{"id":435,"date":"2007-11-30T20:42:18","date_gmt":"2007-11-30T22:42:18","guid":{"rendered":"http:\/\/puntoni.28ers.com\/?p=435"},"modified":"2009-02-04T05:40:05","modified_gmt":"2009-02-04T07:40:05","slug":"pos-mineiridade-revisitada-eolo-maia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/puntoni.28ers.com\/2007\/11\/30\/pos-mineiridade-revisitada-eolo-maia\/","title":{"rendered":"P\u00f3s-mineiridade revisitada: \u00c9olo Maia"},"content":{"rendered":"

\"mdc<\/a>Hugo Segawa<\/p>\n

[Ler o artigo em PDF]<\/strong><\/a><\/p>\n


\nNa capa, um desenho de Oscar Niemeyer. As chamadas anunciavam um depoimento do pr\u00f3prio, e uma entrevista com Lucio Costa. O primeiro n\u00famero, anotado como de novembro-dezembro de 1979, n\u00e3o poderia trazer uma conota\u00e7\u00e3o mais mainstream <\/em>da arquitetura brasileira. A revista, \u201cde arquitetura, arte e meio ambiente<\/em>\u201d, se chamava Pampulha<\/em>. Verde, amarelo, branco e sobretudo o anil eram as cores que \u00c1lvaro Hardy, Paulo Laender e Sylvio de Podest\u00e1 dispuseram para ressaltar certo ufanismo t\u00e3o pr\u00f3prio da \u00e9poca com a frase que Oscar Niemeyer legendava seu croqui da Pra\u00e7a dos Tr\u00eas Poderes: \u201cUm dia o povo ouvir\u00e1 o que deseja e a liberdade e os direitos humanos ser\u00e3o conquistas irrevers\u00edveis – 18.4.78.<\/em>\u201d<\/p>\n

No m\u00eas seguinte em que Niemeyer fez esse desenho, irrompia em S\u00e3o Bernardo do Campo a primeira greve oper\u00e1ria no Brasil desde 1968, tendo como um dos l\u00edderes o metal\u00fargico Lula – ent\u00e3o apenas Luiz In\u00e1cio da Silva. Em outro canto do planeta, mu\u00e7ulmanos fundamentalistas promoviam manifesta\u00e7\u00f5es que, anos depois, solapariam o poder do X\u00e1 Reza Pahlevi e marcariam a ascens\u00e3o do aiatol\u00e1 Ruhollah Musawi Khomeini. Era a revolu\u00e7\u00e3o isl\u00e2mica no Ir\u00e3.<\/p>\n

No austero panorama arquitet\u00f4nico brasileiro da segunda metade da d\u00e9cada de 1970, havia muita constru\u00e7\u00e3o e pouca arquitetura. O decl\u00ednio do chamado \u201cmilagre econ\u00f4mico\u201d n\u00e3o era evidente, e os arquitetos de modo geral locupletavam-se com a fr\u00e1gil prosperidade desse per\u00edodo de pouco debate, muitos projetos e obras. O col\u00f3quio mais acalorado que corria quase nos subterr\u00e2neos da universidade paulista era sobre as teses de S\u00e9rgio Ferro contidas em O Canteiro e o Desenho<\/em>, a prop\u00f3sito do saber do construtor, a divis\u00e3o e a aliena\u00e7\u00e3o do trabalho oper\u00e1rio ditado pelo desenho arquitet\u00f4nico e a participa\u00e7\u00e3o como processo de cria\u00e7\u00e3o. Os historiadores da arquitetura no futuro poder\u00e3o contestar a propriedade do uso do termo \u201caustero\u201d. Mas \u00e9 uma maneira de aquilatar o significado da revista Pampulha<\/em> e de seus personagens.<\/p>\n

cen\u00e1rio fechado<\/h4>\n

No ano anterior ao aparecimento de Pampulha<\/em>, publicava-se no Rio de Janeiro a revista Ch\u00e3o<\/em>. Em seu segundo n\u00famero, o tema da edi\u00e7\u00e3o era \u201cEstado Novo: arquitetura e poder\u201d. A edi\u00e7\u00e3o seguinte trazia outro tema: \u201cRenda do solo urbano\u201d. E as promessas das pr\u00f3ximas edi\u00e7\u00f5es: \u201cCidades\u201d, \u201cArquitetura e Consumo\u201d, \u201cForma\u00e7\u00e3o Profissional\u201d. A ter os p\u00e9s no ch\u00e3o, os mineiros acabaram pisando no p\u00e9 da arquitetura brasileira.<\/p>\n

Na passagem dos anos 1970 para 1980, a imprensa especializada em arquitetura no Brasil resumia-se \u00e0 ressuscitada revista M\u00f3dulo no Rio de Janeiro, publica\u00e7\u00e3o de tend\u00eancia ligada ao grupo de Oscar Niemeyer; \u00e0s revistas CJ Arquitetura<\/em> tamb\u00e9m do Rio de Janeiro, e a nascente Projeto em S\u00e3o Paulo – ambas tidas como revistas de mercado. Ch\u00e3o<\/em> e Pampulha<\/em> eram publica\u00e7\u00f5es nanicas, de incerta longevidade pelos seus perfis alternativos.<\/p>\n

A Pampulha<\/em> era uma revista artesanal, produzida por um dedicado e ecl\u00e9tico coletivo editorial cujo amadorismo jornal\u00edstico explicava os altos e baixos de seu conte\u00fado. N\u00e3o era uma revista de proposta, tampouco uma revista de mercado. Mas seu n\u00e3o-apelo por um n\u00e3o-alinhamento de qualquer ordem, olhar focado para o projeto arquitet\u00f4nico e as artes em geral, geraram simpatias para al\u00e9m das fronteiras mineiras, sobretudo entre estudantes e jovens profissionais. Num ambiente pol\u00edtica e ideologicamente carregado, a Pampulha<\/em> era uma publica\u00e7\u00e3o demasiada leve para uma categoria profissional em boa parte tomada pelo discurso de resist\u00eancia \u00e0 ditadura; intelectualmente alienada, no desconfiado parecer das \u201cpatrulhas ideol\u00f3gicas\u201d que condenavam a lepidez de can\u00e7\u00f5es como \u201cLe\u00e3ozinho\u201d de Caetano Veloso no LP \u201cBicho\u201d (1977). Num cotidiano de pouca informa\u00e7\u00e3o a circular, a Pampulha<\/em> tornara-se um respiro. Essa repercuss\u00e3o jamais poder\u00e1 ser qualitativamente avaliada.<\/p>\n

A aglutina\u00e7\u00e3o em torno da revista permitiu a organiza\u00e7\u00e3o de uma exposi\u00e7\u00e3o itinerante de Arquitetura Mineira<\/em> da Revista Pampulha<\/em> em 1982. Ano de intensa atividade de divulga\u00e7\u00e3o, em especial, para \u00c9olo Maia, cuja obra se viu na Exposi\u00e7\u00e3o de Arquitetura Latino-americana que circulou por Berlim, Sevilha e Roma e em uma exposi\u00e7\u00e3o individual com direito a palestra no Instituto de Arquitetos do Brasil em Niter\u00f3i. Por fim, a publica\u00e7\u00e3o do livro 3 Arquitetos – \u00c9olo Maia, Maria Josefina de Vasconcellos e Sylvio E. de Podest\u00e1 <\/em>[1], coroava o esfor\u00e7o de di\u00e1logo da nova arquitetura mineira com o resto do Brasil.<\/p>\n

mineirices<\/h4>\n

Os mineiros faziam parte de uma orquestra sem maestro. Tocando m\u00fasicas sem pauta, ou talvez com uma pauta sem arranjo, que na Europa e Estados Unidos se chamava p\u00f3s-moderno. E que lentamente imiscu\u00eda-se no Brasil. Foi Ruth Verde Zein uma das primeiras a verbalizar essa perplexidade na arquitetura brasileira, na revista Projeto<\/em> em dezembro de 1982:<\/p>\n

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Como encarar essa nova postura? Ironizando: vamos abandonar \u201cnossos valores\u201d, que j\u00e1 est\u00e3o incorporados no sub\u00farbio, e construir alguma coisa mais cara, mais requintada, mais burilada? Ou talvez devamos entender essa revis\u00e3o como uma cr\u00edtica \u00e0 hist\u00f3ria oficial da arquitetura moderna brasileira, que come\u00e7a meio sem muita explica\u00e7\u00e3o, a partir de uns poucos autores, como se Le Corbusier tivesse descido dos c\u00e9us, e antes disso ningu\u00e9m tivesse feito nada, \u00e9ramos todos \u00edndios (na vis\u00e3o colonialista que se tem dos mesmos)? Mas a tentativa de revis\u00e3o cr\u00edtica \u00e9 tamb\u00e9m no sentido de entender a cidade naquilo que ela tem de mais positivo, negando certos valores da est\u00e9tica oficial, antes considerados vanguardistas, mas que hoje se verifica que eles n\u00e3o produziram conceitos realmente basilares.<\/p>\n

Atualmente, pode-se aceitar tranq\u00fcilamente que n\u00e3o haja uma est\u00e9tica oficial, cristalizada, mas sim espa\u00e7o para diferentes est\u00e9ticas, possibilidade para a express\u00e3o pessoal, para a busca de conceitos com os quais o usu\u00e1rio se identifica [2].<\/p>\n<\/blockquote>\n

A afirma\u00e7\u00e3o de uma arquitetura brasileira<\/em>, tendo como marco inicial as realiza\u00e7\u00f5es do Rio de Janeiro, simbolizada no Minist\u00e9rio da Educa\u00e7\u00e3o e Sa\u00fade em Bras\u00edlia, e a arquitetura paulista materializada nos anos 1960, faziam parte de uma \u201chist\u00f3ria oficial\u201d – todavia, at\u00e9 ent\u00e3o narrada de maneira teleol\u00f3gica. Identificar uma \u201cest\u00e9tica oficial\u201d, promover \u201cdiferentes est\u00e9ticas\u201d, soavam como revisionismo e iconoclastia num momento de resist\u00eancia cultural, de entrincheiramento ideol\u00f3gico, em plena ditadura militar.<\/p>\n

a recep\u00e7\u00e3o dos mineiros<\/h4>\n

Tenho como o primeiro ensaio sobre a emergente arquitetura mineira o escrito de Mauro Neves Nogueira publicado num subproduto da revista Projeto, o Anu\u00e1rio de Materiais e Servi\u00e7os <\/em>de 1984. Em \u201cA nova arquitetura de Minas Gerais\u201d, Nogueira acusava o recebimento das v\u00e1rias iniciativas mineiras que alcan\u00e7aram o Rio de Janeiro em 1982\/83. Pode-se dizer que a simpatia de Nogueira pelos mineiros derivava de um proselitismo comum por mudan\u00e7as no panorama vigente da arquitetura brasileira, mas por outra vertente – a promovida por Luiz Paulo Conde. Bem como o compartilhamento das pranchetas do escrit\u00f3rio de Conde com o arquiteto argentino Juan Carlos Di Filippo, cuja cumplicidade com os mineiros o fez assinar a apresenta\u00e7\u00e3o de 3 Arquitetos. Todavia, Nogueira nunca se mostrou complacente em sua avalia\u00e7\u00e3o dos mineiros:<\/p>\n

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O importante \u00e9 que os arquitetos mineiros […] est\u00e3o projetando e construindo edif\u00edcios que servem, al\u00e9m de tudo, para termos uma vis\u00e3o mais ampla (e n\u00e3o setorial Rio-S\u00e3o Paulo) do que \u00e9 realmente a atual arquitetura brasileira. Trata-se de um trabalho que tem seu lado positivo – ao tentar sempre levar em considera\u00e7\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es locais da regi\u00e3o, os m\u00e9todos e processos construtivos existentes, as condi\u00e7\u00f5es de nossa ind\u00fastria da constru\u00e7\u00e3o civil – e seus aspectos negativos – ao reproduzir, \u00e0s vezes de maneira formal e simpl\u00f3ria, os modelos j\u00e1 existentes, nacionais ou estrangeiros, ao fugir do formalismo determinado pelos dogmas existentes e cair em outros formalismos como aquele de Kahn, ao fazer prevalecerem as formas, os s\u00edmbolos e outros elementos, em detrimento principalmente da fun\u00e7\u00e3o, da propor\u00e7\u00e3o dos espa\u00e7os, das rela\u00e7\u00f5es interior-exterior e arquitetura-cidade. Mas o que talvez seja mais importante \u00e9 que tudo isso acontece num ambiente aberto e franco, no qual os mineiros procuram se organizar para discutir seus trabalhos, public\u00e1-los e exp\u00f4-los. M\u00e9rito grande t\u00eam esses arquitetos que fazem revistas, livros e exposi\u00e7\u00f5es dos seus trabalhos, al\u00e9m de produzir arquitetura\u201d [3].<\/p>\n<\/blockquote>\n

Diferentemente das posi\u00e7\u00f5es ortodoxas ou obscuras da \u00e9poca, a narrativa de Nogueira era receptiva, tolerante e referenciada. Ela revela ao menos duas posturas subliminares de um momento: o esfor\u00e7o de um carioca (poderia ser um paulista) abarcar horizontes para al\u00e9m de suas fronteiras, no contexto da hegemonia do eixo Rio de Janeiro\/S\u00e3o Paulo (hoje sabemos que essa geografia efetivamente era maior), e o modo de praticar a cr\u00edtica, acentuando alguns princ\u00edpios da tradi\u00e7\u00e3o arquitet\u00f4nica (modernos ou n\u00e3o): fun\u00e7\u00e3o, propor\u00e7\u00e3o, rela\u00e7\u00e3o interior-exterior e o di\u00e1logo com o urbano. Com esses filtros, seu texto de 1984 foi uma das mais concisas recep\u00e7\u00f5es \u00e0s propostas dos 3 Arquitetos, elegendo a figura que, de resto, os fatos sancionaram mais tarde: \u201ca arquitetura de \u00c9olo Maia deveria merecer depois uma an\u00e1lise \u00e0 parte, por ser ele uma esp\u00e9cie de \u2018trator\u2019 da arquitetura mineira, aquele que conduz \u00e0s outras partes do pa\u00eds. Seu trabalho talvez represente a somat\u00f3ria de tudo o que acontece, \u00e9 uma esp\u00e9cie de leitmotiv<\/em> dessa arquitetura\u201d [4].<\/p>\n

Como foi um dos primeiros retratos de corpo inteiro dessa arquitetura? Nas palavras de Mauro Neves Nogueira:<\/p>\n

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A arquitetura de Maia e dos arquitetos com que trabalha, como Maria Josefina de Vasconcellos, M\u00e1rcio Lima, Sylvio Podest\u00e1 e outros, tem muito de formal e simb\u00f3lico em seus v\u00e1rios aspectos. Nela, \u00e9 constante a procura de novas tipologias e modelos, de novas imagens arquitet\u00f4nicas, de novas t\u00e9cnicas e m\u00e9todos construtivos, de novos materiais de constru\u00e7\u00e3o. Existe uma vontade em procurar uma comunica\u00e7\u00e3o mais direta e informal entre a arquitetura e o usu\u00e1rio, evitando certos discursos e conceitos que boa parte dos arquitetos preestabelecem ao projetar. Para atingir esses objetivos e ordenar todas essas procuras, recorrem \u00e0 pr\u00f3pria hist\u00f3ria da arquitetura. Ela \u00e9 o fio condutor dessa arquitetura que \u00e9 um \u201ciniciar\u201d constante. A cada novo programa, novo lote, novo s\u00edtio, recome\u00e7a-se da capo. Esse \u00e9 o lado mais instigante desses arquitetos: s\u00e3o verdadeiros \u201coper\u00e1rios da arquitetura\u201d. Mas, por outro lado, outros valores da arquitetura s\u00e3o marginalizados ou negados nesse processo \u201caberto\u201d de se fazer arquitetura: pode gerar uma descren\u00e7a em determinados valores constantes da arquitetura, facilita a suscetibilidade a certos grafismos de fachada e jogos de volumes, ocasiona a predomin\u00e2ncia de alguns elementos em detrimento de outros (\u201cdesequil\u00edbrio\u201d), mascara certos aspectos da constru\u00e7\u00e3o, incentiva a desproporcionalidade\/monumentalidade e outras coisas mais.<\/p>\n

Tudo isso pode ser bem ou mal interpretado. N\u00e3o quer dizer, entretanto, que tudo deve ser sempre segundo os mesmos conceitos e crit\u00e9rios de arquitetura, pois o pr\u00f3prio Maia, j\u00e1 mencionado, muito oportunamente renegou isso. Alguma liberdade, principalmente nos dias atuais de crise e de confus\u00e3o da arquitetura, tem que existir, mas do outro lado um m\u00ednimo de coer\u00eancia pelo menos se poderia perseguir, principalmente em rela\u00e7\u00e3o aos valores constantes da arquitetura que cada arquiteto acredita [5].<\/p>\n<\/blockquote>\n

ponto de inflex\u00e3o<\/h4>\n

Em janeiro de 1985 era eleito pelo Congresso Nacional o primeiro presidente civil desde 1964. Nos meses seguintes, o Brasil acompanhou a agonia de um pol\u00edtico: a morte de Tancredo Neves em 21 de abril monopolizou as compaix\u00f5es no pa\u00eds, num fascinante ritual de mineiridade. De modo desapercebido para al\u00e9m do meio dos arquitetos, em janeiro morria Jo\u00e3o Batista Vilanova Artigas. Em novembro o Departamento de Minas Gerais do Instituto de Arquitetos do Brasil promoveu o XII Congresso Brasileiro de Arquitetos. A reuni\u00e3o em Belo Horizonte foi uma homenagem ao grande arquiteto paulista. E configurou-se como a vitrine consagradora da arquitetura mineira, escancarando as portas da alteridade na arquitetura brasileira: nomes como Luiz Paulo Conde e Severiano Porto ganharam reconhecimento nacional.<\/p>\n

O segundo retrato de \u00e9poca mais importante sobre os mineiros foi produzido pela revista Projeto<\/em>, na edi\u00e7\u00e3o de novembro de 1985, dedicada ao Congresso dos Arquitetos. \u201cAcerca da arquitetura mineira (em muitas fotos e alguns breves discursos)\u201d de Ruth Verde Zein \u00e9 um p\u00e9riplo aparentemente sem rumo, um texto irresoluto, uma colagem de posi\u00e7\u00f5es e impress\u00f5es defensivas e ofensivas, sobre as quais a cr\u00edtica, ao final, conclu\u00eda seu flanar sob o entret\u00edtulo: \u201cAgora falando s\u00e9rio\u201d. Escrito que pouco toca na arquitetura mineira em si, mas ao mesmo tempo est\u00e1 todo ele elaborado numa dial\u00e9tica entre os mineiros e o contexto arquitet\u00f4nico vigente – e cujas refer\u00eancias e ironias talvez hoje passem como enigmas \u00e0s novas gera\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

Em um dos trechos uma reflex\u00e3o alude \u00e0 condi\u00e7\u00e3o mineira e seu contorno transformador:<\/p>\n

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O mito do novo aboliu do ensino a c\u00f3pia como um exerc\u00edcio para treinar a sensibilidade do aluno e instaurou a c\u00f3pia como repeti\u00e7\u00e3o de verdades preestabelecidas.<\/p>\n

E o que isso tem a ver com a arquitetura mineira? O mesmo que tem a ver com a arquitetura paulista, carioca, ga\u00facha etc.: o fato de que em toda parte, durante esse tempo todo, alguns arquitetos levaram a s\u00e9rio a vontade de buscar outras refer\u00eancias, e sair do c\u00edrculo de giz. Foram brindados com ep\u00edtetos como \u201cpastiche\u201d, \u201cfalta de coer\u00eancia\u201d, \u201cimaturidade\u201d, \u201coportunismo\u201d. Dizer que tudo o que produziram \u00e9 bom ou mau \u00e9 avaliar segundo uma escala de valores t\u00e3o limitada que mal enxerga o horizonte. Melhor, por enquanto, \u00e9 apreciar sua coragem (quem faz algo que saia do \u00f3bvio sabe como a mediocridade \u00e9 agressiva), e aproveitar o rebuli\u00e7o para abrir perspectivas diferentes.<\/p>\n

Se, como querem alguns, o ecletismo \u00e9 uma fase intermedi\u00e1ria entre dois momentos mais cl\u00e1ssicos, mesmo assim era preciso sacudir a poeira\u201d [6].<\/p>\n<\/blockquote>\n

discurso e anti-discurso<\/h4>\n

Um grupo de estudantes de arquitetura da Pontif\u00edcia Universidade Cat\u00f3lica de Campinas bem representava a inquieta\u00e7\u00e3o vigente. Em 1985 eles lan\u00e7avam uma revista, a \u00d3culum <\/em>[7]. A mat\u00e9ria principal era uma entrevista com \u00c9olo Maia, Sylvio de Podest\u00e1 e Maria Josefina de Vasconcellos. Ao proporem \u201cfazer uma discuss\u00e3o te\u00f3rica e de projetos, pois n\u00e3o temos uma produ\u00e7\u00e3o marcante que seja nossa\u201d, produziram o melhor retrato dos 3 Arquitetos, cujo interlocutor mais desenvolto era \u00c9olo Maia. Em que medida os mineiros expressavam uma postura alternativa em meados da d\u00e9cada de 1980? \u00c9olo Maia afirmava:<\/p>\n

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No Brasil o pessoal est\u00e1 meio com medo de discutir o que est\u00e1 acontecendo, principalmente em S\u00e3o Paulo, pois l\u00e1 se tem uma linha muito definida. Artigas, Ruy Ohtake, etc., que t\u00eam um trabalho muito bom, mas as coisas est\u00e3o se modificando um pouco e est\u00e3o meio confusas, e eles n\u00e3o gostam muito de modifica\u00e7\u00f5es ou brincadeiras, mas isso \u00e9 muito saud\u00e1vel, pois n\u00f3s estamos muito atrasados com rela\u00e7\u00e3o a outras atividades culturais. […]. N\u00f3s trabalhamos muito, mas ao mesmo tempo t\u00ednhamos um questionamento para com a arquitetura do Niemeyer… N\u00e3o que a gente seja contra o trabalho dele, mas \u00e9 um trabalho muito individualista, muito pr\u00f3prio do g\u00eanio, com as caracter\u00edsticas pr\u00f3prias, e n\u00f3s est\u00e1vamos sem saber o que fazer, pois havia dois lados, ou aquela arquitetura fant\u00e1stica de malabarismo escultural, ou ent\u00e3o aquele neg\u00f3cio de Libelu, oba, oba. Vamos fazer casa para o povo e ningu\u00e9m fazia nada. Nessa \u00e9poca se produzia muito sem se questionar nada. \u00c9 uma \u00e9poca pr\u00f3pria, hist\u00f3rica no pa\u00eds [8].<\/p>\n<\/blockquote>\n

O arquiteto estabelecia o cen\u00e1rio das refer\u00eancias correntes: Niemeyer, os paulistas e a politiza\u00e7\u00e3o da arquitetura. E elucidava a sua forma\u00e7\u00e3o:<\/p>\n

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A minha gera\u00e7\u00e3o foi muito influenciada pela Acr\u00f3pole, porque era uma revista que na \u00e9poca mostrava muito da produ\u00e7\u00e3o brasileira. N\u00f3s tivemos muita influ\u00eancia dos trabalhos do pessoal de S\u00e3o Paulo: Paulo Mendes da Rocha, Joaquim Guedes. Guedes j\u00e1 era uma influ\u00eancia que nos dava susto, porque era mais forte, eu acho que talvez ele tenha sido o primeiro arquiteto p\u00f3s-moderno no Brasil. Ele questionou uma s\u00e9rie de coisas da escola paulista tradicional e era muito pichado na \u00e9poca pelos colegas porque fazia umas coisas muito extravagantes, estranhas. Ele tinha muito de Aalto e de alguns portugueses. E essa arquitetura social que a gente nunca viu nada constru\u00eddo e nem vai ver porque \u00e9 um problema pol\u00edtico. Agora a gera\u00e7\u00e3o antes da minha foi muito influenciada por Bras\u00edlia, que tinha acabado de terminar. A minha gera\u00e7\u00e3o escapou um pouco disso por causa da Acr\u00f3pole e de outros servi\u00e7os [9].<\/p>\n<\/blockquote>\n

Frente \u00e0 onda da discuss\u00e3o p\u00f3s-moderna que vigorava em outras partes do mundo: os 3 Arquitetos formaram uma das primeiras vertentes do p\u00f3s-moderno no Brasil? Os entrevistadores e \u00d3culum<\/em> questionaram: \u201cVoc\u00eas acham que d\u00e1 para fazer a mesma leitura cr\u00edtica sobre a arquitetura moderna que foi feita na Europa, aqui no Brasil?\u201d Respondeu \u00c9olo Maia:<\/p>\n

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Eu acho seguinte, eu n\u00e3o sei… depende de cada arquiteto e da situa\u00e7\u00e3o. Porque n\u00f3s estamos projetando numa situa\u00e7\u00e3o financeira dif\u00edcil, \u00e9 muito dif\u00edcil voc\u00ea fazer hoje uma estrutura de concreto aparente, um neg\u00f3cio de a\u00e7o, n\u00e3o tem condi\u00e7\u00f5es. Agora a arquitetura mais barata hoje \u00e9 a arquitetura mais convencional, \u00e9 tijolo furado e massa, a\u00ed voc\u00ea pinta. Isso n\u00e3o quer dizer que ela \u00e9 pobre. Voc\u00ea pode criar algumas simbologias, dependendo do seu estado de esp\u00edrito, da regi\u00e3o, do propriet\u00e1rio ou da sua pr\u00f3pria cultura, isso tudo d\u00e1 um certo humor na Arquitetura e o brasileiro \u00e9 um sujeito muito bem-humorado. Agora essa postura combina com a postura p\u00f3s-moderna, tem uma s\u00e9rie de correntes, tem o regionalismo, triunfal (sic), hi-tech, e vai a\u00ed uma folia, qualquer coisa \u00e9 p\u00f3s-moderna, ningu\u00e9m gosta de ser chamado de p\u00f3s-moderno, porque ningu\u00e9m sabe o que \u00e9. \u00c9 um acriticismo incr\u00edvel que est\u00e1 ocorrendo. Agora, h\u00e1 posturas interessantes, que se ela vem [sic] de acordo com o seu modo de trabalhar, acho que voc\u00ea deve assimilar e adaptar \u00e0s suas condi\u00e7\u00f5es. Agora todo mundo pensa que arquitetura p\u00f3s-moderna \u00e9 botar coluna grega, p\u00f3rticos… n\u00e3o \u00e9 isso, pode at\u00e9 ser… mas n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 isso, \u00e9 uma coisa muito mais ampla, ningu\u00e9m sabe direito o que \u00e9, essa discuss\u00e3o \u00e9 at\u00e9 mundial. Agora est\u00e1 todo mundo apavorado com a coisa, deixa a coisa acontecer. Essa folia toda est\u00e1 acontecendo, vamos ver o que vai dar. […].
\nEu acho que a atitude corajosa \u00e9 que a gente j\u00e1 tinha um trabalho e que poder\u00edamos muito bem continuar neste tipo de linha. Agora era um neg\u00f3cio que n\u00e3o dava muita perspectiva de pesquisa e melhorar a coisa estava dif\u00edcil, ela j\u00e1 estava esgotada, ent\u00e3o a gente est\u00e1 tentando quebrar. N\u00e3o \u00e9 que voc\u00ea est\u00e1 mandando a Arquitetura Moderna \u00e0 merda, ela tem coisas incr\u00edveis, maravilhosas, mas n\u00e3o trabalha naquela ortodoxia da arquitetura moderna. […]
\nIsso \u00e9 um reflexo do momento hist\u00f3rico que estamos passando, em todos os sentidos… politicamente, culturalmente, fim de s\u00e9culo. A necessidade est\u00e1 mudando… a inform\u00e1tica, essas coisa todas… Acho que \u00e9 preciso ter consci\u00eancia que esse neg\u00f3cio n\u00e3o vai durar muito. Ent\u00e3o eu acho natural ela n\u00e3o ser uma arquitetura superdefinida. Agora \u00e9 uma arquitetura que o nego sente muito mais, ele vive a coisa muito mais, ele pinta e faz o que quiser [10].<\/p><\/blockquote>\n

E \u00c9olo Maia ati\u00e7ava:<\/p>\n

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\u00c9 uma atitude reacion\u00e1ria dos arquitetos que t\u00eam o poder hoje de uma arquitetura oficial brasileira. Eles est\u00e3o tendo os mesmos chiliques que o governo brasileiro porque a coisa est\u00e1 mudando e isso \u00e9 inevit\u00e1vel. O pessoal mais jovem est\u00e1 cansado desse tipo de arquitetura e est\u00e1 procurando novos caminhos, agora n\u00e3o existe nenhum caminho, ent\u00e3o voc\u00ea pode fazer alguma coisa muito mais interessante, muito mais livre [11].<\/p>\n<\/blockquote>\n

J\u00f4 Vasconcellos, a prop\u00f3sito do p\u00f3s-moderno, refor\u00e7ava:<\/p>\n

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Essa arquitetura \u00e9 um movimento de nega\u00e7\u00e3o, de transforma\u00e7\u00e3o. E nessa transforma\u00e7\u00e3o voc\u00ea fica mesmo confuso, realmente d\u00e1 penduricalho, tem muita coisa que limpar, n\u00e3o \u00e9! Mas esse \u00e9 o processo at\u00e9 voc\u00ea chegar numa linguagem aprimorada\u201d [12].<\/p>\n<\/blockquote>\n

O discurso dos 3 Arquitetos conflu\u00eda com as manifesta\u00e7\u00f5es da cr\u00edtica:\u00a0 inexist\u00eancia de uma est\u00e9tica oficial, espa\u00e7o para diferentes est\u00e9ticas, express\u00e3o pessoal, identifica\u00e7\u00e3o do usu\u00e1rio – conforme Ruth Verde Zein escrevia em 1982. Confrontando-se as aprecia\u00e7\u00f5es de Mauro Neves Nogueira sobre o grupo, e as declara\u00e7\u00f5es de \u00c9olo Maia e J\u00f4 Vasconcellos a algumas\u00a0 palavras-chaves do debate p\u00f3s-moderno da \u00e9poca, as sobreposi\u00e7\u00f5es s\u00e3o evidentes: historicismo e cita\u00e7\u00e3o, arquitetura de mem\u00f3ria e monumentos; contextualismo, s\u00edtio\/lugar, regionalismo; desenho vernacular; pluralismo; busca de car\u00e1ter, identidade urbana, refer\u00eancias visuais, cria\u00e7\u00e3o de marcos, genius loci<\/em>, legibilidade urbana; acomoda\u00e7\u00e3o X imposi\u00e7\u00e3o; populismo, postura inclusiva, participa\u00e7\u00e3o do usu\u00e1rio, inteligibilidade, familiaridade; simbolismo, ornamento, elementos sup\u00e9rfluos, humor, met\u00e1fora, colagem, bricolagem; heterotopia [13].<\/p>\n

trama de id\u00e9ias<\/h4>\n

O discurso p\u00f3s-moderno sugere atitudes de franco-atirador, pode parecer camale\u00f4nico. Os 3 Arquitetos pretendiam a busca livre de caminhos. O impression\u00edstico ensaio de Ruth Verde Zein em \u201cAcerca da arquitetura mineira\u201d [14] resultava da dificuldade de perceber um estatuto evidente na obra dos arquitetos mineiros, para al\u00e9m da falta de defini\u00e7\u00e3o e clareza de discurso, do \u201cdeixar acontecer\u201d, do \u201cver o que vai dar\u201d, para al\u00e9m de uma assumida iconoclastia e um n\u00e3o-assumido niilismo frente ao moderno. Os precisos coment\u00e1rios de Mauro Neves Nogueira, expressos em frases e termos como \u201ccair em outros formalismos\u201d, \u201cem detrimento da fun\u00e7\u00e3o… da propor\u00e7\u00e3o\u201d, \u201cdesequil\u00edbrio\u201d, \u201cmascarar aspectos da constru\u00e7\u00e3o\u201d, \u201cdesproporcionalidade\u201d etc; n\u00e3o constitu\u00edam necessariamente as prioridades na postura projetual ou do repert\u00f3rio do grupo.<\/p>\n

Com discursos abertos, n\u00e3o \u00e9 f\u00e1cil estabelecer a circula\u00e7\u00e3o de refer\u00eancias. \u00c9olo Maia foi o mais explicito: \u201cos grandes mestres como Gaud\u00ed, Oscar Niemeyer, Louis Kahn, Hassan Fathy e o nosso povo nos abrem os caminhos que devemos palmilhar com humildade e de acordo com as novas (sic) limita\u00e7\u00f5es\u201d, dizia ele em 1981 [15]. Parecem poucas refer\u00eancias, e de fato s\u00e3o poucas. N\u00e3o cabe no escopo deste ensaio rastrear esses pontos de contato com as id\u00e9ias em movimento do per\u00edodo. Mas algumas palavras retiradas de mem\u00f3rias de projeto comp\u00f5em um caleidosc\u00f3pio de id\u00e9ias.
\nEm meados dos anos 1980, duas obras representavam o tour de force<\/em> do grupo. Na resid\u00eancia do Arcebispo em Mariana, escreviam:<\/p>\n

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a an\u00e1lise do passado e do presente, cuja somat\u00f3ria se tornar\u00e1 o futuro, a refer\u00eancia que o antigo nos transmite, as rela\u00e7\u00f5es das diversas \u00e9pocas, nos d\u00e1 uma avalia\u00e7\u00e3o de crit\u00e9rios a serem adotados na inser\u00e7\u00e3o [16].<\/p>\n<\/blockquote>\n

Sobre o pol\u00eamico Centro de Apoio Tur\u00edstico, a primeira obra de grande repercuss\u00e3o de \u00c9olo Maia e Sylvio de Podest\u00e1 em Belo Horizonte, escreveram:<\/p>\n

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nossa principal inten\u00e7\u00e3o foi a de respeitar em escala a leitura tipol\u00f3gica, o contexto urbano preexistente e marcar a constru\u00e7\u00e3o com caracter\u00edsticas que salientam a sua contemporaneidade. […]. O pr\u00e9dio cont\u00e9m um objetivo did\u00e1tico e l\u00fadico. Sua arquitetura serve tamb\u00e9m como leitura e informa\u00e7\u00e3o a seus usu\u00e1rios, evocando refer\u00eancias pr\u00f3prias e materiais regionalistas. […]. Algumas sutilezas de humor complementam o projeto…\u201d [17]<\/p>\n<\/blockquote>\n

Ou no Centro Empresarial Raja Gabaglia, edif\u00edcio na qual fazem alus\u00e3o aos campan\u00e1rios das igrejas coloniais mineiras:<\/p>\n

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a arquitetura do edif\u00edcio afasta-se do anonimato an\u00eamico reinante e coloca uma nova presen\u00e7a no cen\u00e1rio urbano\u201d [18].<\/p>\n<\/blockquote>\n

Embora Mauro Neves Nogueira exaltasse o recurso \u201c\u00e0 pr\u00f3pria hist\u00f3ria da arquitetura\u201d, em 1985 [19], na entrevista aos estudantes da \u00d3culum<\/em>, \u00c9olo Maia n\u00e3o demonstrava compreens\u00e3o ou familiaridade do \u201crecurso \u00e0 Hist\u00f3ria\u201d: \u201cos italianos, tipo Aldo Rossi tem uma linguagem hist\u00f3rica de projeto muito forte e n\u00f3s n\u00e3o temos essa hist\u00f3ria. Vai ser uma loucura\u201d [20]. O pr\u00f3prio Nogueira, anos depois, escreveria uma dura cr\u00edtica a respeito do Centro de Apoio ao Turismo [21].<\/p>\n

Na primeira metade dos anos 1980, a fama dos 3 Arquitetos tamb\u00e9m se creditava \u00e0 qualidade gr\u00e1fica das apresenta\u00e7\u00f5es dos projetos publicados nas revistas. Sylvio de Podest\u00e1 comentava: \u201c70% dos nossos projetos n\u00e3o foram constru\u00eddos. De modo que voc\u00ea j\u00e1 trabalhava aqui pensando na publica\u00e7\u00e3o\u201d [22]. As elaboradas isom\u00e9tricas remetiam a uma refer\u00eancia ent\u00e3o recente:<\/p>\n

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Tem gente que s\u00f3 projeta com isom\u00e9trica. Vejam o James Stirling, depois que o Rob Krier come\u00e7ou a desenhar para ele, o seu trabalho mudou completamente, ficou mais atrevido, um trabalho fant\u00e1stico e s\u00f3 trabalhando com isom\u00e9tricas\u201d, dizia \u00c9olo Maia [23].<\/p>\n<\/blockquote>\n

Em 2002, lembrando-se de suas obras mais representativas, \u00c9olo Maia evocou o Grupo Escolar Vale Verde (1982-85) em Tim\u00f3teo, MG. O edif\u00edcio realizado derivava de uma proposta b\u00e1sica de grupos escolares rurais todo concebido em tijolo, vencedor de um concurso p\u00fablico de id\u00e9ias em 1981. Evidenciava-se a leitura de Construindo com o povo: Arquitetura para os pobres<\/em>, do arquiteto eg\u00edpcio Hassan Fathy, traduzido pouco antes [24]. O memorial do concurso revelava ao mesmo tempo uma utopia e uma heterotopia:<\/p>\n

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Quando se prop\u00f4s um m\u00e9todo construtivo utilizando o tijolo em sua plenitude, isto \u00e9, como funda\u00e7\u00e3o, piso, estrutura, abertura e coberturas, n\u00e3o se acreditava que seria um tipo de edifica\u00e7\u00e3o que fosse repetida em grande escala em v\u00e1rias regi\u00f5es. A inten\u00e7\u00e3o era de que, para locais espec\u00edficos, isto \u00e9, onde existisse como tradi\u00e7\u00e3o o forno de quitude (sic), o de queima de madeira para produ\u00e7\u00e3o de carv\u00e3o vegetal ou mesmo o forno cer\u00e2mico e, conseq\u00fcentemente m\u00e3o-de-obra, fosse utilizada numa escala diferente, fosse utilizada num pr\u00e9dio p\u00fablico (no caso numa escola rural), que serviria de agente indutor pela sua import\u00e2ncia para a comunidade, para a introdu\u00e7\u00e3o de c\u00fapulas e ab\u00f3badas agora, com novo uso.
\nEsta escola influiria na regi\u00e3o que fosse implantada em todos os sentidos a que ela se prop\u00f5e, isto \u00e9, ativar uma m\u00e3o-de-obra em vias de extin\u00e7\u00e3o; ativar o uso de tijolo (seja ela de olaria ou introduzindo o de solo cimento) que \u00e9 produ\u00e7\u00e3o normal destas regi\u00f5es que seriam atingidas; barateamento sens\u00edvel da constru\u00e7\u00e3o, eliminando o uso de ferro, de cimento, etc., entre outras [25].<\/p><\/blockquote>\n

Entendo a realiza\u00e7\u00e3o do Grupo Escolar Vale Verde como o melhor documento do pluralismo de \u00c9olo Maia: a conflu\u00eancia dos saberes de um mestre (Hassan Fathy), a sofistica\u00e7\u00e3o do desenho, a interpreta\u00e7\u00e3o do regional, a pesquisa construtiva, a preocupa\u00e7\u00e3o antropol\u00f3gica e social, e a percep\u00e7\u00e3o do debate naquele momento pol\u00edtico e ideol\u00f3gico, introduzindo o fator \u201ccanteiro e desenho\u201d em sua obra.<\/p>\n

refluxo<\/h4>\n

No in\u00edcio dos anos 1990, Denise Scott Brown anunciava: \u201cn\u00f3s somos modernistas, n\u00e3o p\u00f3s-modernistas. Ningu\u00e9m \u00e9 um p\u00f3s-modernista. Talvez o p\u00f3s-modernismo esteja morto\u201d [26].
\nEm 2002, \u00c9olo Maia afirmava: \u201cacabou o p\u00f3s-moderno\u201d [27].
\nPodemos entender este refluir da atitude de vi\u00e9s p\u00f3s-moderna nas palavras de Douglas Crimp:<\/p>\n

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Em meados da d\u00e9cada de 80, o p\u00f3s-modernismo passara a ser visto menos como uma cr\u00edtica do modernismo do que como um rep\u00fadio ao pr\u00f3prio projeto cr\u00edtico do modernismo, uma percep\u00e7\u00e3o que legitimava um pluralismo \u201cvale-tudo\u201d. O termo p\u00f3s-modernismo descrevia uma situa\u00e7\u00e3o na qual tanto o presente como o passado podiam ser despidos de quaisquer determina\u00e7\u00f5es e conflitos hist\u00f3ricos. As institui\u00e7\u00f5es art\u00edsticas abra\u00e7aram essa posi\u00e7\u00e3o de modo generalizado, usando-a para situar novamente a arte – mesmo a chamada arte p\u00f3s-moderna – como algo aut\u00f4nomo, universal e atemporal [28].<\/p>\n<\/blockquote>\n

Em uma de suas \u00faltimas entrevistas, \u00c9olo Maia mostrava-se descrente, do mesmo modo como Denise Scott Brown, de seu papel – ali\u00e1s, nunca auto-assumido – de vetor da p\u00f3s-modernidade. No entanto, a ess\u00eancia de sua atitude permanecia intacta. Perguntado – quase como numa repeti\u00e7\u00e3o de 18 anos antes pelos estudantes: \u201cvoc\u00ea se considera p\u00f3s-moderno?\u201d, ele respondeu:<\/p>\n

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N\u00e3o me classifico como nada, porque n\u00e3o tenho nada predeterminado, s\u00f3 sei que quero fazer arquitetura com prazer e contemporaneidade. A vida \u00e9 muito din\u00e2mica, eu mudo todo dia, e a arquitetura \u00e9 uma express\u00e3o cultural que se reflete em meu trabalho. As f\u00f3rmulas se tornam uma chatice, e a \u00e2nsia de estar na onda \u00e9 um erro. N\u00e3o se pode ser fechado, dogm\u00e1tico. \u00c9 preciso ter liberdade total\u201d [29].<\/p>\n<\/blockquote>\n

Suas posi\u00e7\u00f5es se mostravam mais serenas frente \u00e0 recep\u00e7\u00e3o das id\u00e9ias, sobretudo \u00e0s internacionais:<\/p>\n

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Poucos arquitetos brasileiros t\u00eam a preocupa\u00e7\u00e3o de procurar linguagem pr\u00f3pria \u00e0 nossa cultura. H\u00e1 muita influ\u00eancia da literatura especializada estrangeira. A moda atual s\u00e3o os arquitetos holandeses, e nossos estudantes acham Rem Koolhaas fant\u00e1stico. Eu tamb\u00e9m acho, mas o trabalho dele n\u00e3o tem nada a ver com o Brasil. Esses estudantes n\u00e3o conhecem a obra de [Affonso] Reidy, de Rino Levi, de Artigas. \u00c9 importante que tenhamos informa\u00e7\u00e3o de nossa pr\u00f3pria cultura arquitet\u00f4nica, porque, do contr\u00e1rio, vamos sucumbir nesse processo de globaliza\u00e7\u00e3o. Se n\u00e3o se tem hist\u00f3ria, passado, tradi\u00e7\u00e3o, n\u00e3o se tem nada. Acho que esse excesso de informa\u00e7\u00e3o e a pouca valoriza\u00e7\u00e3o do que \u00e9 feito aqui aniquila nossa cultura. Tenho a esperan\u00e7a de que isso passe e voltemos a dar valor ao que \u00e9 nosso [30].<\/p>\n<\/blockquote>\n

Mudaram os tempos ou mudou \u00c9olo Maia? Sem d\u00favida os tempos mudaram, e \u00c9olo Maia, coerentemente, mudou tamb\u00e9m. Mas muito pouco, diria. Ao nos deixar, em 2002, ele deixou as mesmas d\u00favidas de sempre: que caminho seguir?<\/p>\n

E ele nos deixa algum legado? Como um permanente inquieto, \u00c9olo Maia foi antes de tudo um agitador, um arquiteto cuja teoriza\u00e7\u00e3o n\u00e3o estava \u00e0 altura de sua obra arquitet\u00f4nica. N\u00e3o foi um pensador para estabelecer doutrinas, sistematizar pedagogias ou did\u00e1ticas que caracterizassem um processo projetual. Entre a anarquia e o niilismo conscientes, \u00c9olo Maia, ao ganhar notoriedade, acabou reproduzindo um comportamento t\u00edpico de sua e das gera\u00e7\u00f5es anteriores, precisamente naquilo que ele criticava: produzir uma arquitetura individualista, \u201cmuito pr\u00f3prio do g\u00eanio\u201d, como afirmava acerca de Niemeyer. Ao ganhar o concurso do Centro Cultural do Grupo Corpo com uma equipe contando com jovens co-autores, possivelmente os pr\u00f3ximos passos caminhariam para o abrandamento desse personalismo na arquitetura.<\/p>\n

N\u00e3o se pode qualificar a boa arquitetura apenas pela formula\u00e7\u00e3o de teses, pela exegese dos m\u00e9todos projetuais. Essa racionaliza\u00e7\u00e3o pode sacrificar os elementos imagin\u00e1rios e emocionais, tamb\u00e9m imprescind\u00edveis \u00e0 melhor arquitetura. N\u00e3o s\u00e3o apenas as biografias que explicam os fen\u00f4menos, mas certo hedonismo – t\u00e3o pr\u00f3prio das atitudes de \u00c9olo Maia e tamb\u00e9m de Veveco Hardy -, \u00e9 uma express\u00e3o da arquitetura mineira – uma regi\u00e3o cultural que, a meu ver, ostenta um dos melhores padr\u00f5es de arquitetura no cotidiano urbano, sobretudo a partir da emerg\u00eancia da nova arquitetura nos anos 1980 e da qual, \u00c9olo Maia e Veveco foram figuras de ponta. Creio que, se em 1985, a morte de Artigas e o XII Congresso dos Arquitetos em Belo Horizonte marcam um ponto de inflex\u00e3o, ao nos deixarem, \u00c9olo e Veveco podem simbolizar o encerramento de mais um ciclo.<\/p>\n

Tomo a liberdade de concluir este ensaio com uma nota que escrevi em 1993, quando era editor de arquitetura da revista Projeto<\/em>. \u00c9olo Maia e J\u00f4 Vasconcellos<\/em> gentilmente reproduziram aquela singela nota (que originalmente n\u00e3o saiu assinada, e at\u00e9 havia me esquecido dela!) como o \u00faltimo texto reproduzido no livro \u00c9olo Maia & J\u00f4 Vasconcellos:<\/p>\n

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H\u00e1 v\u00e1rios discursos sobre a id\u00e9ia de mineiridade. \u201cMinas \u00e9 demorada em se mexer. N\u00e3o se distingue pela aud\u00e1cia, pela inova\u00e7\u00e3o, pelo brilho. Sua marca \u00e9 corrigir os excessos da velocidade\u201d, afirmava Alceu Amoroso Lima. \u201cNo discurso ideol\u00f3gico da mineiridade, a tradi\u00e7\u00e3o e a modernidade n\u00e3o se constroem enquanto opostos, antes como complementaridade\u201d, afirma a professora Maria Ceres P. S. Castro, da UFMG.<\/p>\n

Em 1979, arquitetos mineiros lan\u00e7avam a revista Pampulha<\/em>. Uma subleva\u00e7\u00e3o contra as regras vigentes, uma inconfid\u00eancia mineira que virtualmente se confunde com a introdu\u00e7\u00e3o do p\u00f3s-modernismo arquitet\u00f4nico entre n\u00f3s. \u00c9olo Maia e J\u00f4 Vasconcellos s\u00e3o nomes que se confundem tamb\u00e9m com essa desobedi\u00eancia. Irrever\u00eancia que contrasta com a vis\u00e3o de Amoroso Lima.<\/p>\n

Surpreendentes, admirados e detestados, provocar a discuss\u00e3o \u00e9 uma virtude desses mineiros, com suas obras exuberantes – exuber\u00e2ncia com ra\u00edzes nos excessos do belo rococ\u00f3 das Minas setecentista, contracenando com a tranq\u00fcilidade que, dizem, caracteriza o esp\u00edrito mineiro.<\/p>\n

unca a arquitetura esteve t\u00e3o presente na boca do povo de Minas como na inaugura\u00e7\u00e3o do Centro de Apoio Tur\u00edstico em Belo Horizonte, popularmente conhecido como \u201cRainha da Sucata\u201d. O Centro Empresarial Raja Gabaglia \u00e9 o ato inaugural de \u00c9olo e J\u00f4 ao vertical.<\/p>\n

No in\u00edcio dos anos 80, eles subverteram a ordem com seus desenhos p\u00f3s-modernos. Hoje, esses desenhos se submetem \u00e0 tranq\u00fcilidade de uma ruptura consolidada.<\/p>\n

Deve ser a p\u00f3s-mineiridade [31].<\/p>\n<\/blockquote>\n

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notas<\/h3>\n

1. MAIA, \u00c9olo, VASCONCELLOS, Maria Josefina de, PODEST\u00c1, Sylvio E. 3 Arquitetos. Belo Horizonte: Pampulha, 1982.
\n2. ZEIN, Ruth Verde. Um debate sobre o Rio de Janeiro e sua arquitetura. Projeto, S\u00e3o Paulo, n. 46, p. 34, dez. 1982.
\n3. NOGUEIRA, Mauro Neves. A nova arquitetura de Minas Gerais. Anu\u00e1rio de Materiais e Servi\u00e7os Projeto, S\u00e3o Paulo, p. 25, fev. 1984.
\n4. Idem, p. 23.
\n5. Idem, p. 25-26.
\n6. ZEIN, Ruth Verde. Acerca da arquitetura mineira (em muitas fotos e alguns breves discursos). Projeto, S\u00e3o Paulo, n. 81, p. 106, nov. 1985.
\n7. A \u00d3culum<\/em> foi uma iniciativa estudantil capitaneada pelos ent\u00e3o estudantes Ab\u00edlio Guerra, \u00c1lvaro Cunha, Francisco Spadoni, Paulo Roberto Gaia, Renato Sobral Anelli, T\u00e1cito Carvalho, entre outros. Alguns deles se notabilizaram profissionalmente mais tarde.
\n8. ENTREVISTA da Revista \u00d3culum realizada por Jo\u00e3o Paulo Pinheiros, Paulo Roberto Gaia, Francisco Spadoni, Luiz Fernando de Almeida e Renato Anelli com os Arq. \u00c9olo Maia, Sylvio de Podest\u00e1 e Maria J. de Vasconcellos, em Belo Horizonte. \u00d3culum, Campinas, n. 1, p. 4, ago. 1985. Observam-se in\u00fameros problemas de transcri\u00e7\u00e3o e edi\u00e7\u00e3o da entrevista, cujos originais n\u00e3o tenho acesso. Com as devidas cautelas, algumas corre\u00e7\u00f5es foram introduzidas e assim se proceder\u00e1 doravante este ensaio.
\n9. Idem, p. 5.
\n10. Idem, p. 6.
\n11. Idem, p. 8.
\n12. Idem, p. 6.
\n13. Uma sumariza\u00e7\u00e3o recente dos indicadores da p\u00f3s-modernidade pode ser consultada em: ELLIN, Nan. Postmodern urbanism. ed. rev. New York: Princeton Architectural Press, 1999.
\n14. Ver nota 6.
\n15. V\u00c3O LIVRE, Belo Horizonte, n. 20, p. 5, 15 ago. 1981.
\n16. PEREIRA, Marcos da Veiga. \u00c9olo Maia & J\u00f4 Vasconcellos Arquitetos. Rio de Janeiro: Salamandra, 1995, p. 88.
\n17. Idem, p. 104-105.
\n18. Idem, p. 112.
\n19. Conferir nota 5.
\n20. ENTREVISTA da Revista \u00d3culum, op. cit. p. 7.
\n21. NOGUEIRA, Mauro Neves. Criatividade a todo custo? Projeto, S\u00e3o Paulo, n. 165, p. 33, jul. 1993.
\n22. ENTREVISTA da Revista \u00d3culum, op. cit., p. 5.
\n23. Idem, p. 5.
\n24. FATHY, Hassan. Construindo com o povo: arquitetura para os pobres. Rio de Janeiro; S\u00e3o Paulo: Salamandra; Edusp, 1980.
\n25. MAIA, \u00c9olo, VASCONCELLOS, Maria Josefina de, PODEST\u00c1, Sylvio E. 3 Arquitetos op. cit. p. 68-71.
\n26. SCOTT BROWN, Denise. Urban concepts: rise and fall of community. New York: St. Martin\u2019s, 1990.
\n27. ROCHA, Silv\u00e9rio. Se n\u00e3o conhecermos nossa cultura arquitet\u00f4nica, vamos sucumbir no processo de globaliza\u00e7\u00e3o (entrevista com \u00c9olo Maia). Projeto Design, S\u00e3o Paulo, n. 267, maio 2002.
\n28. CRIMP, Douglas. Sobre as ru\u00ednas do museu. S\u00e3o Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 19.
\n29. ROCHA, cit.
\n30. Idem.
\n31. SEGAWA, Hugo. P\u00f3s-mineiridade. Projeto, S\u00e3o Paulo, n. 165, p. 25, jul. 1993.<\/p>\n

Hugo Segawa<\/strong>
\nFormou-se em Arquitetura e Urbanismo (USP, 1979), Mestre (FAU USP 1988), Doutor (FAU USP 1995) e Livre-docente (EESC USP, 2002) em Arquitetura e Urbanismo. \u00c9 professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de S\u00e3o Paulo. Publicou, entre outros livros, Ao Amor do P\u00fablico: Jardins no Brasil (Studio Nobel, 1996), Oswaldo Arthur Bratke (em co-autoria, ProEditores, 1997), Arquiteturas no Brasil 1900-1990 (Edusp, 1998), Prel\u00fadio da Metr\u00f3pole (Ateli\u00ea Editorial, 2000) e Arquitectura Contempor\u00e1nea Latinoamericana (Gustavo Gili, 2005).
\ncontato: <\/strong>segawahg@usp.br<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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