{"id":6496,"date":"2011-07-19T01:15:08","date_gmt":"2011-07-19T04:15:08","guid":{"rendered":"http:\/\/puntoni.28ers.com\/?p=6496"},"modified":"2011-07-19T02:10:43","modified_gmt":"2011-07-19T05:10:43","slug":"arquitetura-brasil-500-anos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/puntoni.28ers.com\/2011\/07\/19\/arquitetura-brasil-500-anos\/","title":{"rendered":"Arquitetura Brasil 500 Anos"},"content":{"rendered":"

\"\"<\/a><\/p>\n

Roberto Montezuma<\/p>\n

<\/a>
\n\"\"\"\"<\/p>\n

O livro \u2013 em dois volumes – que motiva este documento foi idealizado para representar o alto n\u00edvel de investiga\u00e7\u00e3o, pesquisa e cria\u00e7\u00e3o da produ\u00e7\u00e3o brasileira de arquitetura, seja na exposi\u00e7\u00e3o de suas obras seja na explana\u00e7\u00e3o dos pesquisadores brasileiros a esse respeito, referente ao quinto centen\u00e1rio de surgimento do Brasil.<\/p>\n

A obra faz um levantamento panor\u00e2mico da produ\u00e7\u00e3o significativa da arquitetura brasileira e, mesmo em face dos desafios enfrentados, n\u00e3o parece exagero dizer que ela se transformou em um importante documento da historiografia sobre a arquitetura brasileira do Pa\u00eds. Estruturada em nove m\u00f3dulos tem\u00e1ticos (Ind\u00edgena, Linguagem Cl\u00e1ssica, Arquitetura Moderna<\/em> e Bras\u00edlia<\/em> \u2013 Volume 1; Popular, Anos 60-70, Anos 80, Anos 90<\/em> e Desenhando o futuro<\/em> \u2013 Volume 2) cada m\u00f3dulo foi entregue a um pesquisador convidado. Todavia, a metodologia que a divis\u00e3o dos m\u00f3dulos apresenta \u00e9 de nossa inteira responsabilidade, ao compreender a arquitetura como fato complexo, cuja ess\u00eancia est\u00e1 no sentido que tece as m\u00faltiplas tramas ou partes que constituem um lugar constru\u00eddo.<\/p>\n

A meta n\u00e3o foi apenas rever o passado, mas encontrar, prioritariamente, refer\u00eancias importantes para pensar um futuro que em parte nasce das possibilidades que oferecem o nosso patrim\u00f4nio constru\u00eddo de ser mat\u00e9ria palp\u00e1vel e s\u00edmbolo. Nesse sentido, o recorte que fizemos certamente \u00e9 uma redu\u00e7\u00e3o da realidade de cinco s\u00e9culos, mas que permite aflorar fios de espessuras e tramas de tal modo variadas que desafiam esse universo pleno de possibilidades exploradas e ainda por explorar.<\/p>\n

Neste contexto, o Volume 1 abre com um cap\u00edtulo sobre Arquitetura Ind\u00edgena, de autoria do prof. Jorge Derenji, <\/strong>que apresenta um acervo de informa\u00e7\u00f5es e de tipos construtivos, de modos de construir, edificar e de se apropriar do espa\u00e7o f\u00edsico, por parte das sociedades ind\u00edgenas brasileiras. Documenta aspectos intocados do ambiente constru\u00eddo ind\u00edgena, registra as mudan\u00e7as que v\u00eam ocorrendo, tendo como maior fator a miscigena\u00e7\u00e3o de ra\u00e7as e costumes, para apresentar uma preocupa\u00e7\u00e3o preservacionista daquele acervo que aos poucos vai se dissolvendo. Se a arquitetura ind\u00edgena \u00e9 feita para durar menos do que a vida de seus autores, o modo de construir permaneceu e chegou a atualidade, \u00e0 despeito das fragilidades da arquitetura e da manuten\u00e7\u00e3o das culturas desses primeiros povos do pa\u00eds.<\/p>\n

O per\u00edodo hist\u00f3rico que expressa a linguagem cl\u00e1ssica da arquitetura brasileira \u00e9 abordado pelo prof. Geraldo Gomes da Silva, no cap\u00edtulo 2. Segundo o autor, \u201ctodas as linguagens arquitet\u00f4nicas, salvo raros exemplares do neo-g\u00f3tico e do neo-rom\u00e2nico, nesses quatro s\u00e9culos, podem ser entendidas como variantes da linguagem cl\u00e1ssica\u201d [1]<\/a>. Numa abordagem original, mostra como esses s\u00e9culos s\u00e3o normalmente estudados de forma compartimentada sem que sejam confrontadas com as linguagens classicizantes ecl\u00e9ticas que antecederam o per\u00edodo denominado modernista.\u00a0 Relata os v\u00e1rios tipos arquitet\u00f4nicos que fizeram parte da hist\u00f3ria da arquitetura brasileira desde o s\u00e9culo XVI at\u00e9 aqueles que prenunciam o modernismo.<\/p>\n

O modernismo, por sua vez, \u00e9 apresentado pelo prof. Carlos Comas, que exp\u00f5e uma vis\u00e3o do movimento moderno desde sua incuba\u00e7\u00e3o \u00e0 fase que ele denomina de muta\u00e7\u00e3o, justificando com este nome, seu ponto de vista de que \u201cpara o bem e para o mal, a unidade est\u00e1 perdida e \u00e9 sem volta.\u201d[2]<\/a> Para tanto, percorre obras emblem\u00e1ticas tais como o pr\u00e9dio do Minist\u00e9rio da Educa\u00e7\u00e3o e Sa\u00fade, no Rio de Janeiro.<\/p>\n

O quarto cap\u00edtulo que encerra volume 1 o com o tema Bras\u00edlia, \u00e9 de autoria de Maria Elisa Costa. Seu texto aponta em Bras\u00edlia as qualidades que a aproxima de uma cidade igual a qualquer outra do Brasil, um depoimento \u00fanico e pessoal sobre a cidade s\u00edmbolo das id\u00e9ias modernistas no mundo, mostrando como Lucio Costa soube se apropriar da hist\u00f3ria urban\u00edstica brasileira e super\u00e1-la sem neg\u00e1-la.<\/p>\n

O Volume 2 sintetiza a produ\u00e7\u00e3o contempor\u00e2nea brasileira em dois tipos de cap\u00edtulo: tem\u00e1ticos e cronol\u00f3gicos. Arquitetura popular e desenhando o futuro (respectivamente 1 e 5)\u00a0 s\u00e3o os cap\u00edtulos tem\u00e1ticos, e os cap\u00edtulos cronol\u00f3gicos versam respectivamente sobre as d\u00e9cadas de 60 e 70; sobre a d\u00e9cada de 80 e sobre a d\u00e9cada de 90.<\/p>\n

No cap\u00edtulo 1 do Volume 2 – Arquitetura Popular – <\/em>escrito pelos professores Maria de Jesus de Britto Leite e Nabil Bonduki, a arquitetura popular \u00e9 analisada sob dois pontos de vista, aquele da arquitetura feita pelo povo<\/em> e aquele da arquitetura feita para o povo<\/em>. O primeiro ponto de vista, desenvolvido por Maria de Jesus, \u201cregistra a arquitetura feita pelos populares para seu pr\u00f3prio uso e mostra um acervo arquitet\u00f4nico que, edificado n\u00e3o apenas para ser abrigo das m\u00faltiplas atividades requeridas pelo homem moderno, tamb\u00e9m cont\u00eam express\u00e3o no campo da est\u00e9tica.\u201d[3]<\/a> O segundo ponto de vista, desenvolvido por Nabil Bonduki, \u201csitua hist\u00f3rica e politicamente as iniciativas e propostas arquitet\u00f4nicas dos conjuntos habitacionais para a classe trabalhadora\u201d[4]<\/a>.O cap\u00edtulo ainda deixa evidente uma dist\u00e2ncia conceitual e projetual entre as duas arquiteturas.<\/p>\n

D\u00e9cadas de 60 e 70<\/em>, escrito por Mauro Neves, <\/strong>apresenta a produ\u00e7\u00e3o de vinte anos de uma arquitetura que, embora marcada pelos \u00eaxitos alcan\u00e7ados pelo modernismo brasileiro, cujo \u00e1pice pode ser estabelecido em Bras\u00edlia, revela as inquieta\u00e7\u00f5es pr\u00f3prias daquelas d\u00e9cadas t\u00e3o complexas. Segundo o autor, foi a produ\u00e7\u00e3o desse per\u00edodo que acabou por apontar caminhos alternativos para al\u00e9m do modernismo cujos resultados testemunhamos num passado t\u00e3o recente e procuramos compreender at\u00e9 os dias de hoje.<\/p>\n

D\u00e9cada de 80<\/em>, escrito por Marcelo Suzuki, <\/strong>\u00e9 um cap\u00edtulo que afirma a posi\u00e7\u00e3o pessoal do autor de n\u00e3o caracterizar o per\u00edodo pelas obras que, para outros, foram importantes no processo de revis\u00e3o do modernismo. Suzuki identifica uma \u201cdispers\u00e3o\u201d nos anos de 1980 que teria resultado de uma \u201cdesarticula\u00e7\u00e3o\u201d acontecida no in\u00edcio dos anos de 1990.<\/p>\n

D\u00e9cada de 90<\/em>, escrito por Roberto Montezuma, baseia sua an\u00e1lise na qualidade espacial das obras, para al\u00e9m da forma. O autor, superando a distin\u00e7\u00e3o entre espa\u00e7os interiores e exteriores, relaciona o micro espa\u00e7o da unidade residencial ao macro espa\u00e7o da cidade e do territ\u00f3rio, abrindo a discuss\u00e3o para o cap\u00edtulo Desenhando o Futuro<\/em>, cujo autor, Pedro Sales, discorre sobre os projetos para as cidades e do territ\u00f3rio brasileiro e apresenta as linhas de pesquisa e atua\u00e7\u00e3o arquitet\u00f4nica e urban\u00edstica que se mostram como vetores de mudan\u00e7a positiva<\/em>, ou seja, que apontam de forma coerente e inovadora para o porvir.<\/p>\n

Em seu livro O Brilho da Simplicidade<\/em>, Glauco Campello identifica um \u201ceixo constante e unificador\u201d da produ\u00e7\u00e3o arquitet\u00f4nica brasileira, cujos atributos \u201cparecem ter sido, desde sempre, a singeleza, a concis\u00e3o e a clareza\u201d[5]<\/a> da produ\u00e7\u00e3o brasileira, e uma das perguntas que este livro pode fazer \u00e9 se esses atributos se restringem \u00e0 arquitetura religiosa do Brasil Col\u00f4nia ou se eles tamb\u00e9m n\u00e3o se fazem presentes na arquitetura contempor\u00e2nea.<\/p>\n

Se o livro \u00e9 por natureza um agente multiplicador de conhecimento, neste caso do conhecimento de arquitetura e de arquitetos, importa reafirmar que o livro do qual tratamos aqui quer ultrapassar o deleite est\u00e9tico e o conhecimento proporcionados, ao mesmo tempo em que os ressalta. A pretens\u00e3o \u00e9 motivar discuss\u00f5es, sensibilizar o esp\u00edrito critico intra-gera\u00e7\u00f5es em t\u00e9cnicos e criadores, entendendo que o exerc\u00edcio da cr\u00edtica deve ser motivado nas inst\u00e2ncias do projeto, do canteiro de obras, da viv\u00eancia dos ambientes, sob o entendimento de que \u00e9 o valor de arquitetura que motiva esse incontest\u00e1vel significado social do nosso patrim\u00f4nio arquitet\u00f4nico e urban\u00edstico sobre o qual devem continuar a se debru\u00e7ar teoria e pr\u00e1tica.<\/p>\n

\u00c9 preciso registrar que entre o primeiro volume e o segundo decorreram quase dez anos e que, embora esse tempo t\u00e3o longo expresse a dificuldade em concretizar tamanho empreendimento, por outro lado, esse tempo de sedimenta\u00e7\u00e3o e de matura\u00e7\u00e3o permitiu a clareza de que trilh\u00e1vamos um caminho importante e que devia ser percorrido integralmente. Nesse \u00ednterim, inclusive, como demonstra\u00e7\u00e3o dessa maturidade, tamb\u00e9m foi criado o Instituto ArqBr, que tem o prop\u00f3sito de dar continuidade ao trabalho da equipe que assumiu essa tarefa \u00e1rdua mas prazerosa.<\/p>\n

Os dois volumes se completam: enquanto o conte\u00fado de Arquitetura Brasil<\/em> Volume 1 tem predomin\u00e2ncia\u00a0 retrospectiva, o Volume 2 \u00e9 a um tempo retrospectivo e prospectivo.\u00a0 A id\u00e9ia central da obra pode ser sintetizada pela associa\u00e7\u00e3o a uma colheita de frutos cujas sementes frutificam.\u00a0 Evidente, um trabalho composto de reda\u00e7\u00f5es de diversos autores que naturalmente tiveram a liberdade de conduzir, a seu modo, as id\u00e9ias pesquisadas, tem linguagem heterog\u00eanea, como heterog\u00eanea \u00e9 a pr\u00f3pria express\u00e3o da arquitetura nesses cinco s\u00e9culos. Mas tamb\u00e9m esse \u00e9 um dos m\u00e9ritos desta obra: reafirma valores, apresenta, na fonte, as inquieta\u00e7\u00f5es dos temas pesquisados, ao inv\u00e9s de ser interpreta\u00e7\u00e3o individual de um universo tamanho. A perspectiva que perseguimos \u00e9 a de que essa obra contribua para aprimorar a arquitetura, a cr\u00edtica arquitet\u00f4nica e as rela\u00e7\u00f5es entre as duas inst\u00e2ncias, que seja um dos ve\u00edculos que expressem o desafio da realiza\u00e7\u00e3o das pr\u00f3ximas obras, da supera\u00e7\u00e3o de dificuldades e revis\u00e3o de conte\u00fados.<\/p>\n

Em um cap\u00edtulo de fechamento do volume 1, o professor Edson Mafhuz fala da oportunidade de publica\u00e7\u00f5es como esta, justamente por se propor a apresentar um panorama da arquitetura brasileira, fato que permite compara\u00e7\u00f5es imediatas com as produ\u00e7\u00f5es diversas relativamente a tipos e tempos. Em sua \u00f3tica, inclusive, ele diz que o livro evidencia a boa qualidade da obra arquitet\u00f4nica brasileira, em detrimento da atual: \u201cA partir da inaugura\u00e7\u00e3o de Bras\u00edlia, percebe-se a decad\u00eancia gradual dos valores que possibilitam uma arquitetura de tal qualidade, que foi aclamada no exterior, ombreando-se com o que de melhor foi realizado em todo o mundo naquela \u00e9poca\u201d [6]<\/a><\/p>\n

Vale ressaltar que os dois volumes apresentam um panorama que apresenta desde a plasticidade dos tipos arquitet\u00f4nicos at\u00e9 \u00e0 tect\u00f4nica que as arquiteturas expressam \u2013 a trama estrutural que \u00e9 ao mesmo tempo formal da arquitetura ind\u00edgena; da estrutura apenas aparentemente simples, mas certamente s\u00e1bia dos telhados de casas e f\u00e1bricas dos engenhos de a\u00e7\u00facar;\u00a0 das cobertas dos p\u00e1tios dos conventos, das igrejas barrocas mineiras, sem as quais as formas curvas seriam menos evidentes; da ousadia estrutural que tamb\u00e9m \u00e9 forma expressa em Bras\u00edlia.<\/p>\n

Mas tamb\u00e9m entendemos que esse panorama ainda reside nas perguntas feitas pelos pr\u00f3prios\u00a0 pesquisadores nos cap\u00edtulos dos dois volumes e que s\u00e3o mat\u00e9ria para outras tantas pesquisas seja no campo da teoria seja no campo da pr\u00e1tica. S\u00e3o muitas as perguntas que provocam esse desafio que todos os dias enfrentam arquitetos, arquitetura e cidade contempor\u00e2neas, a come\u00e7ar pela que nos deixa o cap\u00edtulo escrito por Derenji sobre a arquitetura ind\u00edgena. O cap\u00edtulo \u00e9 revelador do problema que deve ser abra\u00e7ado pelos pensadores de diversas disciplinas, inclu\u00edda a arquitetura, na import\u00e2ncia que esse modo de fazer pode contribuir para a contemporaneidade e sobre as formas que o pensamento preservacionista pode encontrar para preservar sem impedir que as pessoas acedam a qualidades reconhec\u00edveis da vida moderna, sem que se perca o valor de uma cultura determinada.<\/p>\n

Seguem as perguntas deixadas, a quest\u00e3o da busca por uma arquitetura que resolva o d\u00e9ficit habitacional do pa\u00eds, mas que enfim venha a ser aquela que para al\u00e9m de garantir o abrigo, resulte em espa\u00e7os privados e p\u00fablicos que respeitem os h\u00e1bitos, que reflita nesse caso como em v\u00e1rios outros, sobre a tend\u00eancia de submiss\u00e3o a uma est\u00e9tica massificada que se distancia dos valores dos lugares; a quest\u00e3o da rela\u00e7\u00e3o insepar\u00e1vel e ainda distante da pr\u00e1tica contempor\u00e2nea, da indissociabilidade entre espa\u00e7o e forma, entre espa\u00e7o interior e exterior como express\u00e3o da totalidade arquitet\u00f4nica, questionamento encontrado praticamente em todos os cap\u00edtulos do Volume 2.<\/p>\n

Finalmente, vale registrar a pergunta que deixa Miguel Pereira, um dos apresentadores da obra (em sintonia com o ultimo texto do mesmo volume, escrito por Mahfuz, ambos preocupados com a depend\u00eancia contempor\u00e2nea relativa ao que se produz no exterior), ao lembrar o velho mestre Roberto Schwarz:\u201c(…) a cada gera\u00e7\u00e3o a vida intelectual no Brasil parece recome\u00e7ar do zero. O apetite pela produ\u00e7\u00e3o recente dos pa\u00edses avan\u00e7ados muitas vezes tem como avesso o desinteresse pelo trabalho da gera\u00e7\u00e3o anterior e a conseq\u00fcente descontinuidade da reflex\u00e3o\u201d[7]<\/a>.<\/p>\n

A primeira e a \u00faltima pergunta se somam \u00e0 pergunta do meio que tamb\u00e9m faz Carlos Comas no mesmo volume 1 s\u00e3o na verdade uma s\u00f3: porque \u00e9 t\u00e3o ex\u00edguo o trabalho de refletir, rever\u00a0 e aprender com o que foi feito no Brasil desde o per\u00edodo de Col\u00f4nia, at\u00e9 os \u00e1ureos anos modernistas?<\/p>\n

Entendemos que os trabalhos que comp\u00f5em estes dois volumes s\u00e3o, de fato, uma rever\u00eancia aos pioneiros da arquitetura do Brasil como um produto cultural, com suas bases hist\u00f3ricas, te\u00f3ricas, criticas, filos\u00f3ficas.<\/p>\n

Entendemos que os questionamentos que o livro provoca desde os seus pr\u00f3prios cap\u00edtulos, por si s\u00f3 anima os seus organizadores a acreditar que empreenderam um trabalho que n\u00e3o se reduz a ser uma amostra dos tipos arquitet\u00f4nicos que se pode reconhecer nos quinhentos anos hist\u00f3ria da arquitetura brasileira. Mas tamb\u00e9m pretende ser uma reflex\u00e3o sobre a arquitetura em suas qualidades tect\u00f4nicas, formais, funcionais; em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s possibilidades de continuarmos fazendo uma arquitetura e uma cidade que dignifique o brasileiro. Nesse sentido, o p\u00f3sf\u00e1cio do livro, escrito pelo arquiteto Francisco Carneiro da Cunha \u00e9 revelador dessa \u201cquer\u00eancia\u201d:<\/p>\n

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Os dois volumes da obra Arquitetura Brasil<\/em>, lan\u00e7ados no intervalo de seis anos, e que consumiu quase uma d\u00e9cada de trabalho, intenta um estudo retrospectivo da arquitetura brasileira que at\u00e9 recua para um per\u00edodo anterior ao in\u00edcio dos 500 anos de hist\u00f3ria oficial e ainda preocupa-se com proje\u00e7\u00f5es em dire\u00e7\u00e3o ao futuro. Tudo isso, justamente, na esperan\u00e7a de servir de refer\u00eancia e subs\u00eddio a essa necess\u00e1ria retomada reflexiva da produ\u00e7\u00e3o de uma arquitetura que volte a ser protagonista do desenvolvimento nacional.<\/p>\n

Se conseguiu ou n\u00e3o alcan\u00e7ar este objetivo, cabe s\u00f3 ao leitor julgar. O importante \u00e9 que tentou e deixa a sua contribui\u00e7\u00e3o registrada. E essa tentativa \u00e9, sem d\u00favidas, seu maior patrim\u00f4nio.[8]<\/a><\/p>\n<\/blockquote>\n


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notas<\/h3>\n

[1]<\/a> Gomes, Geraldo. Linguagem Cl\u00e1ssica<\/em>, v.1, p.68.<\/p>\n

[2]<\/a> Comas, Carlos Eduardo. Moderna (1930 a 1960)<\/em>, v.1, p.237.<\/p>\n

[3]<\/a> Leite, Maria de Jesus de Britto e Nabil Bonduki. Popular<\/em>, v.2,\u00a0 p.35.<\/p>\n

[4]<\/a> Leite, Maria de Jesus de Britto e Nabil Bonduki. Popular<\/em>, v.2, p.38.<\/p>\n

[5]<\/a> Campello, Glauco. O brilho da simplicidade : <\/em>dois estudos sobre arquitetura religiosa no Brasil Colonial. Rio de Janeiro : Casa da Palavra, Departamento Nacional do Livro, 2001. p.22.<\/p>\n

[6]<\/a> Mahfuz, Edson da Cunha. A vig\u00eancia da concep\u00e7\u00e3o moderna<\/em>, v.1. p.302.<\/p>\n

[7]<\/a> Pereira, Miguel. Apresenta\u00e7\u00f5es<\/em>, v.1.<\/p>\n

[8]<\/a> Cunha, Francisco Carneiro da. Posf\u00e1cio, v.2, p.341.<\/p>\n


\n

textos constantes na obra<\/h3>\n

volume 1<\/h4>\n

Montezuma<\/strong>, Roberto (org.). Arquitetura Brasil 500 anos <\/em>: uma inven\u00e7\u00e3o rec\u00edproca = Architecture Brazil 500 years <\/em>: a reciprocal invention. Recife : Universidade Federal de Pernambuco, 2002. 328p. (Arq BR, 1)<\/p>\n

1.
\nInd\u00edgenas \/ Indigenous<\/em>
\nJorge Derenji<\/p>\n

2.
\nLinguagem Cl\u00e1ssica \/ Classicalism<\/em>
\nGeraldo Gomes<\/p>\n

3.
\nModerna (1930 a 1960) \/ Modern (1930 to 1960)<\/em>
\nCarlos Eduardo Comas<\/p>\n

4.
\nBras\u00edlia \/ Brasilia<\/em>
\nMaria Elisa Costa<\/p>\n

5.
\nContinuando o Debate \/ Continuing the Debate<\/em>
\nEdson da Cunha Mahfuz<\/p>\n

volume 2<\/h4>\n

Montezuma<\/strong>, Roberto (org.). Arquitetura Brasil 500 anos <\/em>: o espa\u00e7o integrador = Architecture Brazil 500 years <\/em>: integrating space. Recife : Universidade Federal de Pernambuco, 2002. 328p. (Arq BR, 2)<\/p>\n

1.
\nPopular \/ Popular<\/em>
\nMaria de Jesus Britto Leite e Nabil Bonduki<\/p>\n

2.
\nD\u00e9cadas de 1960 e 1970 \/ The 60s and 70s<\/em>
\nMauro Neves Nogueira<\/p>\n

3.
\nD\u00e9cada de 1980 \/ The 80s<\/em>
\nMarcelo Suzuki<\/p>\n

4.
\nD\u00e9cada de 1990 \/ The 90s<\/em>
\nRoberto Montezuma<\/p>\n

5.
\nDesenhando o Futuro \/ Designing the Future<\/em>
\nPedro Sales<\/p>\n

6.
\nPosf\u00e1cio \/ Postface<\/em>
\nFrancisco Carneiro da Cunha<\/p>\n


\n

Roberto Montezuma<\/strong>
\nArquiteto e professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPE.<\/p>\n


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Colabora\u00e7\u00e3o editorial: Luciana Jobim<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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