{"id":1848,"date":"2009-02-04T01:14:53","date_gmt":"2009-02-04T03:14:53","guid":{"rendered":"http:\/\/puntoni.28ers.com\/?p=1848"},"modified":"2009-02-05T16:32:56","modified_gmt":"2009-02-05T18:32:56","slug":"a-praca-do-maquis","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/puntoni.28ers.com\/2009\/02\/04\/a-praca-do-maquis\/","title":{"rendered":"A pra\u00e7a do maquis<\/em>"},"content":{"rendered":"

\"pm-00-riscolucio\"<\/a><\/p>\n

Andrey Rosenthal Schlee<\/div>\n

<\/p>\n

[1]<\/a><\/p>\n

1. O maquisard<\/em><\/h3>\n

\"Lucio<\/a>Maquis<\/em>. Assim Lucio Costa se definiu: um simples maquis <\/em>do urbanismo[2]<\/a>. Maquis: palavra,\u00a0 como ele, de origem francesa, n\u00e3o incorporada \u00e0 l\u00edngua portuguesa. Maquisard<\/em>,[3]<\/a> voc\u00e1bulo empregado para definir aquele que durante a II Guerra Mundial, clandestinamente, participou do maquis<\/em>, ou seja, participou da luta contra a ocupa\u00e7\u00e3o alem\u00e3 na Fran\u00e7a.<\/p>\n

Guerrilheiro. A express\u00e3o maquisard<\/em> vem de maquis<\/em>, matagal – vegeta\u00e7\u00e3o arbustiva densa onde se refugiavam os fugitivos da justi\u00e7a na C\u00f3rsega. Por extens\u00e3o, tamb\u00e9m foram chamados de maquis<\/em> os grupos de resist\u00eancia a diferentes regimes totalit\u00e1rios, como o do franquismo na Espanha.<\/p>\n

Modesto. Escrevendo na 1a<\/sup>. pessoa do singular, Lucio Costa abriu seu famoso Relat\u00f3rio do Plano Piloto de Bras\u00edlia desculpando-se pela apresenta\u00e7\u00e3o sum\u00e1ria do partido desenvolvido para a nova capital. Elaborou uma solu\u00e7\u00e3o poss\u00edvel e, como um maquis<\/em>, venceu o concurso. Um maquisard<\/em> do urbanismo que n\u00e3o pretendia desenvolver a id\u00e9ia apenas sugerida, “sen\u00e3o na qualidade de mero consultor”[4]<\/a>.<\/p>\n

Resistente. Assim Lucio Costa, em documento de 10 de mar\u00e7o de 1957[5]<\/a>,\u00a0 mostrou-se \u00e0 comiss\u00e3o julgadora do Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil. Exatos tr\u00eas anos antes[6]<\/a> havia perdido tragicamente sua esposa e, desde ent\u00e3o, vivia numa esp\u00e9cie de doloroso e solit\u00e1rio ref\u00fagio. No per\u00edodo, projetara apenas o Banco Alian\u00e7a e a Sede do Jockey Club do Brasil. Em 1956, juntamente com Christian Dior, fora homenageado em Nova York. Na viagem de retorno, doze dias embarcado em um navio, produziu os primeiros esbo\u00e7os de Bras\u00edlia. Percebendo-se isolado – e sozinho[7]<\/a> – inventou a Capital, como um gesto individual de resist\u00eancia.<\/p>\n

Como um maquisard<\/em> do urbanismo, Lucio Costa imaginou uma Capital distinta de todas as demais cidades. At\u00e9 ent\u00e3o, sua experi\u00eancia profissional, prioritariamente, concentrara-se na produ\u00e7\u00e3o de edif\u00edcios isolados. No entanto, para ele, toda boa arquitetura \u00e9 capaz de qualificar espa\u00e7os urbanos. E boa arquitetura tem car\u00e1ter apropriado e composi\u00e7\u00e3o correta. Sua trajet\u00f3ria profissional atesta tal afirma\u00e7\u00e3o e o Minist\u00e9rio da Educa\u00e7\u00e3o e Sa\u00fade P\u00fablica \u00e9 o paradigma. At\u00e9 Bras\u00edlia, Lucio Costa apenas enfrentara dois projetos de conota\u00e7\u00e3o tipicamente urbana: o realizado para o concurso da Vila Oper\u00e1ria de Monlevade, Minas Gerais (1934) e o da Cidade Universit\u00e1ria, Rio de Janeiro (1936-37), ambos n\u00e3o executados. A leitura atenta dos respectivos memoriais[8]<\/a> permite compreender o pensamento urban\u00edstico de Lucio Costa: sempre fazer valer o crit\u00e9rio da caracteriza\u00e7\u00e3o program\u00e1tica e da qualidade do espa\u00e7o projetado e, numa determinada circunst\u00e2ncia pol\u00edtico-social e num contexto hist\u00f3rico preciso, tentar resolver a “contradi\u00e7\u00e3o fundamental”[9]<\/a> dos desejos individuais frente aos coletivos. Posi\u00e7\u00e3o habilmente posta em pr\u00e1tica quando da elabora\u00e7\u00e3o do plano de urbaniza\u00e7\u00e3o para o Parque Guinle (1948-54), cuja solu\u00e7\u00e3o prenuncia a adotada nas superquadras de Bras\u00edlia.<\/p>\n

Ainda antes de inventar a Capital, Lucio Costa entrara em contato com aquilo que Sylvia Ficher[10]<\/a> chamou de paradigmas de Bras\u00edlia. Ou seja, boa parte do conhecimento urban\u00edstico acumulado e vigente no segundo p\u00f3s-guerra. Tal contato ocorreu de forma direta, por meio da conviv\u00eancia com urbanistas de renome – Le Corbusier, por exemplo – ou das in\u00fameras viagens nacionais e internacionais realizadas pelo pr\u00f3prio Lucio Costa. E tamb\u00e9m de forma indireta, atrav\u00e9s da leitura da bibliografia circulante. Neste sentido, parece fundamental um levantamento das mat\u00e9rias publicadas, principalmente, na Revista da Diretoria de Engenharia do Distrito Federal (Rio de Janeiro), ent\u00e3o dirigida pela urbanista Carmem Portinho e que divulgou, entre outros textos, o cl\u00e1ssico “Raz\u00f5es da nova arquitetura”[11]<\/a> e o memorial descritivo de Monlevade[12]<\/a>. A Revista dedicou mat\u00e9rias aos problemas do urbanismo no Brasil e em v\u00e1rios pa\u00edses[13]<\/a>; discutiu a remodela\u00e7\u00e3o e expans\u00e3o das cidades; defendeu a elabora\u00e7\u00e3o de planos diretores; apresentou proposta de numera\u00e7\u00e3o geogr\u00e1fica de logradouros e pr\u00e9dios[14]<\/a>; divulgou estudos de tr\u00e1fego nas metr\u00f3poles[15]<\/a>; de desenho de auto-estradas[16]<\/a> e debateu o rodoviarismo[17]<\/a>, entre outros temas.<\/p>\n

Tudo isso, nos permite afirmar que, se Lucio Costa apresentou-se como um maquisard<\/em> do urbanismo, certamente n\u00e3o era um “franco atirador”[18]<\/a>.<\/p>\n

2. As pra\u00e7as do maquisard<\/em><\/h3>\n

Dentro da perspectiva de que a boa arquitetura \u00e9 capaz de qualificar o urbano, vale\u00a0 perceber como Lucio Costa trabalhou com os espa\u00e7os p\u00fablicos, sejam eles parques, pra\u00e7as ou jardins; e reconhecer quais as estrat\u00e9gias de projeto de que lan\u00e7ou m\u00e3o[19]<\/a>.<\/p>\n

O projeto da Vila de Monlevade (1934) \u00e9 fruto de um concurso p\u00fablico. Do estudo do Edital e do programa de necessidades fornecido, nasceu a concep\u00e7\u00e3o da proposta. Uma pequena vila oper\u00e1ria, a ser caracterizada pela simplicidade de sua arquitetura e pelos edif\u00edcios p\u00fablicos que tradicionalmente se tornam refer\u00eancia da comunidade. Na introdu\u00e7\u00e3o do memorial ent\u00e3o elaborado, Lucio Costa[20]<\/a> utilizou Frederick Law Olmstead – paisagista americano respons\u00e1vel pelo Central Park – para destacar a id\u00e9ia de que a beleza de uma obra deve ser considerada e buscada simultaneamente \u00e0 solu\u00e7\u00e3o das quest\u00f5es funcionais e t\u00e9cnicas. Em Monlevade, o arquiteto elegeu quatro edifica\u00e7\u00f5es de car\u00e1ter eminentemente p\u00fablico e as distribuiu ao redor de uma pra\u00e7a regular, cujo centro \u00e9 um espelho d’\u00e1gua circular. Pracinha do interior recriada, com igreja no alto, cinema, clube e armaz\u00e9m comercial. Assim temos, e os croquis elaborados por Lucio Costa mostram muito bem, a natureza domesticada (o jardim) em contraste com a natureza selvagem (a mata circundante). Ainda no memorial citado, Lucio Costa afirmou que “constitui um dos preceitos da urbaniza\u00e7\u00e3o moderna o contraste entre a nitidez, a simetria, a disciplina da arquitetura e a imprecis\u00e3o, a assimetria, o imprevisto da vegeta\u00e7\u00e3o”[21]<\/a>.<\/p>\n

J\u00e1 o Minist\u00e9rio da Educa\u00e7\u00e3o e Sa\u00fade P\u00fablica (1936) \u00e9 arquitetura de exce\u00e7\u00e3o que gera o espa\u00e7o urbano. De um lado, a obra representa um o\u00e1sis artificial, constru\u00eddo no denso tecido central da cidade do Rio de Janeiro, particularmente na malha resultante do plano do urbanista franc\u00eas Alfredo Agache. De outro, o partido adotado envolve a natureza, agora domesticada por Burle Marx. Por fim,\u00a0 a edifica\u00e7\u00e3o assimila a natureza – brinca com ela – e a pra\u00e7a se faz de sombras e clareiras, de pilotis e fustes de palmeiras (utilizadas pela primeira vez em obras de Lucio Costa). Segundo a vis\u00e3o po\u00e9tica de Carlos Eduardo Dias Comas: “se pode tomar o p\u00f3rtico [do MESP] por bosque petrificado e os canteiros t\u00e9rreos por pavilh\u00f5es vegetalizados…”[22]<\/a>.<\/p>\n

No projeto n\u00e3o constru\u00eddo da Cidade Universit\u00e1ria (1936-37) temos uma dualidade de estrat\u00e9gias: a arquitetura x natureza e a arquitetura envolvendo a natureza. A gleba dispunha de 200 hectares, mas n\u00e3o estava vazia. Al\u00e9m de estruturas vi\u00e1rias importantes, continha a Quinta da Boa Vista, com o pal\u00e1cio e os jardins do paisagista franc\u00eas Auguste Fran\u00e7ois Marie Glaziou (1860-78). Lucio Costa organiza o conjunto (natural e artificial), delimita os espa\u00e7os (cheios e vazios), hierarquiza o programa (singular e plural) e cria a sua “pra\u00e7a maior”. Pra\u00e7a quadrada, porticada, balizada por tr\u00eas edifica\u00e7\u00f5es (aula magna, biblioteca-reitoria e planet\u00e1rio). Porta da Universidade, conectada \u00e0 Alameda Central, com a seq\u00fc\u00eancia de edif\u00edcios escolares –\u00a0 “pren\u00fancio do Eixo Monumental de Bras\u00edlia”[23]<\/a>.<\/p>\n

O Museu das Miss\u00f5es (1937) nasceu como solu\u00e7\u00e3o poss\u00edvel para o problema da prote\u00e7\u00e3o dos remanescentes das antigas redu\u00e7\u00f5es jesu\u00edticas do sul do Brasil. Foi in-loco<\/em> que Lucio Costa deparou-se com os restos da antiga Miss\u00e3o de S\u00e3o Miguel e com o que sobrara de sua\u00a0 pra\u00e7a – geom\u00e9trica, plana e desimpedida de elementos acess\u00f3rios. Pra\u00e7a resgatada a partir da implanta\u00e7\u00e3o do conjunto museu e casa do zelador proposto por Lucio Costa e Paulo Thedim Barreto. A arquitetura servindo de ponto de referencia para a leitura e entendimento do espa\u00e7o p\u00fablico. Desta vez, temos o contraste entre o vazio-gerador natural e sagrado para os \u00edndios (a pra\u00e7a) e o cheio-focal artificial e sagrado para os padres (o templo).<\/p>\n

O Pavilh\u00e3o do Brasil na Feira Mundial de Nova York (1938) foi desenvolvido juntamente com Oscar Niemeyer.\u00a0 E o partido em “L” adotado se fez “U” frente \u00e0 pr\u00e9-exist\u00eancia da empena cega do vizinho franc\u00eas. E assim, mais uma vez, a arquitetura envolveu a natureza. E, no centro do “U”, o paisagista americano Thomas Price criou um jardim exoticamente brasileiro, diretamente relacionado com os interiores envidra\u00e7ados da composi\u00e7\u00e3o e voltado para o curso d’\u00e1gua local.<\/p>\n

No Park Hotel S\u00e3o Clemente (1944-45), em Nova Friburgo, a pr\u00e9-exist\u00eancia era vegetal: novamente um jardim assinado por Auguste Glaziou (s\u00e9c. XIX). Um parque pitoresco localizado no meio de um empreendimento imobili\u00e1rio da fam\u00edlia Guinle. A id\u00e9ia era criar uma pequena pousada de apoio ao condom\u00ednio nascente. Lucio Costa desenhou uma edifica\u00e7\u00e3o horizontal e avarandada, implantada no alto de uma encosta, de maneira a garantir uma melhor contempla\u00e7\u00e3o do conjunto paisag\u00edstico.<\/p>\n

J\u00e1 no Parque Guinle (1948-54), nas Laranjeiras, Rio de Janeiro, o problema enfrentado em Nova Friburgo ganhou conota\u00e7\u00f5es tipicamente urbanas. A venda da resid\u00eancia de Eduardo Guinle – desenhada por Armando da Silva Telles e Joseph Gire (1909-14) e implantada em meio a um jardim do paisagista franc\u00eas Cochet (1919) – motivou o projeto de um condom\u00ednio de luxo. Lucio Costa previu um conjunto de seis edif\u00edcios multifamiliares, dos quais apenas tr\u00eas foram executados: Nova Cintra, Bristol e Caled\u00f4nia. Enquanto o primeiro completa o desenho da cidade tradicional, os demais se distribuem “em crescente” ao redor do parque. Assim, temos um jardim rom\u00e2ntico, preservado e revalorizado pela criativa disposi\u00e7\u00e3o dos blocos residenciais projetados. Proposta belamente registrada no croqui elaborado por Lucio e que acompanha o texto explicativo publicado em Registro de uma Vivencia<\/em>[24]<\/a>.<\/p>\n

3. Bras\u00edlia<\/h3>\n

Oscar Niemeyer registrou que s\u00f3 come\u00e7ou a pensar em Bras\u00edlia em setembro de 1956, quando foi procurado por Juscelino Kubitschek[25]<\/a>. O Edital do Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil foi lan\u00e7ado em 19 de setembro do mesmo ano. Em 2 de outubro, Kubitschek e Niemeyer realizaram a primeira viagem ao s\u00edtio da nova Capital. Entre as provid\u00eancias tomadas na ocasi\u00e3o, foi dado in\u00edcio \u00e0 elabora\u00e7\u00e3o dos projetos do Pal\u00e1cio da Alvorada e do Bras\u00edlia Palace. A comiss\u00e3o julgadora que escolheu o projeto de Bras\u00edlia foi montada pela Novacap com grande participa\u00e7\u00e3o de Niemeyer, que inclusive indicou o nome dos jurados estrangeiros[26]<\/a>. Dos inscritos no concurso, vinte e seis apresentaram propostas ou planos. Destes, parece que apenas quatro responderam satisfatoriamente aos crit\u00e9rios estabelecidos pela comiss\u00e3o julgadora, tendo sido escolhido como vencedor o de n\u00famero 22, elaborado por Lucio Costa – “o \u00fanico para uma capital administrativa do pa\u00eds.”[27]<\/a> O resultado foi oficialmente divulgado em 16 de mar\u00e7o de 1957.\u00a0 Uma vez definido o plano urban\u00edstico da nova Capital, Niemeyer e Lucio Costa passaram a trabalhar no Rio de Janeiro. A qualidade dos trabalhos ent\u00e3o realizados. ainda hoje \u00e9 reconhecida por todos. Em agosto de 1958, Oscar Niemeyer mudou-se para Bras\u00edlia. Neste per\u00edodo her\u00f3ico[28]<\/a>, que vai de 1958 a 1960, \u00e9 que foi executada a Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes (1958-60) e as principais edifica\u00e7\u00f5es que a configuram e dignificam: o Congresso Nacional, o Pal\u00e1cio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Museu da Cidade. No dia 21 de abril de 1960, Juscelino Kubitschek inaugurou Bras\u00edlia. A Pra\u00e7a n\u00e3o estava completamente finalizada. Mesmo assim, Para Oscar Niemeyer: “Bras\u00edlia surgiu como uma flor do deserto, dentro das \u00e1reas e escalas que seu urbanista criou, vestida com as fantasias de minha arquitetura. E o velho cerrado cobriu-se de pr\u00e9dios e de gente, de ru\u00eddo, tristezas e alegrias…”[29]<\/a><\/p>\n

4. A Pra\u00e7a<\/h3>\n

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\"1956<\/a>

1956 - Estudo para a Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes - Lucio Costa<\/p><\/div>\n

O Relat\u00f3rio escrito pelo maquis<\/em> diz o essencial. Imbu\u00eddo de certa dignidade e nobreza de inten\u00e7\u00e3o, Lucio Costa prop\u00f4s n\u00e3o apenas uma cidade qualquer, mas uma cidade-capital, possuidora do desej\u00e1vel car\u00e1ter monumental, obtido a partir de determinada ordena\u00e7\u00e3o e de requintado senso de conveni\u00eancia. A ordena\u00e7\u00e3o se estabelece com apoio do desenho estruturador dos dois eixos que se cruzam. A conveni\u00eancia nasce do jogo correto das escalas propostas para as diferentes zonas program\u00e1ticas. Mais uma vez, a eterna busca da composi\u00e7\u00e3o correta e do car\u00e1ter apropriado. Ao longo de vinte e tr\u00eas itens, Lucio Costa explicou sua inven\u00e7\u00e3o. O risco original, a adapta\u00e7\u00e3o topogr\u00e1fica,\u00a0 a t\u00e9cnica rodovi\u00e1ria, a disposi\u00e7\u00e3o do programa, o cruzamento dos eixos, a plataforma rodovi\u00e1ria, a rede geral de tr\u00e1fego, a integra\u00e7\u00e3o dos setores, o eixo monumental, o centro de divers\u00f5es da cidade, a faixa rodovi\u00e1ria residencial, as super-quadras e a cidade parque. Cada elemento de composi\u00e7\u00e3o “concebido segundo a natureza peculiar da respectiva fun\u00e7\u00e3o, resultando da\u00ed a harmonia de exig\u00eancias de apar\u00eancia contradit\u00f3ria”[30]<\/a>.<\/p>\n

No item 9 do Relat\u00f3rio do Plano Piloto, Lucio Costa explicou sua concep\u00e7\u00e3o para a disposi\u00e7\u00e3o dos elementos que configurariam o setor correspondente \u00e0 administra\u00e7\u00e3o do pa\u00eds:<\/p>\n

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Destacam-se no conjunto os edif\u00edcios destinados aos poderes fundamentais que, sendo em n\u00famero de tr\u00eas e aut\u00f4nomos, encontraram no tri\u00e2ngulo eq\u00fcil\u00e1tero, vinculado \u00e0 arquitetura da mais remota antiguidade, a forma elementar apropriada para cont\u00ea-los. Criou-se ent\u00e3o um terrapleno triangular, com arrimo de pedra \u00e0 vista, sobrelevado na campina circunvizinha<\/strong> a que se tem acesso pela pr\u00f3pria rampa da auto-estrada que conduz \u00e0 resid\u00eancia e ao aeroporto. Em cada \u00e2ngulo dessa pra\u00e7a – Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes, poderia chamar-se – localizou-se uma das casas, ficando as do Governo e do Supremo Tribunal na base e a do Congresso no v\u00e9rtice, com frente igualmente para uma ampla esplanada disposta num segundo terrapleno, de forma retangular e n\u00edvel mais alto, de acordo com a topografia local, igualmente arrimado de pedras em todo o seu per\u00edmetro. A aplica\u00e7\u00e3o em termos atuais, dessa t\u00e9cnica oriental milenar dos terraplenos, garante a coes\u00e3o do conjunto e lhe confere uma \u00eanfase monumental imprevista. Ao longo dessa esplanada – o Mall, dos ingleses -, extenso gramado destinado a pedestres, a paradas e a desfiles, foram dispostos os minist\u00e9rios e autarquias. Os das Rela\u00e7\u00f5es Exteriores e Justi\u00e7a ocupando os cantos inferiores, cont\u00edguos ao edif\u00edcio do Congresso e com enquadramento condigno, os minist\u00e9rios militares constituindo uma pra\u00e7a aut\u00f4noma, e os demais ordenados em seq\u00fc\u00eancia – todos com \u00e1rea privativa de estacionamento -, sendo o \u00faltimo o da Educa\u00e7\u00e3o(…) A Catedral ficou igualmente localizada nessa esplanada, mas numa pra\u00e7a aut\u00f4noma disposta lateralmente, n\u00e3o s\u00f3 por quest\u00e3o de protocolo, uma vez que a Igreja \u00e9 separada do Estado, como por uma quest\u00e3o de escala, tendo-se em vista valorizar o monumento, e ainda, principalmente, por outra raz\u00e3o de ordem arquitet\u00f4nica: a perspectiva de conjunto da esplanada deve prosseguir desimpedida at\u00e9 al\u00e9m da plataforma onde os dois eixos urban\u00edsticos se cruzam[31]<\/a> (grifo nosso).<\/p>\n<\/blockquote>\n

O item 9 do Relat\u00f3rio escrito pelo maquis<\/em> diz o que interessa. Lucio Costa apresenta uma proposta unit\u00e1ria. Que nasce j\u00e1 pronta e intensamente pensada e resolvida. \u00cdntegra em sua concep\u00e7\u00e3o e avessa a futuros desdobramentos (ou modifica\u00e7\u00f5es…). Cabe destacar que o item, al\u00e9m de descrever o setor, explicita quais s\u00e3o suas fontes projetuais – mais tarde registradas no pequeno texto intitulado “Ingredientes da concep\u00e7\u00e3o urban\u00edstica de Bras\u00edlia”[32]<\/a>: os eixos e as perspectivas de Paris, os grandes gramados ingleses, os terraplenos e os arrimos chineses (a esses tr\u00eas, Lucio Costa somaria as auto-estradas e os viadutos americanos e a pureza de Diamantina).<\/p>\n

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\"1956<\/a>

1956 - Estudos para o Plano Piloto de Bras\u00edlia - Lucio Costa<\/p><\/div>\n

A configura\u00e7\u00e3o espacial da Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes j\u00e1 aparece esbo\u00e7ada nos croquis originais de Lucio Costa para o Plano Piloto. Jos\u00e9 Barki[33]<\/a>, ao analisar tais documentos, chegou a propor uma determinada ordena\u00e7\u00e3o cronol\u00f3gica. No prov\u00e1vel primeiro estudo<\/em>[34]<\/a>, a Pra\u00e7a foi registrada duas vezes: inicialmente comparece como um simples triangulo eq\u00fcil\u00e1tero com c\u00edrculos em seus v\u00e9rtices (os tr\u00eas poderes) que apenas tangencia o ret\u00e2ngulo correspondente ao futuro setor ministerial. O restante da cidade tamb\u00e9m foi representado por meio de figuras geom\u00e9tricas puras (os setores). Logo o desenho foi invertido, a cidade assumiu o partido cruciforme, um eixo de simetria axial (leste-oeste) foi definido e o v\u00e9rtice superior da Pra\u00e7a engastou no ret\u00e2ngulo da Esplanada (agora com os minist\u00e9rios j\u00e1 perfilados).<\/p>\n

Na seq\u00fc\u00eancia de estudos <\/em>e riscos<\/em>, os setores ao longo do eixo monumental aparecem mais desenvolvidos. Mas, tudo indica, foi nas perspectivas “a v\u00f4o de p\u00e1ssaro” que, de fato, o projeto ganhou volume. A Pra\u00e7a\u00a0 foi elevada e cortada por uma via (a “rampa da auto-estrada” que leva ao Alvorada) e os diferentes terraplenos definidos (inclusive aparece o muro de arrimo da Pra\u00e7a – o “crib-wall” –\u00a0 e o f\u00f3rum de palmeiras imperiais que configuram o atual Espa\u00e7o Le Corbusier. Assim, simultaneamente \u00e0 solu\u00e7\u00e3o dos problemas funcionais e t\u00e9cnicos, Lucio Costa desenvolveu, e resolveu, as quest\u00f5es est\u00e9ticas locais (conforme Olmstead na mem\u00f3ria de Monlevade). Nas perspectivas \u00e9 poss\u00edvel visualizar os diferentes partidos ou gabaritos das edifica\u00e7\u00f5es a serem projetadas por Oscar Niemeyer, como os minist\u00e9rios, o congresso e os pal\u00e1cios. “Ali, o urbanismo e a arquitetura efetivamente criaram a paisagem, com a for\u00e7a de uma segunda natureza – \u00e9 como se a Pra\u00e7a do Tr\u00eas Poderes fosse o ‘P\u00e3o de A\u00e7\u00facar’ de Bras\u00edlia, de tal maneira sua presen\u00e7a se incorporou ao horizonte do Planalto”[35]<\/a>.<\/p>\n

\"1956<\/a>

1956 - Estudo para a Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes - Lucio Costa<\/p><\/div>\n

Os tr\u00eas desenhos (uma planta e duas perspectivas) que acompanharam e complementaram o item 9 do Relat\u00f3rio do Plano Piloto, s\u00e3o igualmente importantes.\u00a0 Na planta \u00e9 poss\u00edvel perceber o quanto Lucio Costa trabalhou para definir as propor\u00e7\u00f5es corretas do conjunto da Pra\u00e7a. Trata-se de um triangulo eq\u00fcil\u00e1tero (T1<\/em>) com 625[36]<\/a> ou 700[37]<\/a> metros de lado.\u00a0 A base ou o cateto voltado para o cerrado foi dividido em tr\u00eas partes iguais (A-B-C<\/em>), gerando dois tri\u00e2ngulos ret\u00e2ngulos nas extremidades (TA<\/em> e TC<\/em>) e um grande ret\u00e2ngulo (RB<\/em>) no ter\u00e7o central, cujo lado maior equivale \u00e0 altura de T1<\/em> (que, por sua vez, corresponde ao eixo de simetria do conjunto). Em TA<\/em>, Lucio Costa implantou o Supremo Tribunal Federal e, em TC<\/em>, o Pal\u00e1cio do Planalto.\u00a0 Por sua vez, o ret\u00e2ngulo RB<\/em> foi dividido em tr\u00eas partes diferentes (D-E-F<\/em>). Na sua por\u00e7\u00e3o inferior – ainda junto ao cerrado – o urbanista delimitou um quadrado (QD<\/em>), com lados iguais a B<\/em> e o destinou para o espa\u00e7o p\u00fablico propriamente dito da Pra\u00e7a (espa\u00e7o que assumiu a forma de um oct\u00f3gono. E na por\u00e7\u00e3o superior da composi\u00e7\u00e3o, uniu os dois v\u00e9rtices de TA<\/em> e TC<\/em>, produzindo uma reta horizontal (ac<\/span><\/em>) que gerou novo triangulo eq\u00fcil\u00e1tero (T2<\/em>) e novo ret\u00e2ngulo (RF<\/em>), no interior dos quais implantou o Congresso Nacional. Entre RF<\/em> e QD<\/em> resultou um terceiro ret\u00e2ngulo (RE<\/em>) que, subdividido, recebeu o f\u00f3rum das palmeiras, o espelho d’\u00e1gua e um estacionamento. Ou seja, a Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes n\u00e3o \u00e9 simples obra de terraplanagem ou simples constru\u00e7\u00e3o, \u00e9 antes de tudo arquitetura. E a “constru\u00e7\u00e3o se torna arquitetura quando seus elementos apresentam ordena\u00e7\u00e3o formal com valor est\u00e9tico substantivo, distinto do atrativo superficial da decora\u00e7\u00e3o aplicada”[38]<\/a>.<\/p>\n

No texto denominado “O urbanista defende sua capital” (1967), Lucio Costa resumiu sua concep\u00e7\u00e3o do eixo monumental e quais os elementos que o constituem:<\/p>\n

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Ele se caracteriza por diferentes n\u00edveis escalonados: 1) o terreno agreste<\/strong> – 2) o terrapleno triangular onde assentam os tr\u00eas poderes aut\u00f4nomos da democracia, espa\u00e7o tratado com a largueza e o apuro de uma ‘Versallhes do povo’<\/strong> – 3) a Esplanada dos Minist\u00e9rios e o setor cultural – 4) a grande plataforma no cruzamento em tr\u00eas n\u00edveis dos eixos da cidade… – 5) o terreiro da torre da TV. Este escalonamento em plat\u00f4s sucessivos decorre dos movimentos de terra impostos pelo extenso corte em n\u00edveis diferentes, e assim reincorpora ao urbanismo contempor\u00e2neo uma tradi\u00e7\u00e3o militar[39]<\/strong><\/a> (grifo nosso).<\/p>\n<\/blockquote>\n

Da leitura, fica clara a inten\u00e7\u00e3o do urbanista de incorporar o “terreno agreste” ou a “campina circunvizinha” \u00e0 grande composi\u00e7\u00e3o do eixo, e de contrastar o conjunto natural com a artificialidade da Pra\u00e7a proposta (por isso mesmo, geometricamente trabalhada). Aqui, vale lembrar, mais uma vez, o memorial de Monlevade, quando Lucio Costa afirmou que “constitui um dos preceitos da urbaniza\u00e7\u00e3o moderna o contraste entre a nitidez, a simetria, a disciplina da arquitetura e a imprecis\u00e3o, a assimetria, o imprevisto da vegeta\u00e7\u00e3o”[40]<\/a>.<\/p>\n

5. A met\u00e1fora do maquis<\/em><\/h3>\n

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\"1680<\/a>

1680 \u2013 Revelim, segundo o \u201cM\u00e9todo Luzitano de Desenhar Fortifica\u00e7\u00f5es\u201d, de Serr\u00e3o Pimentel <\/p><\/div>\n

A estrat\u00e9gia de contrapor o natural ao artificial n\u00e3o constitui novidade na obra do maquis<\/em>, tampouco no projeto moderno brasileiro. Ao longo de sua vida, Lucio Costa produziu uma obra multifacetada que envolve n\u00e3o apenas as quest\u00f5es diretamente relacionadas com a arquitetura e o urbanismo. Uma obra que – em \u00faltima an\u00e1lise – permite uma profunda reflex\u00e3o sobre a cultura do pa\u00eds. Contribui\u00e7\u00e3o que o coloca no mesmo patamar de outras figuras ilustres de sua gera\u00e7\u00e3o, a dos chamados int\u00e9rpretes do Brasil. Logo, parece perfeitamente compreens\u00edvel que Lucio Costa se valesse de refer\u00eancias e de met\u00e1foras para refor\u00e7ar o car\u00e1ter de seus projetos.\u00a0 No caso espec\u00edfico, trabalha com expedientes de rememora\u00e7\u00e3o de precedentes tipol\u00f3gica e\/ou historicamente conhecidos e reconhec\u00edveis.\u00a0 Se o Plano Piloto nasceu do gesto prim\u00e1rio de quem assinala um lugar ou dele toma posse, sua pra\u00e7a principal invade o cerrado como um revelim de fortifica\u00e7\u00e3o[41]<\/a>, que defende a terra conquistada – a civiliza\u00e7\u00e3o X a barb\u00e1rie. Se nossas institui\u00e7\u00f5es foram transplantadas de Portugal, cruzando o oceano, a pra\u00e7a da democracia se faz como porto, com cais elevado cinco metros acima do cerrado e mil metros acima do mar.\u00a0 Se Bras\u00edlia \u00e9 a nova capital do pa\u00eds, sua pra\u00e7a tem pedigree<\/em>, e segue a mesma linhagem de suas precedentes hist\u00f3ricas[42]<\/a>: a Pra\u00e7a do Com\u00e9rcio de Lisboa, aberta para o rio Tejo; a Pra\u00e7a do Governador de Salvador, aberta para ba\u00eda de Todos os Santos; e a Pra\u00e7a XV do Rio de Janeiro, aberta para a ba\u00eda da Guanabara. Mas ao contrario das antigas capitais, Bras\u00edlia est\u00e1 no centro do pa\u00eds e sua pra\u00e7a est\u00e1 aberta para o sert\u00e3o! Consciente disso, Lucio Costa construiu a met\u00e1fora da rela\u00e7\u00e3o do poder com o povo:<\/p>\n

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O normal seria o centro envolvido pela \u00e1rea urbana. Mas na concep\u00e7\u00e3o de Bras\u00edlia, ele foi levado ao extremo da composi\u00e7\u00e3o urban\u00edstica da cidade. De modo que a Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes – como eu a chamei, no Plano Piloto, ficou e ficar\u00e1 para sempre essa Pra\u00e7a, onde os Tr\u00eas Poderes da democracia s\u00e3o oferecidos ao povo na extremidade, como que na palma da m\u00e3o de um bra\u00e7o estendido que \u00e9 a Esplanada dos Minist\u00e9rios. \u00c9 id\u00e9ia simb\u00f3lica, algo rom\u00e2ntico talvez, mas representa um dos elementos pr\u00f3prios do Plano de Bras\u00edlia. No meu esp\u00edrito, quando tive essa inten\u00e7\u00e3o de marcar a posi\u00e7\u00e3o da Pra\u00e7a era, em parte, com o objetivo de acentuar o contraste da parte civilizada, de comando do Pais, com a natureza agreste do cerrado… O cerrado representaria o povo, a massa de gente sofrida, que estaria ali junto ao poder da democracia que lhe \u00e9 oferecido<\/strong>[43]<\/a> (grifo nosso).<\/p>\n<\/blockquote>\n

\"Pra\u00e7a<\/a>

1927-30 \u2013 Plano Agache para o Rio de Janeiro: Pra\u00e7a da \u201cEntrada do Brasil\u201d<\/p><\/div>\n

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Por outro lado, devemos lembrar que, muitas vezes, os precedentes de projeto n\u00e3o s\u00e3o facilmente reconhec\u00edveis e ficam restritos ao campo profissional como: a pra\u00e7a do “Pal\u00e1cio Imperial” do RJ, de Grandjean de Montigny (1820); a pra\u00e7a da\u00a0 “Entrada do Brasil”, do Plano Agache (1926-30); a pra\u00e7a maior da Cidade Universit\u00e1ria, de Lucio Costa (1936-37); e de Vera Cruz[44]<\/a>, de Raul Penna Firme, Roberto Lacombe e Jos\u00e9 de Oliveira Reis \u00a0(1955); todas n\u00e3o executadas.<\/p>\n<\/div>\n

6. Liquidando com o cerrado e descaracterizando a Pra\u00e7a<\/h3>\n

Durante a execu\u00e7\u00e3o das terraplenagens e da pr\u00f3pria constru\u00e7\u00e3o da Pra\u00e7a, as m\u00e1quinas arrasaram a campina circunvizinha. O fato parece estranho quando considerada a met\u00e1fora do maquis<\/em>, mesmo assim, ele a explicou frente ao Senado Federal em 1974[45]<\/a>. Com o passar dos anos, novas esp\u00e9cies foram plantadas e a vegeta\u00e7\u00e3o foi sendo, na medida do poss\u00edvel, recomposta.<\/p>\n

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\"Maquete<\/a>

Maquete original da Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes<\/p><\/div>\n

A implanta\u00e7\u00e3o do projeto definitivo do Congresso Nacional implicou na modifica\u00e7\u00e3o das propor\u00e7\u00f5es do conjunto monumental e da Pra\u00e7a, contudo, ela mostrou-se apropriada para as fun\u00e7\u00f5es previstas, principalmente para – via sua neutralidade – real\u00e7ar as edifica\u00e7\u00f5es que a complementavam. Inclusive o pequeno Museu da Funda\u00e7\u00e3o (1960) sugerido e elaborado por Oscar Niemeyer.<\/p>\n

Na inaugura\u00e7\u00e3o da cidade, a Pra\u00e7a ainda n\u00e3o estava completamente cal\u00e7ada, o que n\u00e3o impediu que fosse invadida pelos candangos que queriam ver JK discursar de seu parlat\u00f3rio. Quando o “tapete retangular”[46]<\/a> de pedras portuguesas que liga o Planalto ao Supremo ficou pronto, o presidente j\u00e1 era outro, e a Pra\u00e7a come\u00e7ou a receber seus primeiros adere\u00e7os: as esculturas Guerreiros<\/em> (de Bruno Giorgi, 1959-61) e A Justi\u00e7a<\/em> (de Alfredo Ceschiatti, 1961), e o pombal (de Oscar Niemeyer, 1961).<\/p>\n

Com o objetivo de dar aos visitantes e aos funcion\u00e1rios dos pal\u00e1cios – em meio \u00e0 “severa aridez intencional daquele belo logradouro”[47]<\/a> – um espa\u00e7o de apoio, presta\u00e7\u00e3o de servi\u00e7os e conforto urbano, Lucio Costa sugeriu e Oscar Niemeyer projetou, ainda nos primeiros anos da d\u00e9cada de 60, um pequeno Pavilh\u00e3o semi-enterrado, por muitos denominado “Casa de Ch\u00e1”. Passados mais de quarenta anos de sua inaugura\u00e7\u00e3o o Pavilh\u00e3o ainda n\u00e3o cumpre com o seu papel[48]<\/a>.<\/p>\n

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\"Aspecto<\/a>

2007 - Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes - Foto de Andrey Schlee<\/p><\/div>\n

Durante o governo de Em\u00edlio G. M\u00e9dici, o arquiteto S\u00e9rgio Bernardes realizou uma s\u00e9rie de trabalhos para Bras\u00edlia. Entre eles, o mais pol\u00eamico foi o Mastro da Bandeira Nacional (1969). Um punhal cravado no cora\u00e7\u00e3o do cerrado, ostentando – patrioticamente – um s\u00edmbolo nacional (no local onde Lucio Costa imaginara o povo brasileiro). Assim, o bra\u00e7o estendido deixou de oferecer os tr\u00eas poderes ao povo e passou a segurar, explicitamente, uma bandeira. Ou mesmo um punhal…<\/p>\n

Em 1974, foi inaugurado o edif\u00edcio sede do Tribunal de Contas da Uni\u00e3o (TCU).\u00a0 Projetado por Renato C. Alvarenga e localizado em lote delicado – nas bordas da Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes e atr\u00e1s do Supremo Tribunal Federal – criou um fundo inc\u00f4modo e indesejado. Ningu\u00e9m gostou!\u00a0 Lucio Costa reclamou uma arquitetura discreta e de bom padr\u00e3o, que n\u00e3o pretendesse competir com os monumentos existentes. Por fim, sugeriu a cria\u00e7\u00e3o de uma cortina vegetal para esconder o\u00a0 novo edif\u00edcio[49]<\/a>.<\/p>\n

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\"Memorial<\/a>

Memorial Tirandentes (Oscar Niemeyer, 1980)<\/p><\/div>\n

A constru\u00e7\u00e3o do “bandeir\u00e3o” – parece – incentivou (ou provocou) Oscar Niemeyer a projetar novamente para a Pra\u00e7a. E o Memorial Tiradentes foi a oportunidade inventada. O projeto surgiu da id\u00e9ia de transferir o painel Tiradentes<\/em>, de C\u00e2ndido Portinari, para Bras\u00edlia. A obra (de 3,15 x 18m) foi originalmente doada ao Col\u00e9gio de Cataguases-MG (Niemeyer, 1949). Em 1974, o painel foi exposto no MESP e, em 1975, vendido para o Estado de S\u00e3o Paulo. Na oportunidade, Niemeyer tentou levar o painel para o Congresso Nacional. Como n\u00e3o obteve sucesso em sua reivindica\u00e7\u00e3o, em 1980, desenhou um pr\u00e9dio oblongo de 28m de extens\u00e3o a ser implantado junto a Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes, onde hoje se encontra o Pante\u00e3o. Em texto explicativo[50]<\/a>, Niemeyer sugeria, caso n\u00e3o fosse poss\u00edvel a transfer\u00eancia da obra, a encomenda de um outro painel a Jo\u00e3o C\u00e2mara, pintor de sua prefer\u00eancia. Ou seja, o que importava era apenas a constru\u00e7\u00e3o de mais um monumento (ou dois…). Assim, enquanto o Tiradentes<\/em> de C\u00e2mara encontra-se, desde 1985, no Pante\u00e3o da Liberdade, em Bras\u00edlia; o Tiradentes <\/em>de Portinari encontra-se, desde 1989, no Memorial da Am\u00e9rica Latina, em S\u00e3o Paulo.<\/p>\n

Durante boa parte do governo de Jos\u00e9 Sarney, o Distrito Federal foi administrado por Jos\u00e9 Aparecido de Oliveira, o que garantiu a Niemeyer uma intensa, variada e ilimitada atua\u00e7\u00e3o na cidade. Foi quando, especialmente para a Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes, o arquiteto projetou o Pante\u00e3o da P\u00e1tria, Liberdade e da Democracia (1985-86); desenhou o marco comemorativo Bras\u00edlia Patrim\u00f4nio Cultural da Humanidade (1988); e criou o Espa\u00e7o Lucio Costa (1988\/89-92[51]<\/a>). Por fim, para o cerrado vizinho, projetou o Espa\u00e7o Cultural Oscar Niemeyer (1988).<\/p>\n

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\"2007<\/a>

2007 - Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes - Pante\u00e3o, PGR (ao fundo) e Anexo do STF - Foto de Andrey Schlee<\/p><\/div>\n

O conjunto do Pante\u00e3o da Liberdade e da Democracia foi criado para comemorar a redemocratiza\u00e7\u00e3o do pa\u00eds, registrar a morte de Tancredo Neves e homenagear os her\u00f3is nacionais, especialmente Tiradentes. O monumento tem forma \u00fanica. Para alguns, quando visto de frente, lembra uma pomba; para outros, sugere uma cunha. O volume \u00e9 opaco, apenas rasgado em uma lateral pelo vitral de Marianne Peretti. Eufemisticamente, a constru\u00e7\u00e3o n\u00e3o est\u00e1 na Pra\u00e7a, mas junto dela. E a ela ligada por meio de uma passarela. O\u00a0 monumento \u00e9 desconfort\u00e1vel em todos os sentidos. N\u00e3o tem for\u00e7a para atuar como s\u00edmbolo da na\u00e7\u00e3o, n\u00e3o se justifica como programa – simb\u00f3lico e arquitet\u00f4nico – e \u00e9 desagrad\u00e1vel para os sentidos. Um erro, tal qual o mastro do “bandeir\u00e3o”.\u00a0 Infelizmente, lado a lado a comprometer a Pra\u00e7a, o monumento da democracia, faz o monumento da ditadura parecer menos pior… Punhal ou cunha, ambos foram incorporados ao imagin\u00e1rio da Pra\u00e7a e do pa\u00eds.<\/p>\n

\"Projeto<\/a>

Projeto para anexo do Congresso (Oscar Niemeyer, 1995)<\/p><\/div>\n

Durante a d\u00e9cada de 90, Niemeyer continuou projetando para a Pra\u00e7a e seu entorno: o Monumento a Israel Pinheiro (1991); o complexo de gabinetes das presid\u00eancias da C\u00e2mara e Senado (a ser constru\u00eddo sobre o espelho d’\u00e1gua da Pra\u00e7a, 1995), o anexo II do Supremo Tribunal Federal (1995-98), a Sede da Procuradoria Geral da Rep\u00fablica (1995-02) e a Funda\u00e7\u00e3o Israel Pinheiro (em constru\u00e7\u00e3o desde 2003, no cerrado).<\/p>\n

Do conjunto de projetos realizados, vale destacar o anexo do STF, por ser o primeiro edif\u00edcio espelhado proposto por Niemeyer para Bras\u00edlia e por constituir, juntamente com a Procuradoria Geral da Rep\u00fablica, uma linha de constru\u00e7\u00f5es curvas e reflexivas erguidas ao longo da Via S2, ou seja, atr\u00e1s e al\u00e9m da Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes – na “campina circunvizinha” que Lucio Costa tanto queria preservar. Para a outra extremidade da Esplanada dos Minist\u00e9rios, Niemeyer projetou o Monumento \u00e0 Paz (2005), uma grande-escultura-arquitet\u00f4nica cuja forma lembra a de um p\u00e1ssaro com as asas abertas. Uma “pomba” – de 25m de altura e com 60m de comprimento – localizada no gramado central, na frente da Rodovi\u00e1ria do Plano Piloto, impedindo a vis\u00e3o do conjunto monumental e a “despedida psicologicamente desej\u00e1vel”[52]<\/a> da cidade. Tudo muito pol\u00eamico! O Governador gostou do novo monumento, o IPHAN n\u00e3o aprovou.<\/p>\n

7. Quase uma conclus\u00e3o…<\/h3>\n

O maquis(ard)<\/em> faleceu em 13 de junho de 1998. Deixou uma obra s\u00f3lida. Quantitativamente significante. Qualitativamente\u00a0 importante e influente. Lucio Costa soube, na medida justa – como diria -, ser protagonista e ser coadjuvante. E como sempre, com discri\u00e7\u00e3o e eleg\u00e2ncia, elaborou uma solu\u00e7\u00e3o poss\u00edvel e, como um maquis<\/em>, venceu o concurso para o Plano Piloto da Nova Capital do Brasil. Um urbanismo que n\u00e3o pretendia desenvolver a id\u00e9ia apenas sugerida e que, conforme sua vontade,\u00a0 permaneceu atento na qualidade de mero consultor. Anos mais tarde, concluiu que “o simples fato de Bras\u00edlia existir \u00e9 uma coisa extraordin\u00e1ria”, embora n\u00e3o corresponda fielmente \u00e0 cidade inventada. \u00c9 que\u00a0 ocorreu “uma certa falta de assimila\u00e7\u00e3o dos prop\u00f3sitos” imaginados[53]<\/a>.<\/p>\n

Em 1997, Bras\u00edlia completou 40 anos. Na oportunidade, Lucio Costa concedeu entrevista \u00e0 arquiteta Ana Luiza Nobre. A t\u00edtulo de conclus\u00e3o, vale reproduzir parte do documento publicado pela Revista AU[54]<\/a>:<\/p>\n

\n

AU – Depois da \u00faltima vez que o senhor esteve em Bras\u00edlia, em 92, como o senhor acompanha o que ocorre l\u00e1? O senhor se interessa pelas not\u00edcias sobre a cidade que criou?<\/p>\n

LC – N\u00e3o, estou muito distante.S\u00f3 quando h\u00e1 algum fato importante e me contam.<\/p>\n

AU – Por exemplo, o projeto de Niemeyer para a nova sede da Procuradoria Geral…<\/p>\n

LC – Como \u00e9 o projeto?<\/p>\n

AU – S\u00e3o duas torres cil\u00edndricas de 38m e 48 m de altura e 60 m de di\u00e2metro.<\/p>\n

LC – Onde?<\/p>\n

AU – Atr\u00e1s da Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes, no Setor da Administra\u00e7\u00e3o Federal Sul.<\/p>\n

LC – Essa sugest\u00e3o partiu como?<\/p>\n

AU – N\u00e3o saberia lhe dizer ao certo.<\/p>\n

LC – Que desagrad\u00e1vel… E isso passa<\/strong>? (grifo nosso).<\/p>\n<\/blockquote>\n

\n


\n

notas<\/h3>\n

<\/em><\/p>\n

[1]<\/a> Trabalho apresentado durante o 7\u00ba Semin\u00e1rio Docomomo Brasil, Porto Alegre, 2007.<\/p>\n

[2]<\/a> As seguintes edi\u00e7\u00f5es do Relat\u00f3rio do Plano Piloto de Bras\u00edlia apresentam a express\u00e3o um simples<\/em> maquis do urbanismo: <\/em> COSTA, Lucio. M\u00f3dulo<\/strong>, Rio de Janeiro, n.8, p.33, julho, 1957; COSTA, Lucio. Sobre arquitetura<\/strong>. Porto Alegre: CEUA, 1962. p.264; COSTA, Lucio. Plano-Pil\u00f4to de Bras\u00edlia<\/strong>. Rio de Janeiro: M\u00f3dulo-Arquitetura Ltda., s.d. p.1;\u00a0 COSTA, Lucio. Bras\u00edlia, cidade que inventei<\/strong>. Bras\u00edlia: GDF, 2001. p.18;<\/p>\n

[3]<\/a> As seguintes edi\u00e7\u00f5es do Relat\u00f3rio do Plano Piloto de Bras\u00edlia apresentam a express\u00e3o um simples<\/em> maquisard do urbanismo: <\/em>COSTA, Lucio. In. CORDEIRO, Luiz Alberto, SIQUEIRA, T\u00e2nia Battella de (orgs.).\u00a0 Bras\u00edlia 57-85<\/strong> (do plano-piloto ao Plano Piloto)<\/strong>. Bras\u00edlia: GDF, 1985. p.15 e COSTA, Lucio. Registro de uma viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes, 1995. p.283. Provavelmente, Lucio Costa deixou de adotar a express\u00e3o maquis em fun\u00e7\u00e3o da conota\u00e7\u00e3o altamente pejorativa e comprometedora que ela assumiu, no Brasil, a partir de 1962\/63 (e especialmente depois de 64). \u00c9 que o pseudo-jornalista Amaral Neto, presidente de um CCC (Comando de Ca\u00e7a aos Comunistas) criou uma revista, financiada pelos Estados Unidos, e a denominada de MAQUIS. Desde ent\u00e3o, no Brasil, maquis<\/em> deixou de ser o melhor termo empregado para uma refer\u00eancia aos que lutaram contra o fascismo e o nazismo, desde a revolu\u00e7\u00e3o espanhola at\u00e9 o fim da II Guerra. Tanto que nunca se cogitou de empreg\u00e1-lo para designar qualquer dos nossos guerrilheiros envolvidos na luta contra a ditadura militar.<\/p>\n

[4]<\/a> COSTA, Lucio. Relat\u00f3rio do Plano Piloto de Bras\u00edlia In. Registro de uma viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes, 1995. p.283.<\/p>\n

[5]<\/a> O risco<\/em> que acompanha o Relat\u00f3rio do Plano Piloto de Bras\u00edlia foi assinado e datado por Lucio Costa.<\/p>\n

[6]<\/a> Julieta Guimar\u00e3es, Leleta, faleceu em um acidente automobil\u00edstico no dia 10 de mar\u00e7o de 1954.<\/p>\n

[7]<\/a> Embora sempre acompanhado de suas filhas, Maria Elisa e Helena.<\/p>\n

[8]<\/a> COSTA, Lucio. Monlevade (1934) e Cidade Universit\u00e1ria (1936-37) In. Registro de uma viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes, 1995. Respectivamente nas pp.91-99 e 173-189.<\/p>\n

[9]<\/a> COSTA, Lucio. Urbanismo In. Registro de uma viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes, 1995. p.277.<\/p>\n

[10]<\/a> FICHER, Sylvia, LEIT\u00c3O, Francisco, SCHLEE, Andrey. Brasilia: la historia de un planeamiento.\u00a0 In. VILLASCUSA, Eduard e FIGUEIRA, Cibele (org.). Bras\u00edlia 1956-2006 de la fundaci\u00f3n de una ciudad capital, al capital de la ciudad<\/strong>. Barcelona: Mil\u00eanio, 2006. p.76. Ver tamb\u00e9m: FICHER, Sylvia, PALAZZO, Pedro Paulo. Os paradigmas urban\u00edsticos de Bras\u00edlia. Cadernos PPG-AU FAUFBA, Urbanismo Modernista. Brasil, 1930-1960<\/strong>, Salvador, edi\u00e7\u00e3o especial, p.49-71, 2005.<\/p>\n

[11]<\/a> COSTA, Lucio. Raz\u00f5es da nova arquitetura. Revista da Diretoria de Engenharia<\/strong>, Rio de Janeiro, n.1, v.1. p.3-9, janeiro, 1936.<\/p>\n

[12]<\/a> COSTA, Lucio. Ante-projeto para a Vila de Monlevade. Revista da Diretoria de Engenharia<\/strong>, Rio de Janeiro, n.3, v.1., p.115-128, maio, 1936. Os projetos para Monlevade de autoria de \u00c2ngelo Murgel e de Fernando Nascimento Silva foram publicados\u00a0 na edi\u00e7\u00e3o n.4, de setembro de 1936.<\/p>\n

[13]<\/a> Artigos de autoria de Paul Lester Wiener (EUA), Jos\u00e9 Estellita (Jap\u00e3o e Argentina), Herm\u00ednio Andrade e Silva (Chile), entre ouros.<\/p>\n

[14]<\/a> BORGES, Alberto. Numera\u00e7\u00e3o geogr\u00e1fica de logradouros e pr\u00e9dios. Revista da Diretoria de Engenharia<\/strong>, Rio de Janeiro, n.2, v.9, p.88-94, mar\u00e7o, 1942.<\/p>\n

[15]<\/a> BOTELHO, Paulo Andrade. Urbanismo e tr\u00e1fego. Revista da Diretoria de Engenharia<\/strong>, Rio de Janeiro, n,3, v.5, p.293-300, maio, 1938.<\/p>\n

[16]<\/a> LAVIOLA, Antonio. Auto-estradas alem\u00e3s. Revista da Diretoria de Engenharia<\/strong>, Rio de Janeiro, n.5, v.1, p.348-354, novembro, 1936.<\/p>\n

[17]<\/a> PENIDO, Jo\u00e3o Augusto. Notas sobre a t\u00e9cnica rodovi\u00e1ria norte-americana. Revista da Diretoria de Engenharia<\/strong>, Rio de Janeiro, n.5, v.9, p.264-273, setembro, 1942.<\/p>\n

[18]<\/a> GUIMARAENS, C\u00ea\u00e7a de. Lucio Costa. Um certo arquiteto em incerto e secular roteiro<\/strong>. Rio de Janeiro: Relume Dumar\u00e1, 1996. p.39.<\/p>\n

[19]<\/a> Ver COMAS, Carlos Eduardo Dias. Precis\u00f5es brasileiras sobre um estado passado da arquitetura e urbanismo modernos<\/strong>. Paris, Universidade de Paris 8, 2002 (Tese de Doutorado em Arquitetura).<\/p>\n

[20]<\/a> COSTA, Lucio. Ante-projeto para a Vila de Monlevade. Revista da Diretoria de Engenharia<\/strong>, Rio de Janeiro, n.3, v.1., p.115, maio, 1936. Ou COSTA, Lucio. Monlevade 1934. Projeto rejeitado. In. Registro de uma viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes, 1995. p.91.<\/p>\n

[21]<\/a> COSTA, Lucio. Ante-projeto para a Vila de Monlevade. Revista da Diretoria de Engenharia<\/strong>, Rio de Janeiro, n.3, v.1., p.117, maio, 1936. Ou COSTA, Lucio. Monlevade 1934. Projeto rejeitado. In. Registro de uma viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes, 1995. p.99.<\/p>\n

[22]<\/a> COMAS, Carlos Eduardo Dias. Prot\u00f3tipo e monumento, um minist\u00e9rio, o minist\u00e9rio. In. Revista Projeto<\/strong>, Rio de Janeiro, n.102, p.148, agosto, 1987.<\/p>\n

[23]<\/a> COSTA, Lucio. Parque Guinle. Anos 40. In. Registro de uma viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes, 1995. p.185.<\/p>\n

[24]<\/a> COSTA, Lucio. Parque Guinle. Anos 40. In. Registro de uma viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes, 1995. pp.205-213.<\/p>\n

[25]<\/a> NIEMEYER, Oscar. Minha experi\u00eancia em Bras\u00edlia<\/strong>. Rio de Janeiro: Revan, 2006. p.8.<\/p>\n

[26]<\/a> Fizeram parte do j\u00fari: o engenheiro Israel Pinheiro (Presidente da Novacap e da Comiss\u00e3o); dois outros representantes da Novacap: os arquitetos Oscar Niemeyer e Stamo Papadaki; dois representantes de entidades de classe: o engenheiro Luiz Hidelbrando Horta Barbosa (do Clube de Engenharia) e o arquiteto Paulo Antunes Ribeiro (do Instituto dos Arquitetos); e dois urbanistas estrangeiros: William Holford (ingl\u00eas, respons\u00e1vel pelo Plano Regulador de Londres) e Andr\u00e9 Sive (franc\u00eas, conselheiro do Minist\u00e9rio da Reconstru\u00e7\u00e3o da Fran\u00e7a).<\/p>\n

[27]<\/a> Ver Atas da comiss\u00e3o julgadora do plano piloto de Bras\u00edlia. M\u00f3dulo<\/strong>, Rio de Janeiro, n.8, pp.17-21, julho, 1957.<\/p>\n

[28]<\/a> FICHER, Sylvia et al. Guiarquitetura Bras\u00edlia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa da Artes, 2000. p.72.<\/p>\n

[29]<\/a> NIEMEYER, Oscar. As curvas do tempo: mem\u00f3rias<\/strong>. Rio de Janeiro: Revan, 1998. pp.191-192.<\/p>\n

[30]<\/a> COSTA, Lucio. Relat\u00f3rio do Plano Piloto de Bras\u00edlia In. Registro de uma viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes, 1995. p.283.<\/p>\n

[31]<\/a> COSTA, Lucio. Relat\u00f3rio do Plano Piloto de Bras\u00edlia In. Registro de uma viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes, 1995. pp.288-89.<\/p>\n

[32]<\/a> Ver artigo “Ingredientes da concep\u00e7\u00e3o urban\u00edstica de Bras\u00edlia”. In. COSTA, L\u00facio. 1995. Registro de uma Viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes.<\/p>\n

[33]<\/a> BARKI, Jos\u00e9. A inven\u00e7\u00e3o de Bras\u00edlia<\/strong>. Artigo apresentado durante o Semin\u00e1rio Bras\u00edlia 1956-2006. De la fundaci\u00f3n de una ciudad capital, al capital de la ciudad. Barcelona, nov., 2006.<\/p>\n

[34]<\/a> Segundo BARKI: Documento sem data ou escala, realizado a l\u00e1pis\u00a0 sobre papel tipo carta of\u00edcio (22cm x 34cm).<\/p>\n

[35]<\/a> CORDEIRO, Luiz Alberto, SIQUEIRA, T\u00e2nia Battella de (orgs.). Bras\u00edlia 57-85<\/strong> (do plano-piloto ao Plano Piloto)<\/strong>. Bras\u00edlia: GDF, 1985. p.38<\/p>\n

[36]<\/a> Segundo medido por BARKI, Jos\u00e9. A inven\u00e7\u00e3o de Bras\u00edlia<\/strong>. Artigo apresentado durante o Semin\u00e1rio Bras\u00edlia 1956-2006. De la fundaci\u00f3n de una ciudad capital, al capital de la ciudad. Barcelona, nov., 2006.<\/p>\n

[37]<\/a> Segundo COSTA, Lucio. Eixo Monumental. In. Registro de uma viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes, 1995. pp.304.<\/p>\n

[38]<\/a> COMAS, Carlos Eduardo Dias. Da atualidade de seu pensamento. Revista AU<\/strong>,\u00a0 S\u00e3o Paulo, n.38, pp.69, out\/nov, 1991.<\/p>\n

[39]<\/a> LOSTA, Lucio. O urbanista defende sua cidade. In. Registro de uma viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes, 1995. pp.301-303.<\/p>\n

[40]<\/a> COSTA, Lucio. Ante-projeto para a Vila de Monlevade. Revista da Diretoria de Engenharia<\/strong>, Rio de Janeiro, n.3, v.1., p.117, maio, 1936. Ou COSTA, Lucio. Monlevade 1934. Projeto rejeitado. In. Registro de uma viv\u00eancia<\/strong>. S\u00e3o Paulo: Empresa das Artes, 1995. p.99.<\/p>\n

[41]<\/a> Barki fala em “baluartes e basti\u00f5es”. BARKI, Jos\u00e9. A inven\u00e7\u00e3o de Bras\u00edlia<\/strong>. Artigo apresentado durante o Semin\u00e1rio Bras\u00edlia 1956-2006. De la fundaci\u00f3n de una ciudad capital, al capital de la ciudad. Barcelona, nov., 2006. p.8.<\/p>\n

[42]<\/a> Comas fala da “Pra\u00e7a do Com\u00e9rcio Lisboeta e do Largo do Pa\u00e7o carioca”. COMAS, Carlos Eduardo Dias. Bras\u00edlia quadragen\u00e1ria: a paix\u00e3o de uma monumentalidade nova. In. Anais do<\/strong> IX Semin\u00e1rio de Hist\u00f3ria da Cidade e do Urbanismo<\/strong>.S\u00e3o Paulo: set., 2006. p.11.<\/p>\n

[43]<\/a> COSTA, Lucio. Considera\u00e7\u00f5es em torno do Plano-Piloto de Bras\u00edlia. In. Anais do<\/strong> I Semin\u00e1rio de estudos dos problemas urbanos de Bras\u00edlia<\/strong>. Estudos e debates. Bras\u00edlia: Senado Federal, 1974. p.23.<\/p>\n

[44]<\/a> SCHLEE, Andrey, FICHER, Sylvia. Vera Cruz, futura capital do Brasil, 1955. In. Anais do<\/strong> IX Semin\u00e1rio de Hist\u00f3ria da Cidade e do Urbanismo<\/strong>.S\u00e3o Paulo: set., 2006.<\/p>\n

[45]<\/a> COSTA, Lucio. Considera\u00e7\u00f5es em torno do Plano-Piloto de Bras\u00edlia. In. Anais do<\/strong> I Semin\u00e1rio de estudos dos problemas urbanos de Bras\u00edlia<\/strong>. Estudos e debates. Bras\u00edlia: Senado Federal, 1974. p.24.<\/p>\n

[46]<\/a> COMAS, Carlos Eduardo Dias. Bras\u00edlia quadragen\u00e1ria: a paix\u00e3o de uma monumentalidade nova. In. Anais do<\/strong> IX Semin\u00e1rio de Hist\u00f3ria da Cidade e do Urbanismo<\/strong>.S\u00e3o Paulo: set., 2006.<\/p>\n

[47]<\/a> COSTA, Lucio. In. CORDEIRO, Luiz Alberto, SIQUEIRA, T\u00e2nia Battella de (orgs.). Bras\u00edlia 57-85<\/strong> (do plano-piloto ao Plano Piloto)<\/strong>. Bras\u00edlia: GDF, 1985. p.42.<\/p>\n

[48]<\/a> O Pavilh\u00e3o foi utilizado como restaurante “chin\u00eas”, como centro de informa\u00e7\u00f5es tur\u00edsticas e quase virou “Museu de Armas”. Recentemente foi restaurado mas, at\u00e9 agosto de 2007, permanecia fechado.<\/p>\n

[49]<\/a> COSTA, Lucio. In. CORDEIRO, Luiz Alberto, SIQUEIRA, T\u00e2nia Battella de (orgs.). Bras\u00edlia 57-85<\/strong> (do plano-piloto ao Plano Piloto)<\/strong>. Bras\u00edlia: GDF, 1985. p.43 e 45. Entre 1994 e 98, Oscar Niemeyer projetou e construiu os anexos do TCU.<\/p>\n

[50]<\/a> NIEMEYER, Oscar. Museu Tiradentes. M\u00f3dulo<\/strong>, Rio de Janeiro, n. 59,\u00a0 Jul. 1980, pp.72-73.<\/p>\n

[51]<\/a> O Espa\u00e7o Lucio Costa foi dedicado por Oscar Niemeyer \u00e0 Lucio Costa e inaugurado em 27\/02\/1992.<\/p>\n

[52]<\/a> COSTA, Lucio. Relat\u00f3rio do Plano Piloto. M\u00f3dulo<\/strong>, Rio de Janeiro, n.8, jul., 1957. p.40.<\/p>\n

[53]<\/a> COSTA, Lucio. Lucio Costa rompe o sil\u00eancio e fala de seu trabalho.\u00a0 Revista AU<\/strong>, S\u00e3o Paulo, n.1, jan., 1985.<\/p>\n

[54]<\/a> NOBRE, Ana Luiza. Lucio Costa. “Je suis comme je suis”. Revista AU<\/strong>, S\u00e3o Paulo, n.74, p.72, out.\/nov., 1997.<\/p>\n


\n

Refer\u00eancias Bibliogr\u00e1ficas<\/h3>\n

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Andrey Rosenthal Schlee<\/strong>
\nArquiteto e urbanista, professor do Departamento de Teoria e Hist\u00f3ria da Faculdade de Arquitetura e urbanismo da UnB.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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