{"id":328,"date":"2006-02-28T17:04:51","date_gmt":"2006-02-28T19:04:51","guid":{"rendered":"http:\/\/puntoni.28ers.com\/?p=328"},"modified":"2009-02-04T05:42:00","modified_gmt":"2009-02-04T07:42:00","slug":"contra-a-integridade","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/puntoni.28ers.com\/2006\/02\/28\/contra-a-integridade\/","title":{"rendered":"Contra a integridade"},"content":{"rendered":"
<\/a><\/p>\n Silke Kapp<\/p>\n [Ler o artigo em PDF]<\/strong><\/a><\/p>\n <\/p>\n Escrevi em outra ocasi\u00e3o que a pr\u00e1tica arquitet\u00f4nica do movimento moderno manteve intacta uma s\u00e9rie de concep\u00e7\u00f5es tradicionais de projeto, cunhadas historicamente pela produ\u00e7\u00e3o do espa\u00e7o extraordin\u00e1rio [1]. Chamo de extraordin\u00e1rio o espa\u00e7o dos objetos excepcionais, monumentais, destinados ao culto, \u00e0 representa\u00e7\u00e3o pol\u00edtica ou \u00e0 guerra, em contraposi\u00e7\u00e3o ao espa\u00e7o da vida cotidiana, que poder\u00edamos denominar ordin\u00e1rio, no sentido em que os angl\u00f3fonos entendem o termo. O espa\u00e7o extraordin\u00e1rio j\u00e1 era tema central para Vitr\u00favio \u2013 que, afinal, escreveu para aconselhar seu imperador no controle das obras p\u00fablicas \u2013 e, no Renascimento, \u00e9 o contexto em que surge a figura moderna do arquiteto. Na constru\u00e7\u00e3o de objetos excepcionais o arquiteto se al\u00e7a da condi\u00e7\u00e3o de trabalhador manual \u00e0 de trabalhador intelectual, que domina o desenho e, com esse instrumento abstrato, domina tamb\u00e9m os demais trabalhadores do canteiro. Enquanto isso, o espa\u00e7o dos usos cotidianos, triviais, continua a ser produzido sem arquitetos e sem seus instrumentos de controle.<\/p>\n A situa\u00e7\u00e3o s\u00f3 se modifica parcialmente no in\u00edcio do s\u00e9culo 20, quando sobretudo os arquitetos do Movimento Moderno assumem para si a tarefa de projetar tamb\u00e9m o espa\u00e7o comum: moradias, com\u00e9rcio, conv\u00edvio, etc. A inova\u00e7\u00e3o n\u00e3o ocorre por iniciativa espont\u00e2nea ou por motiva\u00e7\u00f5es humanistas, mas nas circunst\u00e2ncias pol\u00edticas e econ\u00f4micas de uma forma\u00e7\u00e3o social capitalista ent\u00e3o seriamente amea\u00e7ada de colapso (e em cuja an\u00e1lise n\u00e3o me deterei aqui). Ao se enveredarem por esses novos temas de projeto, os arquitetos do Movimento Moderno de fato os entendem como temas, n\u00e3o como possibilidade de transforma\u00e7\u00e3o radical de seu pr\u00f3prio papel na sociedade. Como dito no in\u00edcio, n\u00e3o abandonam as premissas e os procedimentos advindos da tradi\u00e7\u00e3o dos monumentos. Persistem \u2013 e a meu ver isso vale ainda hoje \u2013 os ideais do objeto arquitet\u00f4nico como obra (de arte), creditado a um autor (artista ou intelectual), com usu\u00e1rios passivos, sejam eles observadores que contemplam a obra, sejam personagens que nela atuam segundo o roteiro estabelecido pelo autor.<\/p>\n Aqui quero centrar essa mesma discuss\u00e3o na no\u00e7\u00e3o de integridade, sintetizando as quest\u00f5es anteriores e, ao mesmo tempo, aprofundando-as em alguns aspectos. Trata-se de argumentar o quanto o capital simb\u00f3lico (Bourdieu) do campo da arquitetura ainda est\u00e1 pautado no ideal da integridade, o quanto esse ideal tende a ser pernicioso para o conjunto dos seres humanos envolvidos na produ\u00e7\u00e3o e no uso do espa\u00e7o arquitet\u00f4nico e que tipo de racioc\u00ednios poder\u00edamos experimentar em contraposi\u00e7\u00e3o a esse ideal.<\/p>\n Integridade vem do latim integer, que s\u00adignifica completo, inteiro. \u00cdntegra \u00e9 coisa intacta, n\u00e3o danificada ou corrompida. No \u00e2mbito \u00e9tico, integridade designa a virtude da coer\u00eancia entre os princ\u00edpios e valores de uma pessoa e suas a\u00e7\u00f5es pr\u00e1ticas. No \u00e2mbito das obras de arte, especialmente da arte codificada pela sociedade burguesa do s\u00e9culo XIX, a integridade est\u00e1 relacionada a ambos os aspectos e, ainda, a sua conjun\u00e7\u00e3o: integridade material ou sens\u00edvel, integridade formal ou intelectual e coer\u00eancia entre uma coisa e outra. A obra \u00edntegra \u00e9 um objeto no qual \u201cnada se pode acrescentar, retirar ou alterar sem torn\u00e1-lo pior\u201d (Alberti) [2], um objeto que engendra a \u201cmanifesta\u00e7\u00e3o sens\u00edvel da id\u00e9ia\u201d (Hegel) e um objeto em que os chamados forma e conte\u00fado se correspondem de alguma maneira. Ele \u00e9 enfim, um objeto que tem certa logicidade pr\u00f3pria, ainda que ela n\u00e3o seja a mesma do mundo emp\u00edrico exterior \u00e0 obra. \u00c9 interessante lembrar nesse contexto um crit\u00e9rio sugerido por Alexander Baumgarten para qualificar a poesia. Ele dizia que a boa fic\u00e7\u00e3o po\u00e9tica poderia, sem nenhum problema, contrariar as leis naturais do mundo que conhecemos, operando num \u201cheterocosmos\u201d, isto \u00e9, num cosmos inventado pelo poeta, desde que esse outro cosmos tivesse as suas pr\u00f3prias leis, n\u00e3o contradit\u00f3rias entre si ou mutuamente excludentes [3]. Isso se aplicaria tanto \u00e0s coisas (rei) que o poema apresenta, quanto \u00e0 ordem ou disposi\u00e7\u00e3o do pr\u00f3prio poema e ao seu modo de express\u00e3o. O que esse fil\u00f3sofo do s\u00e9culo 18 considerou especificamente para a poesia tornou-se um princ\u00edpio geral da obra de arte burguesa.<\/p>\n Durante muito tempo a Arquitetura, enquanto profiss\u00e3o e disciplina acad\u00eamica, foi entendida como parte do \u201csistema moderno das artes\u201d (Kristeller) e praticada, ensinada e avaliada no contexto institucional de pintura e escultura. Assim, o ideal da integridade tamb\u00e9m faz parte da hist\u00f3ria da arquitetura desde o Renascimento. Ele se expressa primeiro na consist\u00eancia geom\u00e9trica e ornamental das ordens cl\u00e1ssicas, passa pela coer\u00eancia entre essas ordens e a fun\u00e7\u00e3o dos edif\u00edcios, oscila entre a l\u00f3gica apreendida pelo intelecto e a completude percebida pelos sentidos, at\u00e9 desembocar na cataloga\u00e7\u00e3o de estilos hist\u00f3ricos e no ecletismo, que s\u00e3o a pr\u00f3pria amea\u00e7a de desintegra\u00e7\u00e3o, para finalmente ser recuperado pelo Movimento Moderno. Ali\u00e1s, nessa linha de racioc\u00ednio, o Movimento Moderno foi mais tradicional do que a tradi\u00e7\u00e3o que se esfor\u00e7ou em superar. N\u00e3o perseguia mais a cl\u00e1ssica ordena\u00e7\u00e3o ornamental, \u00e9 verdade. Mas valores como verdade estrutural, correspond\u00eancia de forma e fun\u00e7\u00e3o, coincid\u00eancia entre constru\u00e7\u00e3o e express\u00e3o pl\u00e1stica nada mais s\u00e3o do que ideais de integridade.<\/p>\n Enquanto a produ\u00e7\u00e3o dos arquitetos esteve restrita ao espa\u00e7o extraordin\u00e1rio, os crit\u00e9rios a\u00ed implicados e a analogia de obras de arte e obras de arquitetura talvez at\u00e9 tivessem alguma pertin\u00eancia. Se bem que n\u00e3o se deve esquecer o argumento de Paulo Bicca, de que a arquitetura dos arquitetos difere fundamentalmente de outras artes, porque cinde trabalho intelectual e manual, em vez de reuni-los; e de que n\u00e3o h\u00e1 arquitetura monumental sem domina\u00e7\u00e3o, porque nenhum ser humano se disp\u00f5e \u00e0 penosa tarefa de constru\u00e7\u00e3o material de id\u00e9ias alheias sem ser coagido a isso de alguma forma [4].Mas admitamos por ora que, apesar de tudo isso, possa fazer algum sentido construir pal\u00e1cios, igrejas, parques p\u00fablicos, esta\u00e7\u00f5es ferrovi\u00e1rias ou museus segundo um conjunto de princ\u00edpios e sob o comando de um autor. E podemos at\u00e9 conceder tamb\u00e9m que o tipo de t\u00e9cnica de que n\u00f3s dependemos hoje torna necess\u00e1rias determinadas edifica\u00e7\u00f5es de grande porte e complexidade controlada. A pergunta \u00e9 se a mesma coisa se aplica ao espa\u00e7o em geral.<\/p>\n A minha resposta a essa pergunta \u00e9, evidentemente, negativa. Isso em raz\u00e3o de um \u00fanico argumento. O tipo de integridade que o campo disciplinar da arquitetura valoriza depende da exist\u00eancia de uma sociedade em cujas constru\u00e7\u00f5es a maior parte dos cidad\u00e3os n\u00e3o interfere ativamente, isto \u00e9, uma sociedade em que tanto as pessoas que constr\u00f3em (materialmente), quanto aquelas que usam o espa\u00e7o se submetem \u00e0 ordem engendrada por um grupo relativamente pequeno. Nenhuma democracia real pode ser constitu\u00edda dessa maneira. Numa democracia real \u201cqualquer sistema que n\u00e3o d\u00e1 o direito de escolha a quem deve suportar as conseq\u00fc\u00eancias de uma escolha ruim \u00e9 um sistema imoral.\u201d [5]<\/p>\n Os ideais de integridade do Movimento Moderno n\u00e3o se concretizaram a n\u00e3o ser em alguns poucos objetos que agora precisam ser cuidadosamente preservados para n\u00e3o se desintegrarem pela interven\u00e7\u00e3o de quem as usa. A compartimenta\u00e7\u00e3o da cidade em trabalho, moradia, lazer e circula\u00e7\u00e3o se mostrou descabida, o plano piloto de Bras\u00edlia se tornou uma \u00ednfima parte da cidade real, favelas e outras formas de constru\u00e7\u00e3o informal sustentam a cidade formal, as medidas de planejamento est\u00e3o paradoxalmente dedicadas n\u00e3o ao futuro mas ao que j\u00e1 aconteceu. Mas, n\u00e3o obstante esse evidente fracasso, arquitetos continuam se queixando da incompreens\u00e3o de construtores e usu\u00e1rios, as escolas continuam preconizando a exist\u00eancia de um \u201cconceito\u201d a ser coerentemente seguido nas decis\u00f5es de projeto, e as tend\u00eancias arquitet\u00f4nicas mais recentes continuam oscilando entre os diferentes ideais de integridade: pl\u00e1stica, estrutural, construtiva, funcional, filos\u00f3fica ou metaf\u00f3rica. Ocupam-se da vontade \u00edntima do tijolo, sem refletir o fato de que a consecu\u00e7\u00e3o da vontade de um projetista implica a supress\u00e3o da vontade de muitos outros cidad\u00e3os.<\/p>\n Levado a s\u00e9rio, esse racioc\u00ednio leva a uma outra maneira de pensar a atua\u00e7\u00e3o do arquiteto: n\u00e3o como planejador ou projetista do espa\u00e7o alheio, mas possivelmente como gerador de instrumentos que facilitam as decis\u00f5es e a\u00e7\u00f5es sobre o espa\u00e7o por aqueles que o constr\u00f3em e usam. Para explicitar isso um pouco mais, quero contrapor ao ideal da integridade a no\u00e7\u00e3o de auto-organiza\u00e7\u00e3o. Auto-organiza\u00e7\u00e3o \u00e9 um processo de incremento espont\u00e2neo na organiza\u00e7\u00e3o de um sistema, sem que haja controle pelo meio circundante ou por um outro sistema externo. A auto-organiza\u00e7\u00e3o gera estruturas de maior complexidade dentro e a partir do pr\u00f3prio sistema original. Estamos habituados a crer que, para tudo aquilo que est\u00e1 de alguma maneira organizado, deve haver um organizador externo \u2013 em \u00faltima an\u00e1lise, Deus, o chamado arquiteto do universo. Ali\u00e1s, a prova da exist\u00eancia de Deus por Santo Tom\u00e1s de Aquino se baseia nesse argumento. Ele est\u00e1 refletido tamb\u00e9m no paradigma da entropia ou no princ\u00edpio, derivado da segunda lei da termodin\u00e2mica, de que a diferencia\u00e7\u00e3o interna de um sistema tende a diminuir por natureza at\u00e9 o limite da homogeneidade absolutamente indistinta. Hoje, as ci\u00eancias naturais est\u00e3o mais afeitas \u00e0 hip\u00f3tese de que a pr\u00f3pria vida teria surgido num processo de auto-organiza\u00e7\u00e3o.<\/p>\n No entanto, n\u00e3o quero recair aqui nas mal compreendidas met\u00e1foras cient\u00edficas. N\u00e3o se trata de reproduzir, pela plasticidade escultural, por um avan\u00e7ado programa de computador ou por qualquer outro expediente, l\u00f3gicas fuzzy, fractais e outros processos da natureza p\u00f3s-newtoniana. Em mat\u00e9ria de arquitetura, nada disso seria fundamentalmente diferente do que se fez desde o Renascimento, pois empregar um programa gerador de formas complexas em lugar dos ditames da tratad\u00edstica cl\u00e1ssica ou das formas \u201cbrancas\u201d do Modernismo n\u00e3o modifica em nada o poder de decis\u00e3o das pessoas sobre seu pr\u00f3prio espa\u00e7o. Pessoas s\u00e3o providas de vontade ou arb\u00edtrio; n\u00e3o devem ser abordadas nem como personagens de uma obra, nem como part\u00edculas de um processo f\u00edsico-qu\u00edmico. Do ponto de vista social, a possibilidade de auto-organiza\u00e7\u00e3o \u00e9 a possibilidade de autonomia de indiv\u00edduos e grupos, isto \u00e9, a possibilidade de que d\u00eaem a si mesmos suas pr\u00f3prias normas, em lugar de as receberem por imposi\u00e7\u00e3o externa, heteronomamente.<\/p>\n Esse tipo de auto-organiza\u00e7\u00e3o, que envolve pessoas providas de vontade, contraria a inte\u00adgridade em que a arquitetura \u00e9 tradicional\u00admente pautada, pois pressup\u00f5e a exist\u00eancia de elementos indeterminados e de elementos redundantes ou, num sentido amplo do termo, elementos desprovidos de fun\u00e7\u00e3o e elementos de mesma fun\u00e7\u00e3o. Nem no sistema original, nem em qualquer um de seus progressivos estados de auto-organiza\u00e7\u00e3o ter-se-\u00e1 a situa\u00e7\u00e3o preconizada por Alberti, em que nada se pode acrescentar, retirar ou modificar sem torn\u00e1-la pior. Ao mesmo tempo, parece crucial para um sistema s\u00f3cio-espacial pass\u00edvel de auto-o\u00adrganiza\u00e7\u00e3o que seus elementos sejam prop\u00edcios a novos v\u00ednculos. Li recentemente uma boa met\u00e1fora para explicar isso, \u00e0 qual recorro aqui por pensar que ela \u00e9 suficientemente long\u00ednqua para evitar o risco de seu uso literal na arquitetura. Se misturarmos um monte de clips de papel numa coqueteleira, alguns poucos clips talvez formar\u00e3o pequenas correntes. Mas se fizermos a mesma coisa com clips abertos previamente, a quantidade de elos tende a ser bem maior [6]. Na minha opini\u00e3o, a preocupa\u00e7\u00e3o dos arquitetos deveria estar centrada nessa diferen\u00e7a.<\/p>\n 1.\u00a0 \u201cMoradia e Contradi\u00e7\u00f5es do Projeto Moderno\u201d. Revista Interpretar Arquitetura. Vol.6, N.8. Belo Horizonte, Outubro 2005. URL; http:\/\/www.arquitetura.ufmg.br\/ia\/<\/a> silke kapp (1966)<\/strong>notas<\/h3>\n
\n2.\u00a0 Leon Battista Alberti. On the Art of Building in Ten Books (De Re Aedificatoria). Cambridge (Massachusetts): MIT Press, 1996, VI, 2.
\n3.\u00a0 Alexander Baumgarten. Meditationes philosophicae de nonullis ad poema pertinentibus\/ Philosophische Betrachtungen \u00fcber einige Bedingungen des Gedichtes (1735).Hamburg: Felix Meiner, 1983, \u00a7 22 et seq.
\n4.\u00a0 Paulo Bicca. Arquiteto: A M\u00e1scara e a Face. S\u00e3o Paulo: Projeto, 1984.
\n5.\u00a0 Yona Friedman. Toward a Scientific Architecture. Cambridge (Massachusetts): MIT Press, 1980, p.13.
\n6.\u00a0 F. Heylighen, C. Joslyn and V. Turchin (editors): Principia Cybernetica Web URL: http:\/\/pespmc1.vub.ac.be\/REFERPCP.html<\/a>.<\/p>\n
\nFormada em Arquitetura e Urbanismo (UFMG, 1988), Mestre e Doutora em Filosofia (UFMG, 1999), Professora Adjunta do Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura da UFMG, Pesquisadora do CNPq, Coordenadora do Grupo de Pesquisa MOM (Morar de Outras Maneiras), com projetos de pesquisa financiados pela FINEP (Minist\u00e9rio de Ci\u00eancia e Tecnologia), pelo CNPq e pelo Instituto Libertas. Autora de Non Satis Est – Excessos e Teorias Est\u00e9ticas no Esclarecimento (Porto Alegre: Escritos, 2004) e de diversos artigos e cap\u00edtulos de livros nas \u00e1reas de Arquitetura e Filosofia.<\/p>\n