{"id":8230,"date":"2012-12-20T22:13:56","date_gmt":"2012-12-21T01:13:56","guid":{"rendered":"http:\/\/puntoni.28ers.com\/?p=8230"},"modified":"2013-01-05T00:12:45","modified_gmt":"2013-01-05T03:12:45","slug":"oscar-niemeyer-em-belo-horizonte-muito-ainda-que-ser-dito","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/puntoni.28ers.com\/2012\/12\/20\/oscar-niemeyer-em-belo-horizonte-muito-ainda-que-ser-dito\/","title":{"rendered":"Oscar Niemeyer em Belo Horizonte: muito ainda que ser dito"},"content":{"rendered":"
<\/a><\/p>\n Danilo Matoso Macedo<\/p>\n <\/a><\/p>\n <\/a><\/p>\n Parece que tudo j\u00e1 foi dito sobre Oscar Niemeyer \u2013 parafraseando Drummond.<\/p>\n Assim seria se o mestre centen\u00e1rio, como um deus mitol\u00f3gico, n\u00e3o teimasse em assumir forma humana e descer \u00e0 terra das obras monumentais para, com ast\u00facia e poder, subtrair aos arquitetos locais a possibilidade de primazia em suas pr\u00f3prias gera\u00e7\u00f5es. Sua li\u00e7\u00e3o profissional, na verdade, sempre foi a da vitalidade que pulsa na lavra cotidiana dos assuntos do of\u00edcio da arquitetura. Por mais que seu tra\u00e7o leve teime em ocultar o peso dessa maturidade, ela \u00e9 vis\u00edvel nas h\u00e1beis solu\u00e7\u00f5es de planta, na escala humana, na inteligente implanta\u00e7\u00e3o de suas obras em Belo Horizonte.<\/p>\n E sempre h\u00e1 algo mais que ser dito sobre a obra de Oscar Niemeyer.<\/p>\n A capital mineira oferece um ponto de vista privilegiado para uma vis\u00e3o panor\u00e2mica do trabalho do arquiteto. Est\u00e1 pr\u00f3xima do Grande Hotel de Ouro Preto, obra de 1938 fundamental na constitui\u00e7\u00e3o de um dom\u00e9stico, t\u00e1til e multicolorido nativismo moderno, por assim dizer, com uma articula\u00e7\u00e3o de materiais recorrente em sua trajet\u00f3ria profissional de quase oitenta anos. A prof\u00edcua rela\u00e7\u00e3o com Juscelino Kubitschek prefeito se iniciaria em Pampulha, no in\u00edcio da d\u00e9cada de 40, com a casa do estadista, o Cassino<\/em>, a Casa do Baile<\/em>, o Iate Clube<\/em>, o Golfe Clube<\/em> e a Igrejinha<\/em>. Ela amadureceria dez anos depois com Juscelino governador, nos edif\u00edcios da Pra\u00e7a da Liberdade e da Pra\u00e7a Sete de Setembro, e no Col\u00e9gio Estadual Central. Ela chegaria ao \u00e1pice em 1957, evidentemente, nos edif\u00edcios de Bras\u00edlia.<\/p>\n Na Capital Federal, a arquitetura de Oscar Niemeyer atingiria um alto n\u00edvel de concis\u00e3o formal e conceitual, a que ele cada vez mais se afei\u00e7oaria. Se os volumes puros do\u00a0Col\u00e9gio <\/em>Estadual Central<\/em> j\u00e1 prenunciavam esse vi\u00e9s, ele pode ser bem apreciado nos espa\u00e7os abertos encimados por vigas de concreto aparente no Pampulha Iate Clube<\/em> e, mais recentemente, na alvura da Cidade Administrativa<\/em>, talho purista na periferia da cidade que ocupa\u00e7\u00e3o humana agora talvez comece a cicatrizar.<\/p>\n Niemeyer tratou de aquilatar pessoalmente suas realiza\u00e7\u00f5es, \u00e0 frente da revista M\u00f3dulo<\/em>, que circulou \u2013 com um hiato de onze anos \u2013 desde 1955 at\u00e9 o final da d\u00e9cada de 80. Al\u00e9m de seus projetos e de outros arquitetos brasileiros, a revista trouxe \u00e0 tona seu prof\u00edcuo discurso escrito, iniciado com uma vigorosa campanha explicativa simult\u00e2nea \u00e0 constru\u00e7\u00e3o de Bras\u00edlia. Uma energia que infelizmente aos poucos esmaeceu \u2013 ap\u00f3s a M\u00f3dulo<\/em> \u2013 numa cole\u00e7\u00e3o de anedotas e m\u00e1ximas articuladas em textos invariavelmente similares, que em todo caso bem servem para neutralizar o achaque das centenas de admiradores e dos cr\u00edticos. O escrit\u00f3rio de Niemeyer em Copacabana, de fato, parece ser parada obrigat\u00f3ria de toda celebridade do mundo da arquitetura que aporta no Rio de Janeiro, e espalhados nas mesas da sala de recep\u00e7\u00e3o encontram-se diversos livros com obras dos maiores arquitetos do mundo no \u00faltimo s\u00e9culo, sempre com dedicat\u00f3rias de seus autores. Trata-se de um reconhecimento refletido n\u00e3o apenas nos pr\u00eamios internacionais que recebeu, como tamb\u00e9m nas dezenas de trabalhos realizados em diversos pa\u00edses.<\/p>\n A influ\u00eancia de Oscar Niemeyer na arquitetura mundial \u00e9 ainda imensur\u00e1vel. Cabe-nos agora documentar n\u00e3o apenas o rico acervo que o mestre vem deixando, como registrar a not\u00e1vel habilidade de muitos de seus colaboradores, de modo a atenuar o seu ofuscamento pelo brilho de nosso arquiteto maior. Desde Nauro Esteves, respons\u00e1vel pelo desenvolvimento das obras dos anos 50 em Minas Gerais; passando por Milton Ramos, que trabalhou na obra do Pal\u00e1cio do Itamaraty, e depois viria a ser autor do projeto do Aeroporto de Confins; at\u00e9 o pernambucano Glauco Campello, respons\u00e1vel por obras em Bras\u00edlia e na It\u00e1lia. Isso sem esquecer os engenheiros Joaquim Cardozo e Marco Paulo Rabello \u2013 um respons\u00e1vel por grande parte dos c\u00e1lculos estruturais, e outro \u00e0 frente da constru\u00e7\u00e3o de muitas das melhores obras. Estes s\u00e3o apenas alguns entre dezenas de profissionais hoje espalhados pelo mundo e com destacadas carreiras aut\u00f4nomas.<\/p>\n E sempre haver\u00e1 algo mais que ser dito sobre a obra de Oscar Niemeyer.<\/p>\n Bras\u00edlia, abril de 2012 Danilo Matoso Macedo<\/strong> contato<\/strong>: danilo@mgs.arq.br | www.danilo.arq.br<\/a><\/p>\n Veja todas as mat\u00e9rias da s\u00e9rie Oscar Niemeyer 1907-2012.<\/a><\/p>\n
\nTexto publicado originalmente, com pequenas altera\u00e7\u00f5es, na edi\u00e7\u00e3o de maio de 2012 da revista Encontro, de Belo Horizonte<\/em>.
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\nArquiteto e Urbanista (UFMG, 1997), Mestre em Arquitetura e Urbanismo (UFMG, 2002), Especialista em Pol\u00edticas P\u00fablicas e Gest\u00e3o Governamental (ENAP, 2004), editor da revista mdc<\/strong>.<\/p>\n
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