{"id":445,"date":"2007-11-30T20:56:49","date_gmt":"2007-11-30T22:56:49","guid":{"rendered":"http:\/\/puntoni.28ers.com\/?p=445"},"modified":"2009-02-04T05:39:40","modified_gmt":"2009-02-04T07:39:40","slug":"mdc-4-editorial","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/puntoni.28ers.com\/2007\/11\/30\/mdc-4-editorial\/","title":{"rendered":"MDC 4 – Editorial"},"content":{"rendered":"

\"mdc<\/a><\/p>\n

COMPLEXIDADE E CONTRADI\u00c7\u00c3O
\nNA ARQUITETURA CONTEMPOR\u00c2NEA<\/h2>\n


\nAno II . N.4 . nov.2007 . ISSN – 1809-4643<\/span><\/p>\n

[Ler o artigo em PDF]<\/a><\/strong><\/p>\n

<\/p>\n

Editorial<\/h5>\n

\n

H\u00e1 quarenta anos, Robert Venturi publicava o influente livro Complexidade e contradi\u00e7\u00e3o em arquitetura<\/em>. Nele, o arquiteto clamava por uma arquitetura de inclus\u00e3o, do isto e aquilo, por uma arquitetura que tivesse por balizamento conceitual as mais cotidianas necessidades humanas, norteadas por valores pl\u00e1sticos provenientes de obras historicamente consagradas. Esta atitude inclusiva e formalista tinha seus precedentes na Arquitetura Moderna mais pr\u00f3xima. O pr\u00f3prio Venturi, em seu texto, assumia sua filia\u00e7\u00e3o a figuras como Alvar Aalto e Le Corbusier. E n\u00e3o \u00e9 por acaso que a t\u00e9cnica baseada no lirismo deste \u00faltimo tenha encontrado seus ecos no Brasil. De fato a Arquitetura Moderna Brasileira caracterizou-se justo pelo abrandamento e pela livre manipula\u00e7\u00e3o amaneirada dos princ\u00edpios da Arquitetura Moderna europ\u00e9ia. O tema desta edi\u00e7\u00e3o foi escolhido de modo a resgatar no cen\u00e1rio atual os valores daquelas reflex\u00f5es.
\nSe a revista mineira Pampulha constituiu um marco na reverbera\u00e7\u00e3o do pensamento de Venturi no Brasil, ela a uma vez tamb\u00e9m sinalizava uma ruptura e uma clara filia\u00e7\u00e3o \u00e0 Arquitetura Moderna Brasileira. Ainda na d\u00e9cada de 1980, aquele cen\u00e1rio diversificado foi delineado por te\u00f3ricos como Sylvia Ficher e Hugo Segawa, cujas reflex\u00f5es atuais sobre aquele per\u00edodo buscamos trazer neste n\u00famero da revista. Contrapondo de modo contempor\u00e2neo o car\u00e1ter inevitavelmente apolog\u00e9tico que este tipo de resgate conota, trouxemos tamb\u00e9m a reflex\u00e3o contempor\u00e2nea de Rog\u00e9rio Andrade, ampliando o conceito de ecletismo para al\u00e9m do decor a que ele \u00e9 usualmente associado.
\nDo mesmo modo, buscamos trazer \u00e0 tona a produ\u00e7\u00e3o recente de alguns protagonistas emergidos do discurso dito p\u00f3smoderno de vinte anos atr\u00e1s, como Jos\u00e9 Eduardo Ferolla, J\u00f4 Vasconcellos, \u00c9olo Maia e Sylvio de Podest\u00e1. Enquanto o programa e o local do Grand \u00c6gyptian Museum praticamente induziam \u00e0 ado\u00e7\u00e3o de valores historicistas banidos do vocabul\u00e1rio moderno \u2013 como simetria e centralidade \u2013 a manipula\u00e7\u00e3o de materiais e a rela\u00e7\u00e3o com o entorno imediato somam a apropria\u00e7\u00e3o de um gosto formal intencionalmente desarm\u00f4nico pr\u00f3prio da d\u00e9cada de 1990. Esta desarmonia \u00e9 a t\u00f4nica do Restaurante Allegro, em Ouro Preto, cujo tom da argumenta\u00e7\u00e3o prescinde dos grandes discursos estruturalistas para agenciar valores prosaicos envolvidos na obra.
\nO prosa\u00edsmo, o atendimento a demandas espec\u00edficas da obra por meio de materiais e t\u00e9cnicas simples e quase vern\u00e1culas, parece ser um fio condutor entre as tradi\u00e7\u00f5es modernas e as arquiteturas que representaram supera\u00e7\u00e3o de sua hegemonia. \u00c9 esta atitude que buscamos ressaltar com a publica\u00e7\u00e3o do Espa\u00e7o L\u00fadico brasiliense e da casa Abu&Font, em Assun\u00e7\u00e3o.
\nDeparamo-nos hoje em nosso pa\u00eds com a recupera\u00e7\u00e3o do l\u00e9xico moderno no que este tinha de mais redutor, excludente e simplista. Grande parte do chamado minimalismo dos anos noventa trouxe consigo a redu\u00e7\u00e3o afetada de elementos, a solene desconsidera\u00e7\u00e3o dos contextos sociais e locais, a pureza visual conseguida a altos custos construtivos. Um aparente abandono completo do pensamento inclusivo da d\u00e9cada anterior.
\nAcreditamos que \u00e9 poss\u00edvel, com o panorama aqui apresentado, o planteamento consistente de alternativas \u00e0 hegemonia fundamentalista que ronda o nosso meio. Se a diversidade de vis\u00f5es e aportes culturais \u00e9 uma condi\u00e7\u00e3o de nosso tempo, \u00e9 atrav\u00e9s do di\u00e1logo que ser\u00e1 poss\u00edvel a constru\u00e7\u00e3o de uma cultura arquitet\u00f4nica efetiva.<\/p>\n

Danilo Matoso<\/p>\n

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