{"id":7991,"date":"2012-12-07T02:02:22","date_gmt":"2012-12-07T05:02:22","guid":{"rendered":"http:\/\/puntoni.28ers.com\/?p=7991"},"modified":"2012-12-20T23:59:32","modified_gmt":"2012-12-21T02:59:32","slug":"oscar-niemeyer-r-i-p","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/puntoni.28ers.com\/2012\/12\/07\/oscar-niemeyer-r-i-p\/","title":{"rendered":"Oscar Niemeyer, R.I.P."},"content":{"rendered":"
<\/a><\/p>\n William J. R. Curtis<\/p>\n <\/a><\/p>\n <\/a><\/p>\n Dizer que Oscar Niemeyer era uma lenda viva \u00e9 pouco. Sua vida abarcou mais de um s\u00e9culo da hist\u00f3ria universal, e sua carreira levou-o a circular entre o “terceiro mundo” e as na\u00e7\u00f5es industriais mais avan\u00e7adas. Niemeyer deixa-nos aproximadamente seiscentas obras em lugares t\u00e3o distantes entre si como o Rio de Janeiro e a Arg\u00e9lia, Pampulha e Paris. Muitas delas s\u00e3o obras-primas, como o Cassino da Pampulha (1943) ou a Casa de Canoas (1952), que combinavam o rigor da estrutura moderna, com a fluidez do espa\u00e7o e da forma, e a sensibilidade para com a natureza. Niemeyer pertenceu ao que \u00e0s vezes \u00e9 chamado de “segunda gera\u00e7\u00e3o” de arquitetos modernos: ele herdou e transformou as descobertas de pioneiros como Le Corbusier e Mies van der Rohe, de modo a lidar com a realidade da s\u00fabita moderniza\u00e7\u00e3o do Brasil. Trabalhou juntamente com Lucio Costa e Le Corbusier no projeto para o Minist\u00e9rio da Educa\u00e7\u00e3o no Rio de Janeiro em 1936, um dos primeiros arranha-c\u00e9us a ser equipado com venezianas de prote\u00e7\u00e3o solar, e um edif\u00edcio de fei\u00e7\u00e3o t\u00e3o nova hoje quanto no dia em que foi constru\u00eddo. Desenvolveu ent\u00e3o uma arquitetura que funcionava bem em todas as escalas, da resid\u00eancia individual ao conjunto monumental.\u00a0 Lidava com quest\u00f5es de monumentalidade e de representa\u00e7\u00e3o estatal com bastante eleg\u00e2ncia, como atestam o Pal\u00e1cio da Alvorada e suas demais contribui\u00e7\u00f5es \u00e0 nova capital, Bras\u00edlia, projetadas nas d\u00e9cadas de 50 e 60 no Plano de Lucio Costa.<\/p>\n Apesar de seu vi\u00e9s moderno e progressista, a arquitetura de Niemeyer incorporou li\u00e7\u00f5es do passado e da natureza. Seus perfis biom\u00f3rficos foram inspirados tanto por Picasso e Arp quanto pela heran\u00e7a barroca brasileira. Ele desenvolveu um estilo que abstra\u00eda as formas de rios sinuosos, os contornos da paisagem tropical, e a figura feminina. Sua arquitetura combinava curvas sensuais, a riqueza material e o movimento atrav\u00e9s de camadas espaciais. Seus edif\u00edcios assemelham-se a filtros atrav\u00e9s dos quais o ar passa, mas o calor e a luz em excesso s\u00e3o exclu\u00eddos por telas. Na “utopia” de Niemeyer, o homem deveria atingir a harmonia com a natureza por meio da libera\u00e7\u00e3o do espa\u00e7o e do uso da nova tecnologia \u2013 um posicionamento que expressava quase inconscientemente os mitos nacionais brasileiros de progresso e identidade. Niemeyer foi tudo menos ideologicamente coerente: um comunista que fez casas para os ricos, uma catedral, habita\u00e7\u00e3o social, e numerosos edif\u00edcios para a burocracia estatal. Os mundos para que ele construiu j\u00e1 se foram, mas seus edif\u00edcios permanecem, com toda sua intrigante riqueza. Por vezes, pr\u00f3ximo do fim, ele caiu no formalismo vazio e na auto-caricatura. Mas sua vasta obra inclui numerosos exemplos de sua fecunda imagina\u00e7\u00e3o espacial e sua habilidade em resolver obras em todas as escalas. \u00c9 como um livro aberto de li\u00e7\u00f5es arquitet\u00f4nicas e princ\u00edpios. Mais que um conjunto de edif\u00edcios, Niemeyer deixa atr\u00e1s de si um universo criativo capaz de influenciar os demais por muito tempo ainda.<\/p>\n Texto originalmente publicado no dia 7 de dezembro e posteriormente incorporado \u00e0 s\u00e9rie Oscar Niemeyer 1907-2012<\/a>.<\/em><\/p>\n
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