{"id":1969,"date":"2009-02-04T18:34:06","date_gmt":"2009-02-04T20:34:06","guid":{"rendered":"http:\/\/puntoni.28ers.com\/?p=1969"},"modified":"2009-02-04T18:36:04","modified_gmt":"2009-02-04T20:36:04","slug":"decisao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/puntoni.28ers.com\/2009\/02\/04\/decisao\/","title":{"rendered":"Decis\u00e3o"},"content":{"rendered":"
Sobre o projeto da<\/em> <\/em><\/a>Pra\u00e7a da Soberania.<\/a><\/em><\/p>\n Oscar Niemeyer<\/span><\/p>\n Sab\u00edamos que essa obra em nada prejudicaria o Plano Piloto, que, ao contr\u00e1rio, garantiria a esta capital o estacionamento para 3.000 carros que faltava. E parecia-nos ver a pra\u00e7a j\u00e1 constru\u00edda, tendo, de um lado, o pr\u00e9dio baixo e sinuoso correspondente ao Memorial dos Presidentes, e, no centro, um grande tri\u00e2ngulo destinado a uma exposi\u00e7\u00e3o permanente sobre o progresso de nosso pa\u00eds – tri\u00e2ngulo que, pouco a pouco, se ia transformando no monumento principal da cidade.<\/p>\n E foi com a apresenta\u00e7\u00e3o desse projeto que h\u00e1 v\u00e1rias semanas uma pol\u00eamica se estendeu, ocupando os jornais. Confesso que eu n\u00e3o esperava tanto apoio dos que sobre a quest\u00e3o se manifestaram. Na verdade, alguns dos mais conhecidos arquitetos que atuaram em Bras\u00edlia acorreram a me prestigiar, inclusive Lel\u00e9, que para mim telefonou esta manh\u00e3 dizendo: “Oscar, estou doente, febril. Mas, se voc\u00ea precisar de mim, \u00e9 s\u00f3 me ligar”.<\/p>\n E foi diante dessas provas de grande amizade que li nos jornais que o governador Jos\u00e9 Roberto Arruda, por falta de verba e de tempo, reconhecia ser agora imposs\u00edvel realizar a constru\u00e7\u00e3o da pra\u00e7a que tanto desejava.<\/p>\n Com pesar nos reunimos, eu e meus companheiros de Bras\u00edlia, para avaliar o que se passava. E chegamos \u00e0 conclus\u00e3o de que o governador do Distrito Federal n\u00e3o teria, como nos comunicou, condi\u00e7\u00f5es para executar aquele projeto que tanto o empolgava.<\/p>\n O que fazer? O \u00fanico pensamento que nos ocorria era, compreensivos, agradecer o apoio que o governador, com ineg\u00e1vel interesse, nos dera e p\u00f4r de lado – provisoriamente – a id\u00e9ia que muito nos entusiasmara. O projeto continuaria a ser desenvolvido normalmente, na esperan\u00e7a, quem sabe, de um dia a sua realiza\u00e7\u00e3o tornar a ser cogitada.<\/p>\n Confesso que, ao tomar esta decis\u00e3o, alguns dos meus companheiros pareceram magoados, embora sentisse em todos e em mim mesmo um certo al\u00edvio em p\u00f4r um ponto final a essa celeuma que tanto nos ocupara.<\/p>\n E compreendi que esta noite, mais tranquilo, voltaria \u00e0 leitura de A viagem do elefante,<\/em> que Saramago, esse grande escritor portugu\u00eas, t\u00e3o gentilmente me enviou. E amanh\u00e3, ter\u00e7a-feira [ontem], vou assistir com os meus amigos \u00e0s aulas de cosmologia e filosofia que h\u00e1 cinco anos o f\u00edsico Luiz Alberto Oliveira ministra para n\u00f3s, fazendo-nos sentir que o que mais importa n\u00e3o s\u00e3o as tarefas que \u00e0s vezes com sucesso realizamos, mas sim a luta por um mundo mais justo e solid\u00e1rio que nos ocupa, e que um dia, mais pr\u00f3ximo do que imaginamos, se tornar\u00e1 realidade.<\/p>\n Oscar Niemeyer Texto enviado pelo autor, e tamb\u00e9m publicado em 04\/02\/2009 no Correio Braziliense<\/a>.<\/span><\/p>\n
\nDois ou tr\u00eas dias atr\u00e1s era com entusiasmo que eu acompanhava, nos jornais, as discuss\u00f5es surgidas em torno da possibilidade de se inserir em Bras\u00edlia a nova pra\u00e7a que projetei. Uma pra\u00e7a monumental, t\u00e3o bonita que, acredit\u00e1vamos, daria ao Plano Piloto a import\u00e2ncia desejada.<\/p>\n
\n<\/strong>Arquiteto<\/p>\n