{"id":401,"date":"2006-03-31T19:43:21","date_gmt":"2006-03-31T21:43:21","guid":{"rendered":"http:\/\/puntoni.28ers.com\/?p=401"},"modified":"2009-02-04T05:40:41","modified_gmt":"2009-02-04T07:40:41","slug":"monumentalidade-e-cotidiano-a-funcao-publica-da-arquitetura","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/puntoni.28ers.com\/2006\/03\/31\/monumentalidade-e-cotidiano-a-funcao-publica-da-arquitetura\/","title":{"rendered":"Monumentalidade e cotidiano: a fun\u00e7\u00e3o p\u00fablica da arquitetura"},"content":{"rendered":"

\"mdc<\/a>Carlos Ant\u00f4nio Leite Brand\u00e3o<\/p>\n

[Ler o artigo em PDF]<\/strong><\/a><\/p>\n

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1.<\/h4>\n

Monumento e cotidiano remetem, em primeira inst\u00e2ncia, \u00e0s dimens\u00f5es da eternidade e do dia a dia; do que \u00e9 raro e do que se repete; do que remete \u00e0 mem\u00f3ria, \u00e0 lembran\u00e7a, e se destina tamb\u00e9m ao futuro (como na etimologia de \u201cmonumento\u201d) e do que serve ao presente e ao corriqueiro comum (como na etimologia de \u201ccotidiano\u201d). Queria abordar este bin\u00f4mio, nesta primeira parte, referindo-o a essas duas dimens\u00f5es do tempo e partindo da hist\u00f3ria da arquitetura.<\/p>\n

A constru\u00e7\u00e3o do templo grego cl\u00e1ssico consolida toda uma s\u00e9rie de h\u00e1bitos construtivos presentes na tradi\u00e7\u00e3o desde a \u00e9poca das constru\u00e7\u00f5es em madeira do per\u00edodo arcaico; mant\u00e9m como invariantes as refer\u00eancias principais da tipologia original procurando apenas aperfei\u00e7o\u00e1-las atrav\u00e9s do apuro das t\u00e9cnicas e detalhes, como \u00e9 o caso das ordens, e evitando a hybris da originalidade e da \u201cmania de cons\u00adtruir\u201d persa (libide aedificandi<\/em>) [2]; cuida de fazer da arquitetura ve\u00edculo de mensagens hist\u00f3ricas, \u00e9ticas e culturais que ultrapassam o que \u00e9 arquitetura strictu sensu; d\u00e1 forma e perenidade ao que surge como decorr\u00eancia da fun\u00e7\u00e3o e da t\u00e9cnica como os triglifos, os capit\u00e9is, \u00e1bacos e caneluras. E al\u00e9m de tudo, \u00e9 o ponto para o qual convergem os esfor\u00e7os coletivos e simb\u00f3licos de uma comunidade para afirmar-se para si e para os outros, como proposto por P\u00e9ricles na constru\u00e7\u00e3o da acr\u00f3pole ateniense ou pelas comunidades medievais ao erigirem suas catedrais. Um monumento, como o Parthenon, torna p\u00fablico, tanto para os contempor\u00e2neos quanto para as gera\u00e7\u00f5es futuras, aquilo que teve uma origem dispersa (ou mesmo privada) no tempo e no espa\u00e7o, mas acabou reunido na obra de arquitetura para marcar a cultura hel\u00eanica e sua gl\u00f3ria, n\u00e3o apenas militar. Ele presentifica aquilo que, por sua repeti\u00e7\u00e3o na hist\u00f3ria e no cotidiano, se consagrou e fez-se arch\u00e9 \u2013 origem, arqu\u00e9tipo, modelo, refer\u00eancia e princ\u00edpio a ser sempre rememorado diante do cotidiano e da urg\u00eancia de suas demandas. O monumental, portanto, n\u00e3o \u00e9 o grandioso, o excepcional, o in\u00e9dito, mas, ao contr\u00e1rio, a s\u00edntese que tornou-se comum, p\u00fablica e leg\u00edtima dentro de uma tradi\u00e7\u00e3o. O monumento \u201crememora\u201d e remete a uma suposta inst\u00e2ncia original dos atos construtivos, da cultura e da civiliza\u00e7\u00e3o grega, inst\u00e2ncia esta que funda o presente, mesmo que contraditando-o em sua superf\u00edcie, sugere a confian\u00e7a de um povo em si pr\u00f3prio e o destino a ser perseguido. Fundar um passado, atrav\u00e9s da constru\u00e7\u00e3o de um monumento no presente, \u00e9 tamb\u00e9m caminhar em dire\u00e7\u00e3o a um futuro ao fim do qual se encontram os valores forjados no passado. Para inventarmos um futuro que criamos para n\u00f3s \u00e9 costume forjar um passado que o prepare ou o legitime. Um bom exemplo disto \u00e9 Leonardo Bruni no quattrocento florentino, inventando no passado um parentesco entre Floren\u00e7a e Roma para projetar o destino de grandeza e liberdade de sua cidade no futuro. Mais do que rememorar um passado, sobretudo no caso de pa\u00edses colonizados e de tradi\u00e7\u00e3o difusa como o nosso, o monumento d\u00e1-nos uma imagem de futuro e de destino. O monumento abre o presente e liga uma tradi\u00e7\u00e3o recebida a uma tradi\u00e7\u00e3o que procura fundar. Do cotidiano e da repeti\u00e7\u00e3o dos mesmos gestos construtivos ele retira sua significa\u00e7\u00e3o e a capacidade de enviar para o futuro as marcas do tempo em que foi constru\u00eddo. Da\u00ed, por exemplo, a escala humana em que ele se definiu na Gr\u00e9cia.<\/p>\n

O Parthenon constitui sua monumentalidade a partir dos gestos sacralizados por sua repeti\u00e7\u00e3o e da rememora\u00e7\u00e3o da arch\u00e9<\/em> que, por ele e pela concep\u00e7\u00e3o c\u00edclica do tempo, \u00e9 reproposta ao futuro. Por isto ele evita a originalidade, vista como uma desmesura ou v\u00edcio do artista. A monumentalidade de uma catedral g\u00f3tica se constitui em fun\u00e7\u00e3o da vida eterna e da escala sobre-humana, que imp\u00f5em-se ao cotidiano, celebrando a \u201ccidade de Deus\u201d acima da \u201ccidade dos homens\u201d e o n\u00e3o-tempo em que se cr\u00ea reg\u00ea-la. Nele, eternidade ou arch\u00e9 <\/em>\u00e9 vista ap\u00f3s a vida terrena e al\u00e9m do cotidiano, da\u00ed sua articula\u00e7\u00e3o vertical a motivar-nos \u00e0 trans-cend\u00eancia. A monumentalidade da Torre Eiffel \u00e9 vista num futuro laico, n\u00e3o transcendente, a que nos levar\u00e1 o progresso e sua concep\u00e7\u00e3o linear do tempo. Este futuro promete a reden\u00e7\u00e3o e a salva\u00e7\u00e3o que n\u00e3o mais se encontram na origem, como nos gregos e no Renascimento, e nem na vida eterna, mas no futuro, o que ainda \u00e9 fora do presente. A salva\u00e7\u00e3o pelo progresso ou pela religi\u00e3o, a que nos remetem os edif\u00edcios, s\u00e3o os fundamentos de uma monumentalidade cons\u00adtru\u00edda pela evas\u00e3o do presente ou do cotidiano. No passado, como no caso grego; no futuro, como no caso da Torre Eiffel; ou na vida eterna, como no caso da catedral g\u00f3tica, o monumento se define por essa sacraliza\u00e7\u00e3o do que n\u00e3o est\u00e1 no presente e n\u00e3o se encontra no real e no cotidiano.<\/p>\n

Quando Le Corbusier escreve ser a casa o monumento arquitet\u00f4nico do s\u00e9culo XXI, ele nos ilustra um modo diverso de se encarar a eternidade. Trata-se de uma eternidade constitu\u00edda a partir do real, do presente, do comum e do cotidiano. E a monumentalidade a ela correspondente n\u00e3o se faz por remeter-nos para algum lugar extra-mundo ou para outra cidade, outro presente e outra realidade, que n\u00e3o estes em que transcorremos nossa vida e em que realizamos nossa humanidade. Eleger a casa como nosso monumento \u00e9 dotar nossas a\u00e7\u00f5es e fun\u00e7\u00f5es do valor de salva\u00e7\u00e3o antes deposi\u00adtado em Deus, na tradi\u00e7\u00e3o ou nas promessas de progresso tecnol\u00f3gico. E, na verdade, salvamo-nos e realizamo-nos por essas a\u00e7\u00f5es e fun\u00e7\u00f5es desempenhadas no presente. \u00c9 nelas que encontramos a verdade, e n\u00e3o no passado, no futuro e na vida eterna.<\/p>\n

O presente: eis aquilo de que nos devemos lembrar e aquilo que devemos encontrar; ele vale mais que todo o passado vivido e todo o futuro a viver. \u00c9 nele em que se encontra a dimens\u00e3o que nos liberta do tempo e \u00e9 para ele que se deve dirigir o monumento de nosso novo tempo. Como na pintura impressionista, busca-se uma \u201cpresencialidade eterna\u201d no instante passageiro e nas rela\u00e7\u00f5es cotidianas humanas [3].Tempo e eternidade n\u00e3o s\u00e3o contrapostos, assim como n\u00e3o devem ser a arquitetura do cotidiano e a arquitetura do monumento. O monumento surge do nosso modo de habitar o mundo, de nossa experi\u00eancia ativa dele, de nossos gestos e a\u00e7\u00f5es no mundo p\u00fablico. A arquitetura do monumento n\u00e3o est\u00e1 no monumento \u2013 seja ele o pal\u00e1cio, o templo, o museu ou a casa \u2013, mas na aplica\u00e7\u00e3o mesma ao ato de construi-lo como o lugar em que o homem presente habita o real (e n\u00e3o o passado ou o futuro) e nele constr\u00f3i sua verdade e sua salva\u00e7\u00e3o enquanto indiv\u00edduo inserido num mundo p\u00fablico.<\/p>\n

Toda arquitetura tem fun\u00e7\u00e3o p\u00fablica e este p\u00fablico n\u00e3o deve ser entendido apenas como os vivos mas tamb\u00e9m como os nossos antepassados e os que nos suceder\u00e3o, para os quais ela tamb\u00e9m se dirige formando o que temos chamado de um republicanismo intergeracional, um dos focos de nossa pesquisa Arquitetura, Humanismo e Rep\u00fablica, desenvolvida junto ao CNPq. Isso dota-a de v\u00e1rias dimens\u00f5es que v\u00e3o al\u00e9m da utilidade imediata \u2013 tais como a necessidade de resistir ao tempo, \u00e0s intemp\u00e9ries e as inc\u00farias humanas \u2013 e exige um apuro t\u00e9cnico e s\u00edmbolos p\u00fablicos que expressem as potencialidades de uma comunidade, seus valores e seu projeto de comunidade, como \u00e9 o caso do Hospital dos Inocentes ou da catedral florentina, ambos de Brunelleschi, de Bras\u00edlia e das obras de L\u00facio Costa, Niemeyer, Artigas, Severiano Porto, Fl\u00e1vio de Carvalho, S\u00e9rgio Bernardes e tantos outros. Esse desvelamento chamamos de \u201cprodu\u00e7\u00e3o da verdade\u201d. A arquitetura \u00e9 a respons\u00e1vel por publiciz\u00e1-la e traz\u00ea-la para o espa\u00e7o que vemos e que habi\u00adtamos. Quando dizemos que toda arquitetura tem fun\u00e7\u00e3o p\u00fablica \u00e9 que ela somente se d\u00e1 na medida em que se pensa em fun\u00e7\u00e3o da res publica<\/em>, constituindo-a. Pensar o edif\u00edcio em fun\u00e7\u00e3o da cidade, da verdade e dos homens presentes e reais tem sido pedagogia dif\u00edcil em tempos de tanto cultivo do Narciso, que sempre sup\u00f5e sua verdade acima do real e do presente, e do artificial, como o que reluz nas formas bomb\u00e1sticas que trazem a marca do in\u00e9dito e s\u00e3o por demais caras para servirem \u00e0 constitui\u00e7\u00e3o do humano do homem e da res publica.
\nO monumento do mundo moderno, tal como o v\u00ea Le Corbusier, parte do presente e do homem real e visa ao comum, ao cotidiano, e n\u00e3o \u00e0 exce\u00e7\u00e3o, \u00e0 raridade, ao excepcional, ao que \u00e9 apartado do cotidiano. Tal como eu n\u00e3o sou pr\u00e9-constitu\u00eddo, mas algo que se forma, tamb\u00e9m o presente n\u00e3o \u00e9 um dado, mas algo que se constitui e a fun\u00e7\u00e3o p\u00fablica da arquitetura \u00e9 constituir nosso presente e nosso real e fazer-nos habitar nele, e n\u00e3o no passado, como o neoclassicismo, ou num futuro de esperan\u00e7as e ilus\u00f5es absurdas, como grande parte da arquitetura contempor\u00e2nea, que se divulga no sensacionalismo da m\u00eddia arquitet\u00f4nica. A fun\u00e7\u00e3o p\u00fablica da arquitetura \u00e9 fazer-nos compartilhar este presente, torn\u00e1-lo acess\u00edvel a todos, e atrav\u00e9s deste presente fazer-nos compartilhar tanto um passado quanto um destino comuns. Isto talvez seja o que melhor se aprende no Renas\u00adcimento italiano e no Moder\u00adnismo, quando os situamos como par\u00e2metros para empreender a cr\u00edtica ao formalismo e figurativismo dominantes na arquitetura contempor\u00e2nea. Esse compartilhamento \u00e9 que faz uma sociedade distinguir-se da \u201cmassa\u201d, e um mundo tornar-se verdadeiramente p\u00fablico, e n\u00e3o de espectadores. Sendo essa arquitetura objeto da referida pesquisa \u201cArquitetura, Humanismo e Rep\u00fablica\u201d prefiro, aqui, voltar a refletir sobre a quest\u00e3o do tempo e da eternidade, que est\u00e3o no fundamento da rela\u00e7\u00e3o entre o monumento e o cotidiano. Afinal, e cumpre destacar isto, o que notabiliza o monumento \u00e9 fazer-nos habitar a hist\u00f3ria e o tempo, mais que o espa\u00e7o e suas fun\u00e7\u00f5es, seja o tempo passado, seja o futuro, seja o presente em que se prospecta o passado e o futuro, os quais n\u00e3o existem em si: s\u00f3 existem o presente e sua visadas.<\/p>\n

Destacamos que o modernismo fez entrar uma nova concep\u00e7\u00e3o do monumento por ter aberto uma nova dimens\u00e3o da eternidade que se encontra aberta pelas perspectivas do presente e do real, e n\u00e3o mais depositada num passado ou futuro long\u00ednquo. Essa dimens\u00e3o por ele aberta, contudo, foi ofuscada diante do figurativismo de uma arquitetura que deixou de ver o espa\u00e7o como \u201cespa\u00e7o de a\u00e7\u00e3o\u201d para ser de contempla\u00e7\u00e3o e exibi\u00e7\u00e3o, sobretudo da genialidade narc\u00edsica dos arquitetos, fazendo surgir novas esp\u00e9cies de \u201ccate\u00addrais\u201d, como a do Museu de Bilbao, sem contudo qualquer a\u00adncoragem no solo p\u00fablico e no imagin\u00e1rio social, e avessa \u00e0 rela\u00e7\u00e3o com as demais constru\u00e7\u00f5es. Perder essa rela\u00e7\u00e3o com as demais constru\u00e7\u00f5es, aquelas que n\u00e3o s\u00e3o monumentos, e com espa\u00e7os e dimens\u00f5es hist\u00f3ricas, p\u00fablicas e sociais corr\u00f3i o pr\u00f3prio conceito de monumento que funda a acr\u00f3pole ateniense, a catedral g\u00f3tica ou os projetos de Eiffel, como em Paris ou em Porto, ou de Gaud\u00ed, em Barcelona. Descontextualizado, o monumento torna-se apenas um kitsch erudito, como os que vemos recentemente feitos nos quarteir\u00f5es fechados da Pra\u00e7a Sete em Belo Horizonte.<\/p>\n

2.<\/h4>\n

Chegamos ent\u00e3o a um segunda abordagem do problema, talvez mais radical: a da rela\u00e7\u00e3o entre obras de arquitetura e outras constru\u00e7\u00f5es e entre o monumento e o cotidiano. Radical porque a\u00ed encontra-se a pr\u00f3pria pergunta pelo que seja monumento, arquitetura, e o que os distingue na nossa produ\u00e7\u00e3o e na nossa cidade.<\/p>\n

Narciso, o arquiteto, pensa estar sempre na imin\u00eancia de dar \u00e0 luz um monumento arquitet\u00f4nico ao projetar sobre a prancheta ou em seu computador. Mas nenhum edif\u00edcio em si pode ser um monumento, pois isso lhe \u00e9 dado somente pela sua rela\u00e7\u00e3o com as demais constru\u00e7\u00f5es e com o restante da cidade real, hist\u00f3rica, imagin\u00e1ria e simb\u00f3lica nas quais habitamos. Nada \u00e9 extraordin\u00e1rio a n\u00e3o ser diante do ordin\u00e1rio cotidiano de nossa vida comum. Toda obra de arquitetura s\u00f3 se define enquanto tal dentro de um universo dominado por constru\u00e7\u00f5es sem o pedigree da arquitetura.<\/p>\n

Perguntar pelo que seja o monumento a\u00adrquitet\u00f4nico \u00e9 perguntar pela origem da pr\u00f3pria arquitetura. Os primeiros exemplos de monumentos arquitet\u00f4nicos s\u00e3o os funer\u00e1rios, cujas ru\u00ednas pr\u00e9-hist\u00f3ricas chegaram at\u00e9 n\u00f3s com sua aura de sacralidade e transcend\u00eancia; com sua fun\u00e7\u00e3o eminentemente p\u00fablica, simb\u00f3lica e religiosa bem demarcada frente ao territ\u00f3rio onde desenvolvemos nossa vida pr\u00e1tica, cotidiana e mortal e com sua cons\u00adtru\u00e7\u00e3o resultante de esfor\u00e7os da coletividade, que fazia destes monumentos express\u00e3o m\u00e1xima de suas vidas e valores maiores, inclusive os t\u00e9cnicos e construtivos. Essas ru\u00ednas definem-se como monumento na medida em que nos fazem habitar um mundo espiritual, um ideal e um destino comum em torno do qual uma c\u00adomunidade se re\u00fane e celebra a si, \u00e0 sua cultura e aos valores nela compartilhados. S\u00e3o monumentos p\u00fablicos e de fun\u00e7\u00e3o \u00e9tica, que providenciam uma idealidade, uma historici\u00addade e uma universalidade a serem lembradas e presentificadas diante das tarefas e demandas do cotidiano que sempre nos fazem esquec\u00ea-las. Eles respondem \u00e0quilo que dever\u00edamos ser e ao esp\u00edrito, mais do que \u00e0quilo que somos e \u00e0 nossa vida pr\u00e1tica. E o mesmo ocorre quando os romanos desenvolvem os monumentos profanos, sob as formas de colunas, mausol\u00e9us, arcos, est\u00e1tuas equestres e cenot\u00e1fios. Em todos esses monumentos, o indiv\u00edduo encontra o seu lugar na hist\u00f3ria e na p\u00f3lis e compartilha cultura, valores, id\u00e9ias e desejos com demais concidad\u00e3os, o que n\u00e3o \u00e9 providenciado pelo edif\u00edcio projetado por aquele arquiteto Narciso nem pelas outras constru\u00e7\u00f5es da cidade, as quais n\u00e3o est\u00e3o obrigadas \u00e0 arch\u00e9<\/em>, aos fundamentos, princ\u00edpios, destino e valores maiores que constituem uma sociedade. Sem essas constru\u00e7\u00f5es comuns, aquela excel\u00eancia da arch\u00e9<\/em> n\u00e3o se distinguiria. Sem o monumento, os acontecimentos do passado n\u00e3o seriam recompostos dentro da significa\u00e7\u00e3o que d\u00e1 a ele sua dimens\u00e3o hist\u00f3rica. Nossa historicidade aut\u00eantica s\u00f3 se d\u00e1 nesta d\u00edade entre a figura do monumento e o fundo das demais constru\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

\u00c9 isto que, analogamente, fazemos com o tempo, ao fixarmos os dias festivos como o N\u00adatal, a P\u00e1scoa, o Carnaval, o Dia da Independ\u00eancia ou a data de nosso anivers\u00e1rio. Esses paradigm\u00e1ticos dias de comemora\u00e7\u00e3o s\u00f3 adquirem sentido diante do car\u00e1ter amorfo dos demais em que transcorremos nossa experi\u00eancia di\u00e1ria. Tal como as ru\u00ednas funer\u00e1rias da pr\u00e9-hist\u00f3ria faziam da presen\u00e7a do divino e dos mortos uma cunha no labor di\u00e1rio, esses feriados suspendem, sem abolir ou anular, o dia-a-dia, de modo a questionarmos nossa vida, a lembrarmo-nos daquilo que realmente somos e pretendemos ser como seres humanos e mortais, indiv\u00edduos, membros de uma fam\u00edlia, cidad\u00e3os, herdeiros de uma tradi\u00e7\u00e3o recebida e protagonistas comuns de uma tradi\u00e7\u00e3o que fundamos na encruzilhada de nosso presente. Tais dias s\u00e3o focos da luz derramada sobre os dias comuns para reprov\u00ea-los de um sentido esquecido. Da mesma forma, os monumentos \u2013 como a acr\u00f3pole de P\u00e9ricles, a catedral medieval, o Duomo florentino, o pal\u00e1cio comunal renascentista, a Torre Eiffel, ou nossa belorizontina Pra\u00e7a da Liberdade \u2013 iluminam as demais constru\u00e7\u00f5es e partes da cidade e fazem projetar sobre ela a cultura do todo, da coletividade ou, para usarmos o termo que temos conferido a esta preval\u00eancia do todo e do bem comum sobre as partes e o bem privado, a dimens\u00e3o \u201crepublicana\u201d da arquitetura. E \u00e9 por isso que, ao meu ju\u00edzo e a contrapelo do que advogam os chamados \u201cestudos culturais\u201d, n\u00adossos cursos de gradua\u00e7\u00e3o em arquitetura, tendo seu tempo limitado, devem priorizar o estudo dos\u00a0 m\u00adonumentos, mesmo quando se tratam de monumentos mais laicos como f\u00e1bricas, museus, bibliotecas e casas, a partir do s\u00e9culo XIX. Raros e avessos \u00e0 banaliza\u00e7\u00e3o, s\u00e3o eles que nos d\u00e3o uma \u201ccidadania\u201d arquitet\u00f4nica, uma cultura comum e uma idealidade que o Narciso e a mera resolu\u00e7\u00e3o da vida pr\u00e1tica n\u00e3o s\u00e3o capazes de nos proporcionar. S\u00e3o eles que suspendem a sucess\u00e3o de preocupa\u00e7\u00f5es fechadas no cotidiano e abrem-nos para a origem de onde viemos, para o destino aonde vamos e para aquilo que potencialmente poder\u00edamos ser. Este poder-ser est\u00e1 encoberto pelo cotidiano e \u00e9 o monumento que nos permite retomar possibilidades perdidas.<\/p>\n

\u00c9 poss\u00edvel ver a origem da constru\u00e7\u00e3o nas cabanas primitivas, em torno do fogo ou nas cavernas. Mas a origem da arquitetura, a qual \u00e9 uma parte dessa hist\u00f3ria da tekn\u00e9 <\/em>e s\u00f3 tem sentido enquanto serve \u00e0 nossa vida mortal e cotidiana, revela-se p\u00fablica, espiritual e trans\u00adcendente quando a pers\u00adcrutamos nas ru\u00ednas funer\u00e1rias e nos monumentos da p\u00f3lis. Ela constr\u00f3i a alteridade de uma habita\u00e7\u00e3o ideal e p\u00fablica exigida para que possamos viver melhor e de forma mais justa \u2013 bene beateque vivendum<\/em>, como dizia Alberti \u2013 n\u00adossos dias e nossos espa\u00e7os individuais, familiares, pr\u00e1ticos e funcionais que circunscrevem nossa exist\u00eancia. Pois s\u00f3 no espa\u00e7o da hist\u00f3ria e da comunidade, ou seja, ao relacionar-se com um centro maior (o italiano Duomo<\/em> ou o alem\u00e3o Dom<\/em>, por exemplo, para referir-se \u00e0 catedral, \u00e0 \u201ccasa de Deus\u201d) que ultrapassa seu domus dom\u00e9stico, pode o indiv\u00edduo encontrar o seu lugar verdadeiro e livre. O monumento \u00e9 a morada ideal e comum em que habitamos, o lugar onde o esp\u00edrito coletivo e do tempo fazem-se constru\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

S\u00f3 existem monumentos quando, antes de pretender o grandioso ou a beleza propriamente ditos, constru\u00edmos um modelo espiritual frente ao qual balizarmos nossas a\u00e7\u00f5es e valores cotidianos. Ao dizermos que um determinado edif\u00edcio \u00e9 um monumento de arquitetura ou que uma determinada obra \u00e9 um monumento da literatura ou que aquela mulher \u00e9 um verdadeiro monumento de beleza, o que estamos concebendo \u00e9 que eles servem como um ideal de arquitetura, de literatura e de beleza que funcionam como refer\u00eancias nossas, mesmo que n\u00e3o as saibamos defini-las ou que n\u00e3o tenhamos consci\u00eancia delas antes de v\u00ea-las.\u00a0\u00a0 S\u00ad\u00ad\u00e3o como figuras que se projetam sobre o fundo dos demais livros, edif\u00edcios e corpos femininos. Mas, figura e fundo n\u00e3o se deixam ver, sen\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o rec\u00edproca e em m\u00fatua depend\u00eancia. Um ilumina o outro.<\/p>\n

O projeto ambicioso de nosso arquiteto Narciso n\u00e3o ilumina este fundo das demais constru\u00e7\u00f5es, n\u00e3o se p\u00f5e em fun\u00e7\u00e3o do contexto: ao contr\u00e1rio, v\u00ea o contexto em fun\u00e7\u00e3o dele e, se este contexto \u00e9 pobre, desconsidera-o ou repele-o. Centrado em si mesmo, ele n\u00e3o se faz centro de nada e n\u00e3o pode ser visto como o centro espiritual ou ideal que representa o monumento. Todo Narciso pensa ser monumento aquilo que n\u00e3o passa do reflexo de uma pretensa beleza e auto-refer\u00eancia na qual ele se afoga. O narciso n\u00e3o sai de seu umbigo, idios<\/em>: \u00e9 um idiota. E sua obra \u2013 tal como a Torre de Babel na pintura de Brueghel, as obras de A. Speer no nazismo, o Museu de F. Gehry em Bilbao, ou ao menos as leituras dele que por aqui me chegam, uma vez que nunca l\u00e1 estive, e v\u00e1rios outros exemplos da arquitetura contempor\u00e2nea \u2013 lan\u00e7a uma fria sombra nas demais constru\u00e7\u00f5es, e n\u00e3o a luz que do monumento se espera. N\u00e3o seria dif\u00edcil multiplicar os exemplos em nossa Belo Horizonte, como os recentes e \u201cmonumentais\u201d Marista Hall e Templo da Igreja Universal. Nenhum desses exemplos nos d\u00e1 um assentimento e um lugar no mundo e na hist\u00f3ria. Ao contr\u00e1rio de uma catedral medieval ou da acr\u00f3pole ateniense, eles criam um n\u00e3o lugar com o qual n\u00e3o podem dialogar nem n\u00f3s e nem as constru\u00e7\u00f5es comuns em que vivemos nosso cotidiano e praticamos nossas vidas. N\u00e3o nos inserem na rep\u00fablica, mas decretam nosso ex\u00edlio. E se a cidade \u00e9, sobretudo, o lugar do encontro e do di\u00e1logo, como mostra exemplarmente o di\u00e1logo entre as casas de Ouro Preto e delas com os monumentos que as iluminam, tais exemplares ovacionados pela m\u00eddia arquitet\u00f4nica servem para matar cada vez mais esta rep\u00fablica. Se, depois do s\u00e9culo XIX, o sagrado n\u00e3o mais se concentra em pal\u00e1cios, acr\u00f3poles ou igrejas (que hoje s\u00f3 servem a partes de uma comunidade e n\u00e3o a ela como um todo), mas diluiu-se tamb\u00e9m por edif\u00edcios funcionais e particulares, mesmo f\u00e1bricas e casas como proposto em Le Corbusier ou Gropius, esta constru\u00e7\u00e3o do di\u00e1logo \u00e9 ainda mais imprescind\u00edvel para a constitui\u00e7\u00e3o do monumento dentro da iman\u00eancia da cidade. Por isso um shopping<\/em>, j\u00e1 que quase todos se pautam pela exclus\u00e3o da cidade de dentro de si, pode pretender ser e engolir tudo, mas dificilmente, ter\u00e1 qualquer monumentalidade arquitet\u00f4nica, pois seu projeto parte justamente da exclus\u00e3o da p\u00f3lis. Por isso tamb\u00e9m o del\u00edrio est\u00e9tico do figurativismo arquitet\u00f4nico, pensado sem a fun\u00e7\u00e3o \u00e9tica e p\u00fablica referida acima, pouco tem a ver com o monumento, por mais inusitado e gigantesco que seja. Eles s\u00e3o incapazes de conferir qualquer ethos \u00e0 comunidade a que cr\u00eaem pertencer. Ao contr\u00e1rio, trabalham para destrui-los e deixar imperar apenas a alma do Narciso, ou a do consumidor. Por isso, enfim, a monumentalidade da arquitetura, hoje, talvez seja mais bem acessada a partir da verdade do cotidiano e da funcionalidade do que de uma deteriorada no\u00e7\u00e3o de \u201cmonumentalidade\u201d.<\/p>\n

A modernidade e seu tempo cronol\u00f3gico, laico e funcional, como seus espa\u00e7os, ofuscaram os centros de espiritualidade e idealidade, de culturas e valores compartilhados que orbitam em torno dos monumentos. O pragmatismo e a sacralidade do capital e do consumo tendem cada vez mais a domesticar e anular a cidade enquanto espa\u00e7o do di\u00e1logo, do encontro e das diferen\u00e7as \u2013 ao contr\u00e1rio de shoppings<\/em> ou pubs<\/em>, onde o encontro s\u00f3 se faz entre iguais. Caso n\u00e3o queiramos perder a cidade, o que n\u00e3o \u00e9 desejo de f\u00e1cil reali\u00adza\u00e7\u00e3o, cumpre, ent\u00e3o, reinvent\u00e1-la e isso implica dot\u00e1-la de novos centros de espiritualidade e idealidade. Parece-me ser este o caso de Belo Horizonte, cujo centro viu d\u00adiminu\u00edda sua sacralidade e tornou-se por demais esgar\u00e7ado para suportar uma espiritualidade simb\u00f3lica e comum e conferir um ethos<\/em> para a metr\u00f3pole inteira. Ele mant\u00e9m sua import\u00e2ncia, talvez at\u00e9 maior que antes, como a Pra\u00e7a Sete, local do conv\u00edvio e do encontro. Mas essa sua import\u00e2ncia se faz da iman\u00eancia do mundo, dentro do que somos e das urg\u00eancias requeridas por nossa vida di\u00e1ria. Por isso, o melhor projeto para dar mais vida e car\u00e1ter a este centro seria a retirada dos pr\u00e9dios que acabaram com a Pra\u00e7a dos Correios sob o Edif\u00edcio Sulacap, talvez o mais bonito de Belo Horizonte. Tal pra\u00e7a, exemplo do di\u00e1logo que constitui a cidade, como o que ela providenciava entre o Centro e o Bairro Floresta, urge ser r\u00adeinvindicada. Mas, assim como a vida moderna passou a g\u00adirar em torno de v\u00e1rios centros e n\u00e3o mais em torno de um s\u00f3, tamb\u00e9m cumpre \u00e0s metr\u00f3poles multiplicarem seus c\u00adentros e conferir-lhes caracteres e fun\u00e7\u00f5es distintas, n\u00e3o mais poss\u00edveis de serem super\u00adpostos em um s\u00f3 hipercentro, sob pena de n\u00e3o se realizarem tais caracteres e n\u00e3o serem atendidas tais fun\u00e7\u00f5es,\u00a0 pr\u00e1ticas e simb\u00f3licas. Precisamos criar outros centros na metr\u00f3pole, centros que fossem projetados \u2013 na Pampulha ou em torno do projeto do novo Rodoanel \u2013, centros\u00a0 intencionados como express\u00e3o de cultura e valores compartilhados, e n\u00e3o surgidos como mero adensamento de atividades comerciais e de servi\u00e7os. Precisamos de um centro, ou mais, que suporte o que dever\u00edamos ser, refunde um ideal, uma cultura e um destino compartilhados pela p\u00f3lis e a partir do qual sua luz jorrasse para reprover de significa\u00e7\u00e3o o fundo cotidiano de nossas a\u00e7\u00f5es e constru\u00e7\u00f5es que nada t\u00eam, e nem podem ter, de monumentais.<\/p>\n

Belo Horizonte \u00e9 cidade de muitos fantasmas e pouco esp\u00edrito. Proponho que o conte\u00fado dessa espiritualidade seja dado pela cultura \u2013 ci\u00eancia, arte e humanidades \u2013 e a Pra\u00e7a da Liberdade parece-me ser o local que maior potencialidade tem para abrigar este centro: por sua localiza\u00e7\u00e3o e topografia, por sua tradi\u00e7\u00e3o e por sua apropria\u00e7\u00e3o e voca\u00e7\u00e3o comunit\u00e1ria e c\u00edvica. N\u00e3o \u00e9 de igrejas, de pal\u00e1cios, de \u00f3rg\u00e3os burocr\u00e1ticos e de centros do poder pol\u00edtico e administrativo, como secretarias de estado e \u00f3rg\u00e3os de seguran\u00e7a, que espero ver iluminada minha exist\u00eancia cotidiana e os la\u00e7os com meus concidad\u00e3os. Prefiro a \u201ctranscend\u00eancia\u201d dada pela cultura, que faria na Pra\u00e7a da Liberdade um dos p\u00f3los da elipse que conforma o n\u00facleo belorizontino, ao lado dos p\u00f3los da \u201ciman\u00eancia\u201d, dado pelo hipercentro da Pra\u00e7a Sete, e da \u201cfunda\u00e7\u00e3o\u201d, dado pela Pra\u00e7a da Esta\u00e7\u00e3o, ambos a serem cada vez mais vitalizados dentro de suas voca\u00e7\u00f5es e fun\u00e7\u00f5es pr\u00e1ticas e simb\u00f3licas. O p\u00f3lo da funda\u00e7\u00e3o responde pela tradi\u00e7\u00e3o. O p\u00f3lo da Pra\u00e7a Sete responde pelo presente e pelo que j\u00e1 \u00e9 em ato, pelo que somos. O novo p\u00f3lo do Circuito Cultural da Pra\u00e7a da Liberdade atuaria em fun\u00e7\u00e3o do que dever\u00edamos ser e desta comunidade ideal para a qual dever\u00edamos tender ou a qual dever\u00edamos projetar.<\/p>\n

Nosso grande problema \u00e9 n\u00e3o termos mais projetos de sociedade e n\u00e3o sabermos mais visar a p\u00f3lis como um todo, em que uma comunidade compartilha valores e cultura. Para n\u00e3o cairmos numa massa, sem passado, valores e destino compartilhados, como a define H\u00adannah Arendt, \u00e9 preciso providenciar tal centro de id\u00e9ias e de esp\u00edrito, de que Belo Horizonte carece. \u00c9 a luz deste centro que deve iluminar nossas exist\u00eancias individuais, cada vez mais afogadas na escurid\u00e3o, e \u00e9 ela, parece-me, a mais capaz de devolver aos edif\u00edcios da Pra\u00e7a da Liberdade a fun\u00e7\u00e3o \u00e9tica e p\u00fablica que fazem do monumento algo vivo, a conferir sentido \u00e0s nossas exist\u00eancias enquanto cidad\u00e3os. O que emerge neles, hoje, junto aos seus costados, \u00e9 uma enorme sombra que encobre as demais constru\u00e7\u00f5es e um vazio espiritual que cumpre ser preenchido, antes que o fa\u00e7am os falsos monumentos e simulacros de sacralidade e de cultura, como os referidos Templo Universal e Marista Hall. n<\/p>\n

bibliografia<\/h3>\n

CALVINO, ITALO. Por que ler os cl\u00e1ssicos? Trad. Nilson Moulin. S\u00e3o Paulo: Companhia das Letras, 1993.
\nCHOAY, Fran\u00e7oise. A alegoria do patrim\u00f4nio. Trad. Luciano Vieira Machado. S\u00e3o Paulo: Esta\u00e7\u00e3o Liberdade; UNESP. 2001.
\nCOMTE-SPONVILLE, Andr\u00e9. Viver. Trad. Eduardo Brand\u00e3o. S\u00e3o Paulo: Martins Fontes, 2000.
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\nVATTIMO, Gianni. O fim da modernidade. Trad. Eduardo Brand\u00e3o. S\u00e3o Paulo: Martins Fontes, 1996.<\/p>\n

notas<\/h3>\n

1.\u00a0 Fazendo parte de nossa produ\u00e7\u00e3o na pesquisa \u201cArquitetura, Humanismo e Rep\u00fablica\u201d, financiada pelo CNPq, este artigo foi apresentado de forma oral e resumida em confer\u00eancia na Casa do Baile (BH) em 18 de mar\u00e7o de 2006.
\n2.\u00a0 Sobre isso cf. BRAND\u00c3O, Carlos Ant\u00f4nio Leite. Quid Tum? O combate da arte em Leon Battista Alberti. Belo Horizonte: Perspectiva, 2000.
\n3.\u00a0 Sobre esta \u201cpresencialidade eterna\u201d, cf. PANIKKAR, R. \u201cPresente eterno\u201d. In: ORTIZ-OS\u00c9S, Andr\u00e9s; LANCEROS, Patxi (org.) Diccionario interdisciplinar de Hermen\u00e9utica. Bilbao: Universidad de Deusto, 1997. P. 650-655.<\/p>\n

carlos ant\u00f4nio leite brand\u00e3o (1958)<\/strong>
\n\u00c9 professor de Hist\u00f3ria da Arquitetura na Escola de Arquitetura da UFMG, onde se graduou em 1981. \u00c9 doutor (UFMG, 1997) e mestre em Filosofia (UFMG, 1987) e especialista em Cultura e Arte Barroca (UFOP, 1989). Tem como principais publica\u00e7\u00f5es \u201cQuid Tum? O Combate da Arte em Leon Battista Alberti\u201d e \u201cA Forma\u00e7\u00e3o do Homem Moderno Vista Atrav\u00e9s da Arquitetura\u201d (ambos editados pela Editora da UFMG). Atualmente, preside o Instituto de Estudos Avan\u00e7ados Transdisciplinares da UFMG.<\/p>\n

contato:<\/strong> brandao@arq.ufmg.br<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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