, com a produ\u00e7\u00e3o moderna em S\u00e3o Paulo, a cl\u00e1ssica (Paulo Mendes da Rocha) e a contempor\u00e2nea (Angelo Bucci).
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projeto executivo<\/h3>\n\n\n\n
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EXECUTIVO<\/strong>

7 pranchas (pdf).
5,24mb<\/p>\n<\/div><\/div>\n\n\n\n
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ficha t\u00e9cnica do projeto<\/h3>\n\n\n\n
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Local:\u00a0<\/strong>Montes Claros, MG, Brasil
Ano de projeto:<\/strong> 2017
Ano de execu\u00e7\u00e3o e conclus\u00e3o da obra:<\/strong> 2021
\u00c1rea: <\/strong>240 m\u00b2
Autor:<\/strong>\u00a0Greg\u00f3rio Rosenbuch
Colabora\u00e7\u00e3o:<\/strong>\u00a0Mariana Meneguetti

Arquitetura:<\/strong> Venta Arquitetos
Estrutura: <\/strong>Ricardo Barelli (Teto Engenharia)
Constru\u00e7\u00e3o:<\/strong> Construtora Arag\u00e3o

Fotos:<\/strong> Federico Cairoli
Contato:<\/strong> contato@venta.arq.br<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n\n\n\n
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colabora\u00e7\u00e3o editorial<\/h3>\n\n\n\n
Isabela Gomide<\/p>\n\n\n\n
deseja citar esse post?<\/h3>\n\n\n\n
ROSENBUSCH, Greg\u00f3rio. “Casa Montes Claros”. MDC: M\u00ednimo Denominador Comum<\/strong>, Belo Horizonte, s.n., jan-2024. Dispon\u00edvel em http:\/\/www.puntoni.28ers.com\/2024\/01\/21\/casa-montes-claros\/<\/a>. Acesso em: [incluir data do acesso].<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n\n\n\n
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projeto executivo<\/h3>\n\n\n\n<\/div>\n\n\n\n<\/a><\/figure>\nEXECUTIVO<\/strong>7 pranchas (pdf).5,24mb<\/p>\n<\/div><\/div>\n\n\n\n

colabora\u00e7\u00e3o editorial<\/h3>\n\n\n\nIsabela Gomide<\/p>\n\n\n\n

colabora\u00e7\u00e3o editorial<\/h3>\n\n\n\n
Isabela Gomide<\/p>\n\n\n\n