{"id":8269,"date":"2012-12-20T21:47:15","date_gmt":"2012-12-21T00:47:15","guid":{"rendered":"http:\/\/puntoni.28ers.com\/?p=8269"},"modified":"2013-01-05T00:10:50","modified_gmt":"2013-01-05T03:10:50","slug":"oscar-niemeyer-arquitetura-medida-em-seculos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/puntoni.28ers.com\/2012\/12\/20\/oscar-niemeyer-arquitetura-medida-em-seculos\/","title":{"rendered":"Oscar Niemeyer : arquitetura medida em s\u00e9culos"},"content":{"rendered":"
<\/a><\/p>\n Sylvia Ficher<\/p>\n <\/a><\/p>\n Niemeyer, eis um arquiteto cuja obra e influ\u00eancia se estende de um s\u00e9culo a outro. Em termos quantitativos, dif\u00edcil encontrar outro com mais projetos executados em toda a hist\u00f3ria. Em termos de metros quadrados constru\u00eddos, a sua obra \u00e9 incomensur\u00e1vel. Em termos temporais, \u00e9 ele quem \u2013 na companhia de alguns poucos \u2013 determinou a arquitetura mundial nos \u00faltimos setenta anos.<\/p>\n A criatividade demonstrada desde o in\u00edcio da carreira, no Minist\u00e9rio da Educa\u00e7\u00e3o (1936), seguiria em um crescendo, passando pela Pampulha, at\u00e9 as realiza\u00e7\u00f5es para a Bras\u00edlia dos primeiros anos. Do Pal\u00e1cio da Alvorada (1956) ao Instituto Central de Ci\u00eancias da UnB (1962), Niemeyer est\u00e1 no auge da sua inventiva \u2013 para a sorte da jovem cidade.<\/p>\n Mesmo assim, apesar de todo o renome e do forte impacto de seu estilo formalista, Niemeyer tem sido injusti\u00e7ado quando se trata de reconhecer a sua ascend\u00eancia sobre outros profissionais mundo afora. E no entanto, j\u00e1 nos anos quarenta o seu escrit\u00f3rio havia se tornado local de peregrina\u00e7\u00e3o. Por l\u00e1 passavam profissionais de destaque em seus pa\u00edses, como Norman Eaton, autor do Minist\u00e9rio de Transportes da \u00c1frica do Sul (1944), descrito como “o primeiro edif\u00edcio p\u00fablico de orienta\u00e7\u00e3o moderna na \u00c1frica do Sul e tamb\u00e9m o primeiro que foi diretamente influenciado pela nova arquitetura brasileira, devendo muito ao Minist\u00e9rio da Educa\u00e7\u00e3o e Sa\u00fade no Rio de Janeiro.”<\/p>\n Em 1948 foi a vez de Helmut Stauch, quem “…viajou ao Rio de Janeiro com a principal inten\u00e7\u00e3o de conhecer Oscar Niemeyer e ver o seu trabalho… Quando pouco depois, foi encarregado do projeto da sede do Meat Board, em Pret\u00f3ria, a influ\u00eancia de Niemeyer ficou clara.”[1]<\/a><\/p>\n <\/a><\/p>\n O vienense Harry Seidler l\u00e1 estagiou tamb\u00e9m em 1948, mudando-se em seguida para Sydney, onde iria se tornar um dos mais prestigiados profissionais da Austr\u00e1lia. Em suas pr\u00f3prias palavras: “Primeiro, e antes de mais nada, deve vir o meu reconhecimento pela inspira\u00e7\u00e3o e orienta\u00e7\u00e3o que recebi na minha juventude de meus mentores Walter Gropius, Marcel Breuer, Josef Albers e Oscar Niemeyer. Eles me deram a funda\u00e7\u00e3o sobre a qual desenvolvi meus trabalho ao longo dos anos.”[2]<\/a><\/p>\n <\/a><\/p>\n Dos Estados Unidos, veio Morris Lapidus. Conforme relatou: “Eu fui ao Brasil em 1949 e, claro, o homem que eu tinha que ver era Oscar Niemeyer, porque ele era um homem que estava fazendo as coisas do jeito que eu pensava que elas deveriam ser feitas… E tenho certeza de que sua influ\u00eancia muito forte est\u00e1 l\u00e1 no Fontainebleau.”[3]<\/a>. Aten\u00e7\u00e3o, trata-se do c\u00e9lebre Hotel Fontainebleau de Miami, concebido tr\u00eas anos depois.<\/p>\n <\/a><\/p>\n A digital de Niemeyer est\u00e1 impressa at\u00e9 em obras ic\u00f4nicas de Nova York, como o Edif\u00edcio Lever (1951). Primeiro arranha-c\u00e9u da cidade a ter uma fachada toda de vidro, “este espl\u00eandido projeto dos arquitetos da Skidmore, Owens e Merrill… foi pioneiro na forma dos edif\u00edcios de escrit\u00f3rios comerciais… Um volume simples vertical, com aproximadamente a mesma forma do Minist\u00e9rio da Educa\u00e7\u00e3o no Rio.”[4]<\/a>. Sempre em Nova York, veja-se o n\u00e3o menos ic\u00f4nico Lincoln Center (1959-78), de Wallace Harrison. Nada surpreendente a clara refer\u00eancia a Bras\u00edlia, uma vez que Harrison conhecia sua obra de longa data, tendo sido o respons\u00e1vel pela finaliza\u00e7\u00e3o do projeto das Na\u00e7\u00f5es Unidas (1947-53), em cuja concep\u00e7\u00e3o Niemeyer teve papel de relevo.<\/p>\n <\/a><\/p>\n Para lembrar um arquiteto portugu\u00eas, considere-se Pancho Guedes, quem desenvolveu uma obra original\u00edssima em Mo\u00e7ambique. Sobre suas prefer\u00eancias: “…Apesar de admirar o compromisso de Le Corbusier com a pintura e as formas de seus edif\u00edcios, ele n\u00e3o se sentia atra\u00eddo pela est\u00e9tica da m\u00e1quina do estilo internacional<\/em>… Seu temperamento latino respondia mais \u00e0s formas esculturais e expressivas mais livres dos arquitetos brasileiros como Alfonso Reidy e Oscar Niemeyer…”.[5]<\/a><\/p>\n <\/a><\/p>\n Sem falar na releitura de solu\u00e7\u00f5es inequivocamente de Niemeyer por seu pr\u00f3prio mestre Le Corbusier. Assim como Niemeyer costumeiramente “niemeyerizava” Corbusier, este tamb\u00e9m “corbusierizou” Niemeyer. Esta via de m\u00e3o dupla se estabelece j\u00e1 na Unidade de Habita\u00e7\u00e3o de Marselha (1945), alcan\u00e7ando a Maison de la Culture de Firminy (1956) e o Pavilh\u00e3o da Philips na Exposi\u00e7\u00e3o Internacional de Bruxelas (1958).<\/p>\n Arrolando nomes, chega-se at\u00e9 o star system<\/em> dos dias de hoje. Nele, Niemeyer n\u00e3o s\u00f3 preservou sua lideran\u00e7a, como tem seguidores de peso. Zaha Hadid, Frank Gerhy, Santiago Calatrava, Arata Isozaki, Coop Himmelblau, David Libeskind, todos compartilham do seu formalismo, t\u00eam todos um d\u00e9bito est\u00e9tico para com ele.<\/p>\n Bernini ditou o estilo da Roma barroca, deixando sua marca na cidade eterna. Niemeyer n\u00e3o apenas ditou o estilo de Bras\u00edlia, como dita aquele de seu tempo em todo o mundo.<\/p>\n Texto publicado originalmente na edi\u00e7\u00e3o de 7 de dezembro de 2012 do Correio Braziliense<\/em>.<\/p>\n Veja todas as mat\u00e9rias sobre Oscar Niemeyer j\u00e1 publicadas na revista MDC.<\/a><\/p>\n [1]<\/a> http:\/\/upetd.up.ac.za\/thesis\/available\/etd-12092008-085230\/<\/em><\/a><\/p>\n [2]<\/a> http:\/\/seidler.net.au\/?s=office&c=acknowledgements<\/em><\/a><\/p>\n [3]<\/a> J. W. Cook e H. Klotz, Conversations with architects<\/em>, 1973<\/p>\n [4]<\/a> P. Johnson-Marshall, Rebuilding cities<\/em>, 1966<\/p>\n [5]<\/a> http:\/\/www.guedes.info\/abcontfram.htm<\/em><\/a><\/p>\n Sylvia Ficher<\/strong> Veja todas as mat\u00e9rias da s\u00e9rie Oscar Niemeyer 1907-2012.<\/a><\/p>\n
\nnotas<\/h3>\n
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\nDoutora em hist\u00f3ria pela FFLC\/USP, com p\u00f3s-doutorado em sociologia na \u00c9cole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (Paris), e professora da FAU\/UnB. \u00c9 autora de Arquitetura Moderna Brasileira<\/em> (1982), com Marlene Milan Acayaba; GuiArquitetura de Bras\u00edlia <\/em>(2000), com Geraldo Nogueira Batista; Os Arquitetos da Poli <\/em>(2005), agraciado com o Pr\u00eamio Clio, da Academia Paulistana de Hist\u00f3ria; e Guia de obras de Oscar Niemeyer: Bras\u00edlia 50 anos <\/em>(2010), com Andrey Schlee. sficher@unb.br<\/a><\/p>\n
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